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Opinião|Lição de vida: Diretora despede-se após 56 anos dedicados à arte de educar

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Por Colégio Rio Branco
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Maria Olívia formou-se em magistério por vocação em 1960. No ano seguinte, aos 18 de idade foi convidada a integrar a equipe de professores do renomado Colégio Rio Branco, já que a instituição ganhava novo endereço, mudava-se da Rua Doutor Vila Nova para a Avenida Higienópolis, na capital paulista.

Ainda sem experiência iniciou sua carreira como professora auxiliar em uma turma do primeiro ano do ensino primário, no período da tarde. Oportunidade que abraçou com total empenho.

Desde o início, dedicou-se à assistência da então diretora à época, Soledade Santos, trabalhando e aprendendo sobre questões de secretaria, gestão, famílias e alunos que passavam pela instituição, até o final da década de 1980.

Com a diretora Soledade Pinheiro Foto: Estadão

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A partir de 1989 , passou a assumir a direção da tradicional unidade de Higienópolis. Memória viva da instituição, Maria Olívia acompanhou desde então, ao longo dessas mais de cinco décadas, as mudanças globais na educação, nas famílias e nos perfis dos estudantes.

De dentro da escola vivenciou importantes períodos e transformações históricas, políticas e sociais que foram se refletindo no contexto educacional da instituição e do país.

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Ayrton Senna, Ruth Rocha, Dan Stulbach, e vários outros artistas, assim como a família Ermírio de Moraes e o empresário Benjamin Steinbruch são alguns dos nomes de ex-alunos que a diretora menciona ter passado pelo Colégio Rio Branco, com forte atuação na sociedade.

 Foto: Estadão

Muitas gerações de pais, filhos e netos estudaram e agora estudam no Colégio Rio Branco. O denso caldo cultural que constitui a cidade de São Paulo também faz com que ela se refira, com orgulho, de importantes aspectos como a forte presença e importância da comunidade judaica na escola ao longo das décadas, as comunidades asiáticas e alunos das mais diferentes nacionalidades, sempre em sinergia com a realidade e o crescimento da metrópole, fatores que deram corpo à pluralidade e a valorização da diversidade como principais vertentes educacionais da instituição.

A professora Maria Olívia também pôde perceber as mudanças nos perfis das famílias, o que a fez aprender muito "isso aqui é uma escola de vida", traduz. Do alto de sua larga experiência, a receita que dá para pais, famílias e educadores é bastante alinhada com os da instituição que ela mesma ajudou a consolidar: acolhimento e respeito.

"Em primeiro lugar, temos que acolher e respeitar. O respeito é a base de tudo, e é o que sempre digo para os alunos: quando há respeito nas relações, tudo caminha bem", explica.

Humilde, mas firme, Maria Olívia se define como uma pessoa resiliente. "Tropeços eu tive muitos ao longo da carreira, mas aqui aprendi a viver a vida. Em uma escola aprende-se com os acertos, com os erros, aprende-se com o outro...", ensina.

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Na profissão, o que mais gostou sempre foi do contato com as crianças, de verificar e acompanhar o aprendizado, o progresso, o desenvolvimento e observar o ir e vir dos estudantes, que ela via crescer.

 Foto: Estadão

Durante todos esses anos foi muito comum vê-la com sua habitual postura elegante nos horários de entrada e saída dos alunos, o olhar atento e contemplativo para as crianças que sempre a corresponderam com sinceridade e carinho.

Sobre saudades, ela diz sentir muitas sobre muitas épocas e pessoas, como a professora Vilma Rocha, que atuou ao seu lado durante 48 anos na instituição ."Além de minha amiga até hoje, a Vilma foi muito importante para o Colégio Rio Branco, já que também assumimos a diretoria ao mesmo tempo, ela cuidando da parte pedagógica, e, eu, da administrativa. Foi uma longa parceria que deu muito certo", relembra com admiração.

Também cita outros colegas, profissionais e os próprios alunos que a cada ano se formam e despedem-se rumo a novos caminhos de vida.

Sobre o atual cenário da educação no país e como desejo de educadora, Maria Olívia espera que as condições e formação global dos professores sejam melhores e que um maior anseio pela prática de ensino volte a ser despertado nos jovens que buscam por uma profissão. "Ainda existem pessoas idealistas que procuram lecionar, o que é muito importante apesar das dificuldades. A base para um país é a educação", afirma.

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Viúva desde 1995 e mãe de três filhos formados, teve com a família a mesma dedicação e cuidado que teve com a profissão, já que, segundo ela, ambas sempre se fundiram, se ajudaram e se completaram em harmonia.

 Foto: Estadão

Nesta semana, após 56 anos dedicados ao Colégio Rio Branco e à arte de educar, a querida professora e diretora Maria Olívia Valentini Montenegro despede-se da instituição, mas não sem deixar, como principal lição e marca de seu legado àqueles que tiveram o privilégio de conhecê-la, e à professores de todas as gerações, a motivação incansável, a paciência, o respeito, o otimismo e o amor pela educação, demonstrados desde seu primeiro dia como professora, naquela tarde de 1961.

O Colégio Rio Branco e toda a comunidade riobranquina agradecem e a parabenizam por sua linda vocação, seu exemplo de vida e sua irretocável trajetória profissional.

Muito obrigado por tudo, professora Maria Olívia!

 

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