O mundo tem assistido a uma avalanche de intolerâncias das mais diversas ordens, além de manifestações públicas de insatisfação e revolta, individuais ou coletivas, com relação a governos, instituições, ao outro ou mesmo com a própria vida.
A Filosofia permite ao ser humano compreender melhor a si mesmo, a sociedade e o mundo que o cerca, estimulando uma maior autonomia do pensar, agir e se comportar. A partir dela, e ao longo de séculos, foram e são fundamentados projetos, pesquisas, produções científicas, artísticas e culturais.
A Filosofia nasceu da necessidade de orientar-se e encontrar um princípio norteador que ressalte o questionamento da existência do homem no mundo e do mundo no homem. Ela é capaz de delimitar limites e, ainda assim, proporcionar liberdade.
A experiência a partir de reflexões diversas estimula o exercício do espírito crítico, o qual permite um olhar interior para a relação consigo mesmo; com a comunidade e, acima de tudo, com o amplo sentido da existência - o que impacta no aprimoramento das relações.
A prática filosófica promove um diálogo aberto, dando maior significado ao ato de "escutar". O diálogo pode reforçar laços, sem abrir mão do princípio de não negar conflitos, mas sim, acolhê-los com equidade e bom senso, procurando-se ater às qualidades das dinâmicas relacionais. Será dentro de uma instância ética e política que se favorecerá o impulso das interações coletivas de compreensão da realidade, destacando tanto o pensar quanto a conscientização no agir.
O objetivo original da Filosofia é o da reflexão sobre as questões que envolvem o cotidiano e a maneira como é possível utilizar a capacidade de compreensão no delineamento de novas perspectivas para lidar com problemas e conflitos.
Por meio do exercício do filosofar e do expandir da consciência, empregam-se maiores possibilidades na busca do reconhecimento das inquietações, para assim, transformá-las em respostas significativas.
Diante de tudo isso, nota-se a importância do diálogo filosófico no processo de formação e transformação do indivíduo, considerando-o como simples intenção de quem procura mudar seu interior para, em contrapartida, mudar o modo de conviver consigo e com o outro.
Para que isso aconteça positivamente, é imprescindível a construção de discursos que permitam orientar a percepção do que venha significar o ser e o estar no mundo e, neste exercício complexo, tecer oportunidades de estruturar juízos a partir de pré-conceitos para, dessa forma, reconhecê-los como impulsionadores da busca do entendimento, dos significados e das soluções.
Contribuição: Isaque Trevisam BragaProfessor de Filosofia no Colégio Rio BrancoMestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Filosofia Clínica pelo Instituto Interseção de São Paulo. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Pesquisador na área de Filosofia com ênfase em Ecosofia.
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