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Programa de bolsas Chevening do governo britânico busca diversidade

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Bê Zilberman & Thais Hayashi | Foto: British Council

Bê Zilberman e Thais Hayashi que em poucos dias partem para iniciar seus mestrados em Londres contam suas experiências. Inscrições abrem dia 12/09.

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Oferecidas pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido e organizações parceiras, as bolsas Chevening são destinadas a pessoas talentosas, formadas, com no mínimo dois anos de experiência profissional, que desejam se aprimorar por meio de um mestrado de um ano no Reino Unido.

A diversidade dos candidatos é um aspecto muito valorizado no processo seletivo. "A Chevening é para todos", explica James E. Phillips, gerente do programa. "Se você preenche os critérios, inscreva-se, porque nosso objetivo é que o grupo de bolsistas escolhido represente o Brasil de forma significativa".

Com a bolsa Chevening você pode se candidatar a um mestrado em qualquer área do conhecimento no Reino Unido. E esse é o caso de Bê Zilberman e Thais Hayashi Alves que, em poucos dias, partem para Londres.

Formada na USP em audiovisual, Bê, pessoa não binária, vai fazer seu mestrado em Documentário na Goldsmith University. Com 31 anos e um currículo bastante impressionante, fundou a Purpurina Filmes, produtora audiovisual com enfoque LGBTQIA+ e PCD, trabalhou na equipe de produção do documentário "Democracia em Vertigem" e produziu e dirigiu o documentário "Todo mundo quer saber com quem você se deita", dentre vários outros filmes. Vice-presidente da APTA, Associação de Profissionais Trans do Audiovisual, também é responsável pela produção executiva do Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA).

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Bê, que vem tentando sua candidatura à bolsa Chevening desde 2019, este ano emplacou. "O tempo me ajudou me a entender melhor o que quero estudar no Reino Unido. Ao longo do processo, fui aprendendo a falar de mim e do papel que tive e tenho em minha vida profissional com propriedade. Descobri como deixar a afirmação "nem foi nada demais" de lado quando falo de tudo que fiz".

"Um dos motivos que me levou a querer fazer mestrado fora do Brasil é que aqui não temos um curso prático em cinema e eu não me interessava em escrever uma tese, quero fazer filme. A coordenadora do meu curso na Goldsmith trabalha com documentários Queer, sei que estarei no lugar certo! Tenho a expectativa de gerar parcerias com as instituições nas quais trabalho, fazer exposições e um festival de cinema Trans lincado com o festival de cinema LGBT de lá que é o maior da Europa. E, como eu também trabalho com formação de pessoas Trans quero trazer conhecimento de volta ao Brasil.

Mas além disso tudo, tem a questão da acessibilidade. Sou uma pessoa com uma deficiência invisível (transtorno do espectro autista) e a diferença de tratamento que já recebi desde que todo esse processo começou foi impressionante. Vivenciar um lugar que me trate com equidade e atenda as minhas necessidades vai ser incrível".

A engenheira Thais Hayashi Alves, 30 anos, formada pela Unesp, vai estudar Health, Well-Being and Sustainable Buildings na UCL - University College London, e tem por objetivo focar na questão da acessibilidade na construção civil. "Como pessoa com deficiência, compreendo verdadeiramente de que forma um lugar inacessível diminui os nossos direitos de agir plena e livremente na sociedade. Como engenheira civil, vi em primeira mão como é desafiador forçar a indústria da construção a projetar e construir lugares genuinamente inclusivos".

"Antes mesmo do curso começar a UCL já fez uma reunião comigo para alinhar tudo que eu precisava em termos de acessibilidade, e a informação vai para os professores como uma regra, não vou ter que ficar pedindo a eles para ter alguma facilidade. Esse é um diferencial que aqui no Brasil não existe. Eu me tornei uma pessoa com deficiência no ultimo ano da faculdade. Minha universidade era totalmente inacessível e nós tivemos que ir adaptando o que dava...".

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Thais também aplicou para o Chevening mais de uma vez e, como Bê, percebeu que a diferença da primeira para a segunda tentativa foi reconhecer suas qualidades, como liderança e potencial de networking. "Esse tempo de maturação foi bom inclusive para rever o que eu queria estudar, entender melhor do que se trata o programa e de como apresentar o que já fiz e quero fazer".

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"Sei que minha experiência com o Chevening e as pessoas com as quais ele vai me conectar serão inestimáveis para me ajudar a aumentar a conscientização sobre a acessibilidade e a inclusão, na indústria da construção e além dela. Acredito que juntos podemos tornar o mundo um lugar melhor para todos nós".

Lara Papesso, analista do programa no Brasil explica que escolher o curso, saber porque quer estudar no Reino Unido, compreender o que pode trazer de lá para o Brasil e quais colaborações são possíveis entre os dois países é trabalho do candidato. "Se em suas pesquisas você não encontrar um link entre o Brasil e o UK, crie esse ambiente, seja o precursor desse parceria. Pense porque o governo britânico deveria financiar você por um ano?"

Leia mais: James Phillips, gerente do programa Chevening de bolsas para mestrado no Reino Unido dá dicas a interessados de todo o Brasil.

A candidatura para o Chevening requer trabalho, pesquisa e intenso envolvimento. Além do application para três universidades britânicas, é preciso preparar diversos conteúdos que exigem muita reflexão sobre suas origens, quem você é, o que quer fazer e o que planeja realizar quando retornar ao Brasil. A entrevista, que leva 45 minutos e acontece no final do processo, investiga mais a fundo esse quatro pontos. "Este é o momento em que o candidato faz seu "pitch" (apresentação) e revela sua personalidade com autenticidade, de uma forma objetiva e direta", explica James Phillips.

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"Por isso, fica a dica: reconheça seu potencial e fale dele, mostre que você é bom. Fale em liderança no concreto, em como você é líder, e que habilidades tem. Liderança não é necessariamente sobre cargos, mas sobre ações que impactaram pessoas", sugere Thais.

"Entenda onde você fez e faz diferença naquilo que realiza, mostre seu potencial, acredite e lembre que toda área é valida, todas as pessoas são validas. Não se resuma ao que é pré-concebido", enfatiza Bê.

As inscrições para o programa Chevening abrem no dia 12 de setembro. Saiba mais AQUI.

Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Também oferece assessoria em educação e carreiras internacionais

Entre em contato: contato@atissen.com.br

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