Pais de alunos do Alfacastelo Colégio de Aplicação, em Barueri, Grande São Paulo, recorreram ao Ministério Público Estadual para pedir esclarecimentos sobre a situação da escola, que ameaçou fechar as portas na última semana. Segundo o documento registrado no MPE, o aviso de que a instituição encerraria suas atividades foi dado às famílias na última terça-feira, 18. Não houve aulas na quinta e sexta-feiras, mas nesta segunda, 24, o colégio funcionou normalmente. Mesmo assim, pais temem que a Alfacastelo feche até o fim do ano. Dados preliminares do Censo Escolar 2012 informam que a escola tem 235 alunos.
A representante da comissão de pais de alunos do Alfacastelo, Antonia Maria Silveira, esteve no MPE na última terça. Ela disse que não houve nenhum aviso anterior do colégio sobre problemas administrativos. Na sexta-feira, porém, Antonia disse que a situação seria resolvida pela direção da Alfacastelo.
A diretora pedagógica do colégio, Patrícia Paris, disse nesta segunda, em entrevista por telefone, que "tudo que tinha para dizer já foi comunicado aos pais durante a reunião de terça-feira", e não estava autorizada a dar mais informações à reportagem.
Pais de alunos consultados pelo Estadão.edu informaram que, na reunião da semana passada, Patrícia informou que o mantenedor do colégio – cuja identidade não é revelada pela própria direção da instituição – não paga salário aos professores há três meses e o Alfacastelo enfrenta problemas como corte de água, impressora, telefone e aluguel atrasado.
A situação de precariedade é confirmada por Cleire Pereira, mãe de uma estudante. “Para mim foi uma grande surpresa. Percebi que minha filha teve algumas aulas vagas nos últimos meses, mas não sabia que a situação financeira do colégio era tão delicada”, afirma.
Os pais acrescentam que o prédio tem vazamentos, salas alagadas e sujas. "A Vigilância Sanitária precisa ser acionada", reclama a consultora pedagógica Mariângela Carocci, mães de dois alunos do Alfacastelo. Procurada, a Vigilância Sanitária de Barueri não respondeu aos pedidos de entrevista até a publicação desta matéria.
Mariângela reclama ainda que as apostilas que seriam usadas no último trimestre de aulas ainda não foram entregues, apesar de terem sido pagas no primeiro semestre. "Não sabemos onde o dinheiro foi parar nem foi esclarecido quem é, de fato, o mantenedor do colégio", diz. Segundo ela, os problemas começaram quando o colégio foi comprado, há cerca de um ano. "De lá pra cá a direção já foi trocada quatro vezes e há meses já temos percebido a falta de professores." A consultora pedagógica diz que muitos pais transferiram seus filhos para outras escolas. “Na sala da minha filha havia 15 alunos na semana passada. Hoje, são 10.”
Os pais de alunos entrevistados pelo Estadão.edu disseram que, caso o colégio encerre suas atividades, pretendem usar o dinheiro da mensalidade dos próximos três meses para pagar o salário dos professores e evitar prejuízo aos alunos. "O que mais me magoa é ter de tirar minha filha da escola já no fim do ano", lamenta o professor aposentado Luiz Sanches.
No documento registrado no MPE, consta que o grupo que controla o colégio já teria fechado a Faculdade Alfacastelo, que oferece cursos de Administração e Ciências Contábeis. No site da instituição, por outro lado, as inscrições para o vestibular para o segundo semestre deste ano estão abertas. Procurado, o Ministério da Educação não se pronunciou a respeito.
O Estadão.edu entrou em contato com o colégio via PABX, mas as ligações não foram completadas. A Assessoria de Imprensa do MPE também não atendeu ao pedido de entrevista até o fechamento desta reportagem. / COLABOROU LUÍS LIMA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO.EDU
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.