Funcionários do MEC ligados ao filósofo Olavo de Carvalho foram afastados na semana passada e passaram a criticar Tozi, que tinha perfil técnico e tentava tirar o viés ideológico da pasta. Ele foi diretor do Centro Paula Souza, em São Paulo.
No twitter, Vélez disse que se tratava de uma continuidade das "mudanças necessárias". E agradeceu "a Luís Antônio Tozi pelo empenho de suas funções no MEC".
Para a presidente do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a demissão de Tozi "não é um bom sinal". "Ele estava fazendo um trabalho técnico. Essa gestão precisa entender a missão que o ministério tem que cumprir, que é enfrentar a crise de aprendizagem dos alunos brasileiros e deixar de diversionismos. Há muito a ser feito. Espero que o novo secretário dê continuidade e aprofunde o trabalho que o Tozi iniciou", disse.
Vélez colocou no lugar Rubens Barreto da Silva, que tinha acabado de ser nomeado para o cargo de Secretário Executivo Adjunto, depois que Eduardo Melo foi exonerado. Silva é muito próximo de Tozi e trabalhou com ele no Paula Souza.
Ontem, Olavo tinha pedido a demissão de Tozi nas redes sociais. Em seu perfil do Facebook escreveu: "O Ministro Vélez deu um sinal de compromisso com o projeto que o colocou lá e com a vontade popular ao demitir o Coronel Roquetti, mas precisa concluir a limpeza e tirar todo mundo que foi colocado lá pelo Roquetti. Diante de uma operação de infiltração como essa, ninguém pode ser poupado. É preciso mandar todos para a rua, a começar com o tal Tozi, que estava capitaneando a operação com o Roquetti".
Roquetti é do grupo militar e era muito próximo de Vélez. Ele disputava o poder com os chamados "olavistas". Ontem, seis funcionários já foram exonerados. Segundo o Estado apurou, as demissões foram motivadas pelas críticas sofridas pelo ministro nas últimas semanas, principalmente com relação à carta enviada por Vélez às escolas pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro (Brasil acima de tudo, Deus acima de todos) fosse lido por crianças e que elas ainda fossem filmadas cantando o Hino Nacional.
Com a repercussão da notícia - Vélez recuou na determinação enviada às escolas - , o ministro deixou os "olavistas" de lado e passou a se aconselhar com um grupo que defende o abandono do discurso ideológico, entre eles, Tozi. "Olavistas", por sua vez, dizem que o grupo é "tucano" e não segue as ideias de Bolsonaro.
Nesta semana, "olavistas" passaram a organizar um motim dentro do MEC para derrubar Vélez. Olavo chegou a dizer palavrões no twitter sobre o episódio. "Não quero derrubar ministro nenhum. Apenas apresentei pessoas, sem a menor pretensão de influenciá-las (sei que isto é inimaginável para o pessoal da mídia, para quem influenciar é orgasmo). O ministério é do Velez. Que o enfie no c*."
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