A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) começou a investigar internamente o caso de racismo e aporofobia (aversão ou hostilidade a pessoas pobres) cometido durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no fim de semana, em Americana, interior de São Paulo.
Estudantes da PUC-SP foram filmados gritando as palavras “cotistas” e “pobres” em direção a alunos da Universidade de São Paulo (USP), durante uma partida de handebol. Ao menos três pessoas foram previamente identificadas, e duas delas chegaram a ser desligadas dos respectivos estágios. O Estadão não conseguiu localizar as defesas dos alunos.
“A gente vai fazer avaliação do ponto de vista educacional para buscar quais são as medidas punitivas no âmbito da instituição”, disse ao Estadão o diretor da faculdade de Direito da PUC-SP, Vidal Serrano Nunes Júnior, que não descarta a possibilidade de expulsão dos estudantes.
Para ele, o problema não se restringe apenas à PUC-SP, mas considera que reclamações de agressões e intolerância são recorrentes em outros jogos universitários. “Todo ano tem: em Medicina, Engenharia, Direito. Tem sempre algum problema envolvido”, diz.
Por esse motivo, ele acredita que o episódio de Americana não pode ficar restrito somente a punição, mas reforça a necessidade de a universidade propor um Código de Ética que possa ser compartilhado e respeitado por todos que participam desses eventos universitários.
“O problema não é um problema da PUC-SP, (acontece em) todos os jogos universitários. São recorrentes as reclamações de agressões e a gente pode contribuir propondo às universidades uma espécie de código de ética”, diz.
Abertura de comissão para fazer investigação interna
Na segunda-feira, 18, a universidade formou uma comissão sindicante com três professores para apurar o episódio. Até o momento, ninguém foi punido pela PUC-SP. Os alunos já estão de férias e só está frequentando o espaço acadêmico quem ainda precisa fazer provas substitutivas e exames.
Nunes Júnior é cauteloso quanto ao futuro de cada estudante, e prefere aguardar as investigações. Mas reconhece que a conduta dos alunos pode ter ultrapassado o limite dos regimentos internos da instituição.
“A PUC-SP abraça a questão do pluralismo, humanismo, que são nossos princípios cardeais. Isso faz com que a conduta deles tenha eventualmente violado o nosso estatuto”, comentou.
A comissão é formada por três professores e tem previsão para apresentar resultado em 40 dias. A ideia é ouvir os envolvidos, testemunhas e até as vítimas, que também serão convidadas a depor. Todos os envolvidos terão ampla defesa, garante a universidade.
“A comissão sindicante vai fazer uma apuração, ver a extensão do fato, garantir a ampla defesa aos alunos investigados e depois vai propor à reitoria uma punição”, disse o docente. “As punições podem variar de uma advertência até expulsão”.
A possibilidade de identificar mais agressores não está descartada. “Pelas imagens. parece que tem mais pessoas falando. Dá a impressão que tem mais gente, mas não é certeza ainda”, afirmou Nunes Júnior.
As primeiras convocações formais deverão ser feitas a partir da semana que vem e, até esta terça-feira, 19, ninguém havia procurado a diretoria para prestar esclarecimento ou, eventualmente, apresentar outra versão do episódio, segundo o diretor.
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