O estudante e empresário maranhense Renner Lucena, de 24 anos, se lembra exatamente de um dos momentos em que percebeu com mais clareza como a educação iria ter um peso grande em sua vida. Na época, com 15 anos, e estudando no ensino médio para o ITA como bolsista em um colégio em Fortaleza, a 1.200 km da sua cidade natal, ouviu de seu irmão, Roger, hoje com 27 anos, como aquele momento poderia ser decisivo para o futuro.
“Ele contou que achava que agora era um momento importante para aprender. É uma oportunidade que a gente não vai ter de novo e se, a gente fizesse direito, iria mudar nossa vida”, explica Renner.
Natural de Imperatriz, do Maranhão, é estudante de Ciência da Computação na universidade americana de Stanford, tendo recebido bolsa integral e recusado inclusive vagas para o ITA e IME para seguir o sonho de estudar fora.
Da mesma forma, seu irmão Roger sentiu na pele as oportunidades abertas pela possibilidade de estudar em melhores condições e acabou aprovado no ITA em segundo lugar.
Apesar de ter seguido na área de exatas, Renner exala educação, tema que fez e faz parte de sua trajetória e dia a dia. Ex-professor do Centro Acadêmico Santos Dumont, membro da Fundação Estudar e apoiador da Associação Cactus, que leva olimpíadas para estudantes dos interiores do Brasil, Renner deseja expandir ainda mais suas contribuições com o ensino.
Em seus anos no ensino médio e começo da faculdade, criou o projeto “Além do Horizonte”, ação autoral que estimulava estudantes a se inscreverem em olimpíadas em Imperatriz, sua cidade natal.
“Apesar do ‘Além do Horizonte’ ter acabado, eu e meu irmão seguimos como referência na cidade, e a gente segue conversando com as escolas e os alunos de lá que entram em contato. Aí a gente faz a ponte com o Farias Brito [colégio em Fortaleza] para as bolsas. E já ajudamos com dinheiro, com a passagem”, destaca Renner, indicando que está iniciando uma nova ponte para conseguir uma bolsa para outro estudante de sua cidade já para janeiro de 2023.
Atualmente morando em São Paulo, Renner fundou uma empresa de cryptogames, e deseja contribuir para o crescimento tecnológico do Brasil que, segundo ele, é intrínseco à educação do País.
“Um dia um professor me disse que se você aumenta a geração de recursos, você tem mais riqueza na sociedade. E o jeito de aumentar o número de riquezas é literalmente a educação. Ela é a ferramenta para melhorar a tecnologia. E se você tem tecnologia e educação, você consegue riqueza para todo mundo”.
A ideia de ampliação tem como um dos focos sua região natal, e aumentar a eficiência de empresas do Nordeste está entre as metas. “A gente poderia fazer comida muito mais barata. Qualquer recurso, se tiver educação e tecnologia, você consegue fazer a máquina girar.”
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