Greve na USP: professores encerram paralisação após carta de compromissos da reitoria

Mais cedo, direção garantiu que cursos não serão fechados por falta de profissionais; estudantes, porém, continuam em greve

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Foto do author Caio Possati

Os professores da Universidade de São Paulo (USP) votaram na noite desta terça-feira, 10, para sair da paralisação que vem suspendendo as atividades acadêmicas da instituição há três semanas. A decisão foi tomada em assembleia geral, horas depois de a reitoria da USP publicar uma carta com compromissos que serão adotados para atender às reivindicações dos estudantes, que continuam em greve desde o último dia 20.

Em carta à reitoria publicado depois da assembleia, os professores, por meio da Associação dos Docentes da USP (Adusp) reconhecem que as negociações com a reitoria “promoveram avanços”, como o anúncio da contratação de mais docentes - uma das principais pautas do movimento estudantil -, a garantia de que a USP não vai fechar nenhum curso por falta de profissionais, e também a promessa de que nenhum dos grevistas sofrerá represálias em virtude dos protestos.

Estudantes da USP realizaram assembleia geral no vão da FFLCH na última segunda-feira, 9, e votaram pela continuidade da greve. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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No entanto, os professores identificaram também que, “mesmo com os reconhecidos avanços, ainda há aspectos que podem comprometer a solução de problemas relacionados à falta de docentes”, afirmaram na carta.

Entre os aspectos elencados pelos professores estão: a admissão automática de profissionais para preencher as vagas de docentes aposentados, exonerados e falecidos, e que em processos seletivos também sejam reservadas vagas de docência para pessoas pretas, pardas e indígenas, além de respeitarem a paridade de gêneros e a inclusão de pessoas trans.

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Eles declaram ainda apoiar a greve dos estudantes, e defendem que mobilizações devem continuar, como um “envio de carta à Reitoria contendo balanço dos avanços obtidos pelo movimento estudantil, apontando a persistência de problemas que devem ser sanados e instando a Reitoria a receber a Adusp”.

Mesmo com a saída dos docentes da greve, os estudantes permanecem mobilizados e terão uma assembleia geral nesta quarta, 11, para definir se continuam paralisados ou não.

Na tarde desta terça, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, fez um pronunciamento para apresentar a lista de 24 compromissos que a reitoria vai assumir em resposta às demandas que foram levantadas pelos estudantes durante a greve. Entre eles estão a contratação de 1.027 novos professores e o aumento no número de bolsas disponíveis para ajudar na permanência de estudantes de baixa-renda na universidade.

Segundo ele, as 1.027 novas vagas para professores “representam o maior programa de contratação já realizado numa universidade brasileira” e a ampliação das bolsas mostra a “boa vontade” da reitoria em negociar. “Então, vamos voltar às aulas, às pesquisas e às nossas rotinas, é isso que a sociedade espera de nós”, pediu Carlotti. “No nosso brasão está escrito: com a ciência, vencerá. Com a ciência, o conhecimento e o diálogo, a USP vencerá.”

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Pedro Chiquitti, estudante de História e diretor do Diretório Central Estudantil da USP (DCE), disse ao Estadão que, embora o documento represente uma “vitória concreta” da greve dos alunos, os compromissos da reitoria ainda estão distantes do almejado pelos manifestantes.

“Uma demanda que a gente tinha era o aumento do valor do auxílio permanência, que é de R$ 800, e o fim do teto de bolsas. A reitoria se baliza na distribuição das bolsas que ela mesma definiu e não de acordo com a necessidade dos estudantes. A gente queria o fim desse teto para que todo estudante que precisasse desse auxílio pudesse recebê-lo e não ficasse refém desse teto”, disse Chiquito, que considerou as 1.027 contratações de professores um número “enxuto”.

A greve foi aprovada na FFLCH em 20 de setembro e ganhou a adesão de outras faculdades com o passar dos dias, inclusive de unidades como a Escola Politécnica (Poli-USP) e Faculdade de Medicina.

Os alunos ocuparam os prédios das faculdades e passaram a controlar o acesso desses espaços por meio de piquetes com a intenção de impedir que professores e alunos contrários ao movimento realizassem as aulas normalmente. Estudantes e docentes que não apoiam a greve relataram ao Estadão que sofreram ameaças em virtude do posicionamento divergente dos manifestantes.

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