Dez razões para buscar uma vaga no vestibular de meio de ano

Menos concorrência e pressão, além de mais tempo de adaptação à nova realidade, estão entre as vantagens, segundo especialistas

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Por Vanessa Fajardo, especial para o Estadão
Atualização:

O ingresso ao ensino superior não precisa ser somente no início do ano. Muitas instituições brasileiras, tanto privadas quanto públicas, fazem processos seletivos no meio do ano para que novas turmas iniciem as aulas a partir de agosto.

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Após cinco anos paralisado, o vestibular do meio de ano é retomado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2024. Serão 160 vagas para os cursos de Engenharias Agronômica, Civil, Elétrica e Mecânica no câmpus de Ilha Solteira. As provas da primeira fase serão no dia 26 de maio, e da segunda, em 23 e 24 de junho.

Para falar sobre as vantagens de apostar nos processos seletivos de junho e já começar na faculdade antes de o ano acabar, o Estadão ouviu Márcio Antônio Bazani, coordenador do vestibular de meio de ano no câmpus de Ilha Solteira da Unesp, e Herbert Alexandre João, coordenador pedagógico do Vem Saber, programa da Universidade de São Paulo (USP) que fomenta o acesso ao ensino superior entre alunos da rede pública.

Ilha Solteira: depois de cinco anos paralisado, a Unesp decidiu retomar em 2024 o vestibular de junho. Foto: Unesp

1. Menor concorrência

Como o ensino médio no Brasil termina em dezembro, grande parte dos estudantes interessados em cursar o ensino superior costuma participar dos processos seletivos do fim do ano e entrar na faculdade no início do ano subsequente. Dessa forma, a concorrência das seleções do meio do ano tende a ser mais branda, tanto do ponto de vista da relação de candidatos por vaga como da nota de corte, que costuma ser menor.

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2. Alternativa para troca de curso

Imagina quem começou um curso no primeiro semestre e logo percebeu que aquela carreira parecia mas não era, de fato, o que ele desejava. Em vez de ele esperar até o fim do ano para tentar um novo curso, o vestibular de inverno permite que a troca seja feita antes. Ou pode ser que o estudante tenha optado por uma instituição de ensino, mas após conhecer estrutura e corpo docente tenha decidido por uma outra. As provas de meio de ano são muito oportunas para esse público, que consegue ajustar a rota de estudos sem perder tempo.

3. Ingresso antecipado

“Em vez de esperar 12 meses para entrar na faculdade, o aluno leva somente seis”, resume Márcio Bazani. Para o coordenador da Unesp, o vestibular de meio de ano é como uma nova oportunidade de o candidato conseguir o tão sonhado ingresso na universidade com um semestre de vantagem. “Às vezes, acaba sendo uma estratégia do aluno se preparar mais seis meses para ingressar. Acredito que é um vestibular muito procurado por estudantes com bom nivelamento e geralmente com experiência de ter passado por outros vestibulares, como USP, Unicamp e Unesp”, diz.

4. Conteúdo mais ‘fresco’ na memória

Já para quem concluiu o ensino médio no ano passado, ao apostar nas provas de agora conta com a vantagem de ter os conteúdos mais “frescos” na memória. Entretanto, os educadores reforçam que a maratona de vestibular exige mais do que o domínio dos conteúdos. Como se trata de uma sequência de provas com longas durações, é necessário preparo emocional e físico.

5. Menor pressão

Os vestibulares do meio do ano apresentam outra vantagem significativa: podem servir como um treinamento adicional para os estudantes que almejam ingressar no ensino superior, podendo funcionar como uma prova extra. “Existe o fator psicológico principalmente no aluno que está fazendo cursinho, ele sente uma pressão maior. Quando presta as provas do meio do ano, se sente mais à vontade, o que afeta positivamente o resultado. É muito comum o aluno dizer que está prestando só por prestar e acabar passando”, afirma Herbert, lembrando que muitas instituições públicas brasileiras oferecem a seleção do meio ano e ofertam vagas para cursos concorridos como Engenharia e Medicina.

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6. Tempo para se ambientar

O aluno que entra na faculdade em julho e não espera os vestibulares de novembro e dezembro ganha mais tempo para ter certeza sobre as escolhas acadêmicas. Mesmo para aqueles que foram aprovados e se matricularam nas graduações que eram sua segunda opção de escolha. “Se acontecer um percalço, ele pode trocar de curso. Acontece muito de o aluno ter dificuldade para fazer uma escolha assertiva sobre o seu projeto de vida. Mas isso nem sempre é uma barreira, porque há a possibilidade de transferência ou até de fazer um novo vestibular. O problema seria o estudante evadir ou seguir estudando algo que não faz sentido para sua vida”, afirma o professor Herbert.

7. Acolhimento e apoio universitário

Como o número de “recém-universitários” é menor no meio do ano, as equipes que oferecem apoio pedagógico nas instituições costumam ser menos demandadas e estar mais disponíveis para ajudar os novos estudantes. Também é um período menos turbulento para encontrar e definir novos endereços, quando a mudança de casa é necessária por causa da nova rotina universitária.

8. Bolsas e programas federais

Como a demanda é menor, as universidades particulares tendem a melhorar as condições financeiras, oferecendo mais bolsas e descontos aos candidatos aprovados no vestibular. Vale lembrar que o Ministério da Educação (MEC) também abre uma seleção de meio de ano para o ProUni, oferecendo bolsas de estudo de 50% e 100% em instituições de ensino superior. Uma outra opção ainda é o Fies, financiamento estudantil subsidiado pelo governo federal, que abre vagas no meio do ano. O MEC ainda não divulgou os detalhes dos processos seletivos.

9. Entrada no mundo do trabalho

Um semestre pode fazer muita diferença para quem tem pressa para começar a fazer estágio e trabalhar na área que escolheu seguir. Muitos programas de estágio e trainees abrem oportunidades no início do ano, possibilitando que o estudante que já tenha cursado as primeiras disciplinas possa estar habilitado a disputar uma vaga.

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10. De olho no sonho

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“Entrar na faculdade a qualquer momento é sempre valioso, é realizar um sonho e correr atrás da construção de seu projeto de vida. Só existe vantagem em tentar uma vaga no meio do ano”, afirma o professor Herbert. “Na pior das hipóteses, serviu de preparação para o fim do ano e o aluno ganhou experiência.” O educador reforça que na USP as turmas formadas pelos estudantes aprovados nos processos seletivos do meio do ano iniciam as aulas juntas, apenas com um deslocamento em relação ao calendário, que começa em janeiro ou fevereiro. Ou seja, esses novos alunos não vão ingressar em uma turma cujo curso já está em andamento. Outro mito esclarecido por Herbert é sobre o desempenho acadêmico, que tende a ser nivelado após o primeiro ano da graduação. “Quando o estudante aprende a ter autonomia de estudar, entende o planejamento, o desempenho dos alunos acaba nivelado ao fim do primeiro ano da graduação. É comum ver o nivelamento, com notas médias próximas, inclusive entre estudantes vindos de escolas públicas e privadas.”

No caso dos tecnólogos, a principal porta de entrada em São Paulo é pelo vestibular da Faculdade de Tecnologia (Fatec). A inscrição pode ser feita até dia 7, às 15 horas, exclusivamente pelo site. As unidades oferecem cursos superiores de tecnologia gratuitos. A prova será aplicada em 30 de junho. O valor da taxa é de R$ 90.

O Centro Paula Souza (CPS), autarquia que administra as Fatecs, vai ofertar 14.406 vagas para este processo seletivo. Outras 5.109 vagas estão reservadas para os candidatos do Provão Paulista. No total, são 19.515 vagas. O candidato pode optar por programas presenciais e a distância (EaD). São 92 opções.

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