Um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, deixou uma aluna morta e outros três estudantes feridos na manhã desta segunda-feira, 23. A vítima chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. O autor do ataque foi apreendido no local pela polícia e encaminhado para a delegacia. O caso está sob investigação. Este é o nono ataque a escolas do Brasil registrado neste ano.
Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) prestaram auxílio na rede de ensino e encaminharam os feridos para o Pronto-Socorro de Sapopemba. De acordo com a Polícia Militar, um dos feridos atendidos não foi atingido pelos disparos, mas se feriu ao tentar fugir do ataque.
Dos hospitalizados, dois alunos, sendo um com ferimento na mão e um atingido no tórax, já receberam alta médica. Apenas um permanece hospitalizado.
Uma das adolescentes feridas postou em uma rede social que foi atingida por dois tiros, mas tinha bom quadro de saúde no hospital de Sapopemba. “Estou bem, tirando o trauma que vai ficar para o resto da vida. Aceito orações!”
A ocorrência foi registrada por volta das 7h30. Pais dos estudantes e vizinhos também se deslocaram para a unidade, que fica na Rua Senador Nilo Coelho, 690, no Jardim Sapopemba, em busca de informações sobre o ocorrido.
A gestão estadual, em nota, lamentou o caso e se solidarizou com as famílias das vítimas do ataque. “Durante o ataque a tiros, três alunos foram atingidos. Uma aluna morreu e outros três feridos estão sendo atendidos no Hospital Geral de Sapopemba, sendo um deles que se machucou ao tentar fugir durante o ataque”, detalhou o governo estadual.
O agressor foi apreendido na escola e encaminhado ao 70ºDP (Sapopemba), assim como a arma usada por ele no atentado. Ainda não há informações se era ou não aluno da escola. A investigação segue em andamento.
Em coletiva de imprensa, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que o autor do ataque usou uma arma de fogo registrada em nome do pai e efetuou quatro disparos. A vítima não tinha relação com o agressor, tendo sido atingida de forma aleatória.
Mais cedo, por meio das redes sociais, Tarcísio lamentou o “terrível ataque” e disse que a prioridade era apoiar os estudantes, professores e familiares.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, expressou solidariedade pelo caso e disse que o laboratório de crimes cibernéticos foi acionado para auxiliar a Polícia de São Paulo a aprofundar as investigações.
‘Atirou na minha direção, mas a arma falhou’
Uma estudante de 16 anos disse que o agressor atirou em sua direção, mas a arma falhou. “A minha sala era a primeira do corredor. Alguém tentou fechar a porta, mas ele empurrou e entrou atirando. Ele atirou na minha direção, mas a arma falhou. Aí, eu consegui sair correndo. Mas ele atingiu outra pessoa da minha sala”, diz a estudante do 1.º ano do ensino médio.
Outra testemunha, de 17 anos, que também estava dentro da sala, afirma que teve de sair se arrastando pelo chão. Ela afirma ter acompanhado a movimentação do agressor. “Ele estava na sala e saiu. Nós ouvimos um barulho. Pensei que fosse bomba. Aí, ele voltou, atirou no ombro de uma menina e atirou dentro da sala. Como eu estava do outro lado, encostada no chão para carregar o celular, eu saí engatinhando. Eu passei atrás dele”.
A tragédia provocou grande comoção na região do Jardim Sapopemba, onde se localiza a escola. Logo após os disparos, os pais de alunos foram chamados à escola. Alguns foram vistos chorando, sentados na calçada. A comerciante Lidiana Soares, de 45 anos, afirma que saiu correndo ao ver a notícia da tragédia na TV. “Eu moro longe e cheguei desesperada. O celular da minha filha não atendia. Foram vários minutos de angústia até um colega avisar que ela estava na casa de um vizinho.”
Ataque em SP deixou professora morta em março
Em março deste ano, um ataque em uma escola da zona oeste da cidade deixou uma professora morta. Um aluno atacou a facadas os colegas na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, e matou uma professora; outras três professoras ficaram feridas. O estudante foi contido e apreendido na oportunidade.
Neste mês, um adolescente de 14 anos morreu esfaqueado após um ataque a uma escola particular em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais. Outras três pessoas ficaram feridas. O autor do ataque, um ex-aluno da instituição, de 14 anos, foi apreendido.
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NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar detalhes sobre o autor do ataque. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes.
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