‘É uma honra estar nesse grupo seleto’, diz vencedora do Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita

Ivette Senise Ferreira, única diretora da história da Faculdade de Direito da USP, afirma que a educação é uma ‘missão’; prêmio é iniciativa do CIEE com patrocínio do Grupo Estado

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Foto do author Gonçalo Junior
Atualização:

Na hora de receber o Prêmio Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita 2022, a jurista e professora Ivette Senise Ferreira dirigiu o olhar para as filhas e agradeceu pelos sacrifícios e compreensão que foram fundamentais na longa trajetória que a transformou na primeira mulher a ser diretora da história da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000.

Pelo segundo ano consecutivo, o troféu, iniciativa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em parceria com o Grupo Estado, prestou homenagem a uma mulher. Em 2021, a vencedora foi a física Sônia Guimarães, professora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), que também esteve presente na cerimônia desta sexta-feira, 14, em São Paulo. “O fato de termos mulheres homenageadas em dois anos consecutivos representa a modernização e uma nova mentalidade da premiação. É uma honra estar nesse grupo tão seleto de premiados”, diz a advogada de 88 anos.

Eurípedes Alcântara, diretor de Jornalismo do Estadão, a jurista Ivette Senise Ferreira, a física Sônia Guimarães e José Augusto Minarelli, presidente do Conselho de Administração do CIEE, durante a entrega do prêmio em São Paulo.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Vocação

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Ivette é um símbolo da vanguarda modernista nos ambientes jurídico e acadêmico, que muitas vezes se misturam. Depois de ter sido professora de Direito Penal da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco por mais de 30 anos, a mesma escola onde havia se formado, Ivette foi eleita a 37ª diretora da instituição, mandato exercido entre 1998 e 2002. A especialista se tornou a única mulher a ocupar o cargo até hoje.

“Na área do Direito, a abertura para as mulheres foi mais fácil. Talvez por ser uma ciência humana nunca houve grande oposição. A área do Direito é privilegiada, assim como a Medicina. Tradicionalmente, a mulher é educadora e cuidadora, atividades que se ligam a essas atividades profissionais. Mas existem áreas em que a resistência foi mais forte. Ainda precisamos vencer algumas barreiras, mas a situação está muito melhor agora”, avalia.

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A jurista também presidiu a Escola Superior de Advocacia da OAB-SP e o Instituto dos Advogados de São Paulo e da Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil. “A educação é uma missão que deriva de uma vocação. Sem vocação (o profissional) não será um bom professor”, avalia Ivette Senise.

Todas as realizações da homenageada foram apresentadas no evento pela professora Sônia Guimarães, vencedora do ano passado. De uma maneira descontraída e bem-humorada, a física arrancou risos da plateia em vários momentos. “Ela merece ou não merece esse prêmio?”, perguntou Sônia ao final da lista de realizações.

Aprimoramento

Criado em 1997, o prêmio é uma iniciativa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em parceria com o Grupo Estado para homenagear personalidades que contribuem com o aprimoramento da educação brasileira em seus diferentes níveis. O CIEE se dedica à capacitação profissional de estudantes por meio de programas de estágio. Hoje são beneficiados cerca de 230 mil jovens em todo o País.

Humberto Casagrande, CEO do CIEE, afirma que a premiação vai além do reconhecimento de trajetórias singulares dos “guerreiros da educação”. “O prêmio chama a atenção sobre a importância da educação, principalmente após os dois anos de pandemia que interromperam as atividades presenciais. Hoje temos 48 milhões de estudantes no Brasil”, lembra.

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Eurípedes Alcântara, diretor de Jornalismo do Estadão, que participou do evento representando o diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, destacou a similaridade dos desafios enfrentados por educadores e jornalistas. “A informação de qualidade assim como a educação de qualidade não surgem espontaneamente. Precisam ser feitos por rigorosos processos profissionais de apuração. Os leitores que procuramos estão no grupo de cidadãos curiosos e plurais, adeptos da filosofia de aprender e ensinar. São esses os cidadãos que o CIEE ajuda a formar”, afirmou.

O professor José Augusto Minarelli, presidente do Conselho de Administração do CIEE, aproveitou o Dia do Professor, comemorado neste sábado, 15, para fazer um pedido à plateia. “Esse prêmio é uma homenagem às pessoas que inspiram. Todos nós temos professores que marcaram nossas vidas. Neste sábado, peço que vocês liguem e cumprimentem esses profissionais. Eles merecem”, sugeriu o educador.

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