Escolas e professores da rede privada chegam a acordo para manter convenção por um ano

Após mais de três meses de discussão e dois dias de paralisação de atividades nos colégios, docentes e patrões concordaram em manter direitos trabalhistas inalterados por um ano

PUBLICIDADE

Atualização:

SÃO PAULO - Professores e donos de escolas particulares de São Paulo aprovaram nesta quarta-feira, 6, a proposta de manter a convenção coletiva da categoria inalterada por mais um ano. Há mais de três meses estavam em discussão possíveis alterações que reduziriam o recesso escolar no fim do ano e o número de bolsas de estudos para os filhos de docentes. 

PUBLICIDADE

Com a negociação travada entre os dois sindicatos, os professores fizeram dois dias de paralisação, que chegaram a suspender as atividades em 104 colégios da capital. A proposta aprovada nesta quarta foi costurada entre os dois sindicatos, com mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP).

A proposta aprovada nas duas assembleias – do Sindicato dos Professores (Sinpro) e dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieesp) – prevê que todas as cláusulas sejam mantidas até 28 de fevereiro de 2019, mas reduzindo o reajuste salarial de 3% para 2,14%. Como compensação a um menor reajuste, ficou definido o índice de 15% para o valor a ser recebido de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – o anterior era de 18%, mas o Sieeesp pedia que fosse reduzido a 12%. 

+ Para lembrar: Paralisação foi anunciada na semana passada

Duas audiências no TRT terminaram sem acordo; bolsa para mais de um filho é uma das controvérsias Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS

Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro, disse que a proposta foi aprovada por quase a totalidade dos professores que estavam na assembleia. Dos 300 presentes, houve apenas duas abstenções. “A categoria mostrou que seu maior patrimônio é a convenção, são os seus direitos trabalhistas”, diz. 

Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp, diz que a redução do reajuste foi necessária para garantir a estabilidade financeira das escolas que terão de manter os direitos trabalhistas por mais um ano. O argumento usado pelo Sieesp para reduzir os direitos da categoria é o de que escolas menores e com mensalidades mais baratas enfrentam dificuldades financeiras. No entanto, segundo Ribeiro, mesmo os donos dessas unidades entenderam ser melhor manter a convenção para que as alterações sejam discutidas “com calma”.

+Para lembrar: Escolas querem rever direitos trabalhistas de professores

Publicidade

“Levamos em conta que o País está passando por uma situação caótica e não era o momento de se criar mais tensão. Preferimos prorrogar a convenção até fevereiro para chegar a um acordo com os professores sobre as mudanças que precisam ser feitas”, diz Ribeiro. Dos 350 presentes na assembleia patronal, apenas quatro votaram contra o acordo. 

Alterações. Com a reforma trabalhista em vigor, a convenção coletiva não foi renovada em março deste ano. O Sieeesp propôs alterar algumas cláusulas, como a redução da bolsa de estudos de dois para um filho de professor e limitada àqueles que têm carga horária semanal de ao menos dez horas; redução do recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias; e aumento do tempo de contratação de 22 para 60 meses para ter direito à garantia de semestralidade (que estabelece o pagamento dos salários restantes em caso de demissão sem justa causa antes do fim do semestre). 

+ Em audiência, sindicatos chegam a proposta comum para professores da rede privada

+ Paralisação de professor cria racha entre escolas privadas

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.