Por Karyn Bulbarelli
As relações que estabelecemos em nossa vida, fonte de incessantes descobertas, nos imprimem marcas essenciais. A partir delas, dinâmicas internas geram afetos, compõem representações psíquicas e movimentam as lembranças que traduzem a história de cada um. A ideia de que a constituição do psiquismo humano seja fundada pelo (re)conhecimento de um outro reforça a premissa de que a vida acontece principalmente entre outros e com outros.
O funcionamento simbólico do par identidade/alteridade, quando analisado por essa perspectiva, reforça a importância do laço social para que um sujeito encontre um lugar para si. Na família, na escola, na cidade, sempre imerso em um potente contexto histórico e cultural, são inúmeras as possibilidades que o encontro com a alteridade pode suscitar.
A alteridade é uma concepção analisada por diferentes ciências (Sociologia, Antropologia, Filosofia, Psicologia, Psicanálise e Educação). Pode ser entendida como um estado ou uma disposição pessoal para reconhecer como legítimos os diversos lugares simbólicos, sociais, suas geografias, culturas, etnias, credos. A experiência/prática da alteridade, bem como sua elaboração, qualifica um passo a mais no sentido da constituição da identidade na medida em que o conhecimento da nossa cultura nos é possível quando reconhecemos as outras. Colocar-se no lugar do outro, percorrer distâncias culturais e afetivas podem revelar novidades e abrir caminhos mais empáticos diante da diversidade e das diferenças.
A Educação propicia inserções e reinserções no laço social, incentivando permanentemente esse intercâmbio entre o autoconhecimento e o (re) conhecimento do outro. Por meio do trabalho educacional, estudantes e educadores constroem muito mais do que conhecimento acadêmico. A heterogeneidade sempre bem-vinda e os remanejamentos simbólicos entre todos produzem experiências essenciais que alargam a compreensão de si e do mundo. Uma forte marca de pertencimento pode emergir.
No Colégio Pentágono, consideramos essencial que os estudantes vivam a diversidade descobrindo novas maneiras de conviver, de dialogar e de assumir posições perante o grupo. Esse é um caminho importante para que descubram suas potencialidades e necessidades atribuindo um sentido próprio não apenas para responder às demandas do processo educativo como também, e principalmente, para expandir possibilidades e caminhos de transformação pessoal e social.
* Karyn Bulbarelli é assessora de Orientação Educacional do Colégio Pentágono
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