Colégios repensam a digitalização e o papel do professor

Ferramentas usadas nas aulas remotas enriquecem projetos. Docente é essencial para mediar caminho do aprendizado

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Por Ocimara Balmant e Alex Gomes

A digitalização avançada nas escolas, para seguir educando crianças e adolescentes durante a pandemia de modo remoto, pode agora colaborar com o melhor aproveitamento do conteúdo nas aulas presenciais. Para que isso ocorra de modo consistente, o professor ganha cada vez mais importância, como mediador nesse caminho do conhecimento e no desenvolvimento intelectual e pessoas dos estudantes.

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No Colégio Santa Maria, as inovações digitais impulsionadas pela pandemia saem do contexto de aplicação remota e dão tom aos projetos pedagógicos da escola que já voltou a atender os seus alunos presencialmente. “Não é só digitalizar as aulas, mas sim trazer as ferramentas digitais para o apoio dentro das aulas. Nossos professores e as equipes estão familiarizadas com as tecnologias e nosso papel é saber como aplicá-las”, afirma Muriel Alves, coordenador do Núcleo de Educação e Tecnologia da Informação.

O colégio teve suas redes WiFi expandidas para considerar atividades ao ar livre e em pátios. A ideia é que os estudantes possam utilizar os notebooks fornecidos pelo Santa Maria em qualquer lugar, sem precisar ir a salas ou pontos específicos da escola.

Julia e sua mãe, Daniela, aprovam uso de recursos digitais na volta ao presencial Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

As mudanças digitais envolvem também ambientes como a biblioteca e o laboratório de informática. O antigo espaço de empréstimo de livros será reformulado e ganhará formato de arena, com mesas espalhadas e estantes integradas, em vez de enfileiradas, além da disponibilidade de netbooks. A proposta é dar liberdade aos alunos para se acomodarem em qualquer parte.

Já o antigo laboratório de informática deu lugar a um espaço maker, com equipamentos de fabricação digital como impressoras 3D, cortadoras laser e kits de robótica. “Percebemos que os recursos que começamos a usar durante a pandemia ajudam os alunos a enriquecerem seus projetos. Trabalhar com podcasts e criação de games, por exemplo, amplia o potencial de atividades dos alunos”, completa o coordenador do Núcleo de Educação e Tecnologia da Informação da escola.

Mãe de Julia Lima, estudante do 7.º ano do ensino fundamental, a administradora de empresas Daniela Almeida aprova essa abordagem de inserção tecnológica feita pelo colégio. “Nossa família sempre estimulou Julia a ter um hábito de estudo autônomo, e vimos que no modo online isso se fortaleceu ainda mais. Por isso, me anima muito saber que a instituição segue investindo em ferramentas tecnológicas para aproveitar as lições da pandemia.”

Julia se adaptou tão bem às ferramentas digitais durante a pandemia que não deseja perder o hábito. “Quero que os professores continuem postando os conteúdos como slides e materiais das aulas no classroom, nossa plataforma online”, diz a estudante.

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Papel dos professores muda com o tempo

As escolas que formam os estudantes de hoje são muito diferentes daquelas que educaram seus pais. As distinções são inúmeras, como formatos de disciplinas, planejamento dos ambientes e organizações de turmas. Porém, para além dessas mudanças, há uma diferença fundamental no universo escolar de hoje em relação ao passado: o papel dos professores.

A clássica imagem do educador discorrendo conteúdo diante de dezenas de alunos que observam e tomam notas deu lugar ao mediador que busca estimular a aptidão do pensar, de forma que os estudantes aprimorem suas capacidades cognitivas e se tornem agentes do próprio aprendizado. Nesse contexto, é fundamental que as escolas sejam ambientes propícios para o desenvolvimento dos professores do século 21. 

No Colégio Santo Américo, a política em relação ao corpo docente envolve apoio emocional, formação continuada e valorização financeira. No contexto de pandemia, prover segurança emocional é requisito para que os professores se sintam confiantes e acolhidos. Já o aperfeiçoamento didático e pedagógico engloba uma rotina de encontros com a participação de especialistas em diversos campos do saber.

“Trabalhamos questões metodológicas, como o estudo do ensino híbrido, uso de metodologias ativas e de plataformas digitais, bem como aprofundamos em temas como saúde emocional e autoconhecimento, dentre outros”, afirma Viviane Flores, diretora-geral do Santo Américo. De quebra, os professores são estimulados a exercer a criatividade, o que significa que educadores que possuem talentos musicais, por exemplo, são encorajados a aplicá-los e a customizar suas aulas, para usar um termo bem em evidência quando se fala em ensino e aprendizagem.

Remuneração é atrativo para professores

O colégio propõe uma remuneração compatível e a oportunidade de o professor se dedicar integralmente à instituição. O Santo Américo aparece entre as escolas particulares paulistanas que melhor remuneram os professores, de acordo com ranking do Sinpro, o sindicato dos professores de São Paulo.

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“Oferecemos um fator salarial atrativo, com bons pacotes de benefícios. Além disso, somos uma escola de tempo integral, o que mantém os professores engajados. São profissionais fundamentais para manter um clima organizacional favorável e mostraram-se ansiosos em colaborar com o sucesso no retorno dos alunos às aulas presenciais”, diz Viviane. 

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