Estado de SP aumenta em 30% n° de crianças leitoras no 2º ano no fundamental em relação a 2023

O ano letivo de 2024 encerrou com 286,6 mil alunos do 2º ano do Ensino Fundamental sabendo ler, ante 220,8 mil em 2023, mostra avaliação

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Foto do author Isabela Moya

O resultado da avaliação fluência leitora aplicada pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) mostra que o número de estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental que sabem ler adequadamente na rede pública paulista avançou em 57% ao longo do ano de 2024.

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As provas do primeiro semestre do ano passado mostraram que 181,5 mil alunos (48% do total) eram leitores iniciantes ou fluentes. Já no segundo semestre, este número aumentou para 286,6 mil (77% do total).

Estado mais rico do País, São Paulo é cobrado para melhorar seus índices de aprendizagem na fase de alfabetização, o que é considerado fundamental para alavancar os resultados em todas as etapas de ensino.

No mesmo período, o percentual de estudantes nos níveis pré-leitores, aqueles que ainda apresentam dificuldade na leitura, diminuiu pela metade: de 193,1 mil alunos para 87,5 mil.

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avaliação leitora escolas de SP Foto: Seduc-SP

A taxa de participação na avaliação foi de 96% dos alunos dos 2º anos do Estado (participaram 642 dos 645 municípios paulistas).

Os resultados mostram uma evolução do que foi visto em 2023, quando as avaliações do segundo semestre mostraram que 220,8 mil alunos terminaram o 2º ano com sabendo ler, o que representa 64% do total daquele ano.

Essa proporção subiu para 77% em 2024 -(286,6 mil) - isto é, aumento de quase 30% no número de alunos leitores de um ano para o outro.

Segundo a coordenadora do programa Alfabetiza Juntos da secretaria, Márcia Bernardes, o resultado de leitura em 2023 não estava satisfatório e, por isso, o Estado organizou um trabalho em conjunto com os municípios com estratégias para melhorar a leitura das crianças (veja mais abaixo).

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Em 2023, o ensino fundamental - assim como os demais níveis - da rede estadual de São Paulo caiu no ranking de qualidade da educação, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgados em agosto de 2024. Nos anos iniciais do fundamental, São Paulo ocupava o segundo lugar do ranking em 2019. Em 2023, passou a ser o sexto.

O governo paulista disse, na época, que os resultados reforçam o diagnóstico prévio que apontou defasagem na aprendizagem e afirma adotar medida de melhorias.

Como é feita a avaliação de fluência?

A avaliação de fluência leitora é feita em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). As escolas paulistas gravam, por meio de um aplicativo, os alunos lendo e profissionais da universidade ouvem a gravação e avaliam a fluência de cada aluno, classificando-o entre os seguintes níveis:

  • pré-leitor 1: não leu
  • pré-leitor 2: soletrou
  • pré-leitor 3: silabou
  • pré-leitor 4: leu até 10 palavras
  • leitor iniciante
  • leitor fluente

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Avaliação de leitura dos alunos das escolas de São Paulo é feita em parceria com a UFJF, cujos profissionais escutam as gravações e atribuem um nível à criança Foto: Seduc-SP

A fluência leitora avalia o desempenho individual dos alunos na leitura e compreensão de textos com objetivo de identificar possíveis lacunas no processo de alfabetização. São observados o entendimento de palavras, pseudopalavras (palavras inventadas ou sem significado) e textos adequados à etapa escolar, a partir da habilidade, fluidez e ritmo de leitura.

São consideradas leitoras fluentes aqueles que conseguem ler entre 45 e 60 palavras corretamente no decorrer de um minuto, entre 28 e 40 pseudopalavras e atingem 97% de precisão na leitura de palavras existentes em um texto.

Além da avaliação da quantidade de palavras lidas em um minuto, são feitas perguntas sobre o que foi lido, pois um leitor fluente precisa não apenas decodificar as palavras, como interpretar o texto.

O que foi feito?

Segundo a Seduc-SP, a implementação de melhorias em quatro pilares foi responsável pelo desenvolvimento de resultados significativamente superiores ao do ano anterior. São eles:

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  • acompanhamento dos municípios, especialmente aqueles com piores resultados;
  • formação de professores;
  • melhoria do material didático fornecido aos municípios e maior adesão ao uso do material (que é opcional);
  • investimento na plataforma de leitura ‘Elefante Letrado’.

O maior objetivo da Seduc-SP era diminuir o nível de alunos pré-leitores 1 e 2, conta Bernardes. “O nível pra leitor 1 e o 2 são crianças que não leem nada. A gente se preocupava muito com isso. Nos outros anos, ainda tinha um percentual alto de nível 1. E esse ano, a gente ficou com 5%”, afirma.

“Porque se o aluno nível 1 e 2 vai para o 3º ano do Fundamental sem ler, é muito difícil ele conseguir avançar. A defasagem começa aí”, acrescenta o secretário da Educação do Estado, Renato Feder.

Monitorar os municípios - especialmente aqueles com os piores resultados - foi uma das principais estratégias que resultaram na melhora dos índices de fluência leitora dos alunos, de acordo com Bernardes. “Pegamos os 98 municípios com os resultados mais defasados e aí fizemos um acompanhamento de perto”, diz a coordenadora do programa Alfabetiza Juntos.

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Isso porque apenas 20% dos alunos do Fundamental 1 estão em escolas estaduais - a grande maioria está em escolas municipais.

Para incentivar melhores resultados, a Seduc-SP criou metas para cada município, inclusive com premiação em dinheiro.

O Estado afirma que promoveu também a formação de 80 mil professores que atuam com alfabetização e leitura, orientando o professor a como alfabetizar as crianças. “A gente percebeu que muitas vezes o professor estava em sala de aula, mas não sabia a estratégia de alfabetizar”, diz Bernardes.

“Muitas vezes o professor não conseguia entender os níveis e quais atividades seriam importantes para o nível pré-leitor, para o leitor iniciante, mesmo para o leitor fluente. A formação foi justamente nesse processo do ensino da alfabetização”, completa.

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A Secretaria de Educação de SP afirma que implementou medidas como a melhoria dos materiais didáticos disponibilizados para as redes municipais de ensino e a formação de professores Foto: Seduc

Bernardes também relata melhoria nos materiais didáticos que o Estado oferece às redes municipais de ensino e maior adesão dos municípios ao uso desse material - não apenas de livros, como também da plataforma online de leitura ‘Elefante Letrado’, em que os alunos encontram livros para todos os níveis de leitores.

“O aluno vai lendo o livro e a plataforma vai medir o quanto está evoluindo, porque ela capta o áudio do aluno, a velocidade em que ele muda as páginas, e tem exercícios também”, diz Feder. “Os livros, em geral, são muito engajantes. São livros e sons. Tem músicas, jogos, brincadeiras.”

A plataforma também emite relatórios para os professores de como está o nível de leitura dos alunos e oferece sugestões de intervenções para desenvolvimento das habilidades das crianças.

2025

Para este ano, a Seduc-SP vai firmar uma parceria com o Sesi para coordenar a formação dos professores e pretende aumentar o material didático disponibilizado às escolas.

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“A gente vem com uma formação mais robusta. No ano passado, a formação foi só para o primeiro e segundo ano. Agora vai ter para todos os anos, e para os gestores escolares”, diz a coordenadora do Alfabetiza Juntos.

O objetivo da secretaria é alcançar 90% de leitores (iniciantes ou fluentes) até 2026.

Neste ano, será realizado o pagamento das escolas que foram premiadas pelo resultado, o que a secretaria espera que incentive uma evolução dos resultados de leitura.

Já com relação ao ensino de matemática, há uma previsão para implementar a plataforma Matfic, presente nas escolas estaduais, nas escolas municipais também.

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“A gente tem se se preocupar com as duas áreas: língua portuguesa e matemática. Em 2025, avai ter um olhar para a matemática mais forte. O próprio material de matemática deste ano é bem reforçado, são mais exercícios, mais páginas, contas mais difíceis”, acrescenta o secretário.