Selecionadas pelo Instituto Global Attitude, entre os dias 19 e 23 de julho elas vão discutir questões globais e propor soluções a líderes mundiais que participam do G20.
O Instituto Global Attitude selecionou três mulheres negras brasileiras para o encontro do Youth 20 (Y20) Itália, a ser transmitido online a partir de Milão, entre os dias 19 e 23 de julho. Amanda Costa, Juliana Degani e Lara Martins terão a missão de representar o Brasil nos debates de temáticas internacionais.
O Youth 20 reúne delegados da União Europeia e dos 19 países com as maiores economias do mundo, fazendo com que os jovens discutam questões globais e proponham soluções a líderes mundiais. Os resultados da reunião serão expostos aos líderes do G20 nos dias 30 e 31 de outubro, que levarão em conta a perspectiva da juventude nas discussões. Este ano, os temas do evento serão: inovação, futuro do trabalho e digitalização, inclusão e sustentabilidade, mudança climática e meio ambiente. Diante dos debates sobre inclusão e protagonismo das pessoas negras na sociedade, a presença das três brasileiras certamente vai trazer mais diversidade à cúpula.
"A importância da delegação brasileira 2021 do Y20 Itália ser constituída por três jovens mulheres pretas é imensurável. Historicamente, os espaços de decisão são excludentes com mulheres, pessoas pretas e jovens. Poder ocupar esses espaços possui um caráter representativo extremamente positivo, de mostrar para outras jovens pretas de que é possível estar presente e ser promotora de mudança e alterar a dinâmica própria desses espaços, democratizando-os ", diz Juliana Degani, graduanda em relações internacionais pela Universidade de São Paulo (USP).
Amanda Costa, bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Anhembi Morumbi, acredita que a sua participação também será importantíssima para abrir portas para outras pessoas pretas também poderem participar desse tipo de evento. "Ter três mulheres pretas representando o Brasil no evento mostra, primeiramente, um alinhamento entre discurso e prática e, além disso, a possibilidade de ocupar um espaço de protagonismo e liderança que por séculos foi negado para a juventude preta e periférica. O momento é de apresentar uma contra narrativa para um sistema de exploração, de exclusão, de subalternidade, que muitas das vezes é decretado para as pessoas negras. Então, além da inspiração e da representatividade, a Juliana, a Lara e eu, temos uma visão real do Brasil a partir das nossas perspectivas como mulheres pretas, que muita das vezes são invisibilizadas dentro de todos esses contextos", afirma.
Já Lara Martins, especialista em Gerenciamento de Projetos pela Escola de Negócios da PUC-Rio e formada em Comunicação Social com habilidade em Publicidade e Propaganda pela mesma universidade, afirma que a diversidade é a chave para compreender a importância do evento. "Representação da realidade do Brasil, esse é o intuito. Observando as outras delegações não vemos muita diversidade. É verdade que a maioria das delegadas são mulheres, porém já identificamos muitos dos privilégios que tentamos combater aqui no Brasil", conclui.
Sobre o Instituto Global AttitudeO Instituto Global Attitude é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), com sede em São Paulo, sem fins lucrativos e apartidário, cuja atuação transcende fronteiras nacionais e regionais. O grupo assessora organizações, empresas e governos na promoção de cooperação internacional, inspirando, capacitando e fortalecendo processos transformativos no Brasil e no mundo. Participa, atualmente, de conferências internacionais por meio do braço Diplomacia Civil e de projetos educacionais com empresas e entidades públicas.
Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Também oferece assessoria em educação e carreiras internacionais.Entre em contato: tissen@uol.com.br
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