A Universidade de São Paulo (USP) anunciou nesta segunda-feira, 21, mudanças na Fuvest, um dos processos seletivos para a instituição. A decisão é de reduzir o número de dias de prova na 2.ª fase, cortar o bônus a alunos de escola pública e reservar 40% das vagas para esses estudantes. As alterações serão aplicadas na próxima seleção, que começa em 25 de novembro.
Estudantes aprovados na primeira fase do vestibular terão maratona de dois dias de provas na 2.ª etapa - e não mais três, como foi até este ano. A fase final do vestibular vai começar em 6 de janeiro de 2019. No primeiro dia da 2.ª fase, farão testes de Redação e Português, como já ocorre.
No segundo dia serão aplicadas só provas de disciplinas específicas ligadas à carreira escolhida pelos candidatos. O número de disciplinas cobradas poderá ser de até quatro - a decisão ficará a critério de cada unidade da USP. As matérias específicas para cada carreira ainda serão anunciadas. Também não foi informado se o número de questões da segunda fase será mantido.
Com a mudança, a Fuvest, na prática, excluirá da 2.ª fase um dia dedicado a questões interdisciplinares, ligadas a todas as áreas do conhecimento. A justificativa da Pró-Reitoria de Graduação é de que a medida evita o desgaste de candidatos.
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Para Gilberto Alvarez, diretor do Cursinho da Poli, a mudança é prejudicial. “É cada vez mais necessária uma formação geral. A Fuvest vai na contramão. Está procurando candidato com formação específica.” Já a aluna do Curso Poliedro, Carolina Bifone, de 19 anos, aprovou. “É menos coisa para focar na 2.ª fase”, diz ela, que tenta uma vaga em Medicina.
Coordenador do Curso Poliedro, Vinícius de Carvalho Haidar defende que a estratégia de preparação dos candidatos, pelo menos por enquanto, não deve se alterar. "O aluno tem de lembrar que a primeira fase não mudou: cobra todas as matérias. E ele precisa passar primeiro nesta fase para chegar à segunda."
Coordenador-geral do Curso Etapa, Marcelo Dias Carvalho avalia que candidatos que conseguiam se dar bem nas questões interdisciplinares podem sair prejudicados. "Muitos até gostavam da prova do segundo dia (com questões interdisciplinares) porque era mais abrangente. Os alunos mais generalistas acabavam evoluindo melhor", diz.
Para a estudante Sarah Aguiar, de 18 anos, a mudança é um sinal de que terá de estudar ainda mais as disciplinas específicas da carreira que pretende cursar. "Sei que outros estudantes vão estar tão por dentro quanto eu", diz a aluna que tenta uma vaga no curso de Direito da USP.
Bônus. O vestibular da USP também deixará de aplicar bônus de 12% na nota de alunos que cursaram o ensino médio na rede pública, benefício dado desde 2006. Esses candidatos terão, a partir deste ano, cota de 40% das vagas em cada um dos cursos. Dentre as vagas reservadas, 37,5% serão para pretos, pardos e indígenas (PPI). Em 2017, a USP já havia destinado parte das vagas à rede pública e, até 2021, a meta é reservar metade das cadeiras.
A partir deste ano, estudantes deverão ainda optar por uma em três modalidades na inscrição: Ampla Concorrência, Ação Afirmativa Escola Pública e Ação Afirmativa PPI. A seleção continuará a ser feita pela Fuvest e pelo Sistema de Seleção Unificada(Sisu), que considera notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A taxa de inscrição para o vestibular da Fuvest 2019 não será alterada. Segundo a USP, o valor continuará sendo de R$ 170. A data de inscrição para o exame ainda não foi anunciada.
O QUE MUDA
Segunda fase Terá duração de dois dias e cobrará, além de Redação e Português, disciplinas ligadas à carreira do candidato. As interdisciplinares ficarão de fora.
Escola pública 40% das vagas serão para alunos de escola pública, mas o bônus a esse público será extinto.
Chamadas O número de convocados para a segunda fase aumentará em 11 mil. Mas o número total de chamadas, ao fim do processo seletivo, cairá de seis para cinco.
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