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A educação que vale a pena

Aprendendo a aprender: a importância da metacognição na Educação

Pensar sobre o processo de pensar parece filosófico demais, mas é um exercício fundamental para o sucesso das crianças na escola e na vida. A boa noticia é que ele pode, e deve, ser ensinado

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Por Ana Maria Diniz

Os estudantes em geral recorrem frequentemente ao professor na hora de resolver os problemas que encontram em sua frente, pois se sentem inseguros no meio da atividade, desanimam e muitas vezes desistem de aprender.

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Alguns outros, infelizmente a minoria, são o oposto. São estudantes que geralmente tiram as notas mais altas, mostram-se independentes em relação às atividades escolares, mantêm seus espaços e materiais organizados, cumprem prazos e planejam seus estudos. Eles se comportam como se estivessem no comando de seus cérebros: procuram novas soluções quando falham em vez de desistir, têm consciência de seus pontos fortes e fracos e traçam estratégias de estudo baseadas nessa percepção.

Esses alunos fazem, naturalmente, uma atividade que se chama metacognição A palavra meta vem do grego e quer dizer acima de alguma coisa, além. Cognição é sinônimo de pensamento, compreensão, aprendizado. Trata-se do pensar sobre o pensar, o princípio da filosofia para entender o mundo.

Essa atividade tão antiga caiu em desuso no mundo atual - rápido e superficial. Mas ela é fundamental para as crianças e jovens se desenvolverem e terem sucesso em suas carreiras e na vida moderna.

Como escreveu o francês Charles Fadel no livro Educação em quatro dimensões: as competências que os alunos devem ter para atingir o sucesso, publicado no Brasil por iniciativa do Instituto Península e do Instituto Ayrton Senna, a metacognição é a ferramenta de pensamento mais poderosa e a mais importante, pois envolve uma autorreflexão sobre a posição atual da pessoa, metas futuras e ações potenciais para se chegar aos resultados.

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"A principal razão para se desenvolver a metacognição é porque ela pode melhorar a aplicação de conhecimentos, habilidades e qualidades de caráter em situações além do contexto imediato em que foram aprendidos. Isso pode resultar na transferência de competências entre disciplinas - importante para os alunos que estão se preparando para situações da vida real, onde as divisões bem definidas das disciplinas não fazem sentido. A transferência é o objetivo final de toda a Educação, como os alunos são esperados para internalizar o que aprendem na escola e aplicá-lo à vida", explica Fadel.

Em um artigo, Nancy Chick, diretora do Centro de Ensino e Aprendizagem da Universidade Vanderbilt, resumiu os principais benefícios do ensino da metacognição nas escolas:

- O aluno aprende  a usar o conhecimento adquirido em novas ideias, estratégias e projetos. - Melhora o aprendizado em geral. - Permite ao aluno ter consciência das suas forças e fraquezas em todas as áreas de aprendizagem e também fora da sala de aula.

A boa notícia é que a metacognição pode ser ensinada de forma simples e eficaz. A seguir, três maneiras de introduzir o assunto para crianças e jovens na sala de aula e em casa, estimulando-os a serem mais metacognitivos, ou seja, mais conscientes e proprietários do próprio aprendizado:

- Explique o que é metacognição de forma clara, dizendo que é uma habilidade que todos podem conquistar. O uso de metáforas, como "dirigir o próprio cérebro", ajuda os estudantes a entenderem o conceito e a colocá-lo em prática. - Peça aos alunos que descrevam como estão conduzindo seus cérebros, se estão pisando nos freios ou no acelerador e se estão procurando novas rotas ou atalhos. Peça também para que eles falem qual das maneiras de dirigir é mais benéfica e os leva a melhores resultados. - Sempre que possível, deixe que os alunos escolham o que querem ler e sobre quais assuntos eles gostariam de aprender mais. Quando há um interesse genuíno em um tema, é mais fácil manter o interesse e a motivação no aprendizado, assim como traçar estratégias e planejar os estudos.

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Como disse o psicólogo Herbert Gerjuoy, o analfabeto do século 21 não será aquele que não sabe ler e escrever, mas aquele que não sabe aprender, desaprender e reaprender!

 

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