O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), diz que as greves feitas pelos professores e servidores técnico-administrativos de universidades públicas brasileiras são um “prejuízo para os Brasil e para os alunos”. Ele contou que chegou a se reunir com sindicatos das classes no ministério e fez um apelo para que não fosse deflagrada greve.
“Não havia necessidade de fazer greve agora, porque greve é quando não tem mais diálogo”, diz Camilo. “O prejuízo é para o Brasil e para os alunos. Queremos evitar isso.”
O ministro participou de audiência no Senado realizada nesta terça-feira, 16, em um momento de pressão por parte de instituições de ensino federal. Dezenas de universidades pelo País deflagraram greve pedindo melhores salários.
Camilo afirma que há o compromisso do governo em atender às demandas dos grevistas e que uma nova oferta do governo será feita nesta sexta-feira, 19. “Reconhecemos a necessidade de melhorar os servidores técnico-administrativos”, diz o ministro.
Até esta segunda-feira, 21 das 69 universidade públicas brasileiras começaram a ter paralisação de aulas mobilizada por professores universitários e servidores técnicos-administrativos de universidades e institutos federais. A última paralisação de alcance nacional foi em 2016.
Os servidores técnico-administrativos de pelo menos 30 institutos federais já estão em greve há um mês.
- Os professores de instituições federais pedem que o reajuste salarial seja de 22%, dividido em 3 parcelas iguais de 7,06% em maio de 2024, 2025 e 2026, enquanto os servidores técnico-administrativos pedem por um reajuste maior, de 34%, também dividido em três parcelas em 2024, 2025 e 2026.
Segundo o sindicato da categoria, os porcentuais correspondem às perdas salariais desde o governo do ex-presidente Michel Temer, em 2016, até dezembro de 2023, acrescidas das projeções inflacionárias de 2024 e 2025.
Camilo aponta que o ministério criou um grupo de trabalho para tratar das reivindicações dos grupos no ministério, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do tema e uma proposta já foi encaminhada para análise no ministério da Gestão, chefiado por Esther Dweck.
“Vejo com preocupação os Institutos Federais do meu Estado, a minha Universidade chegar a esse momento de paralisação mais uma vez por todas as consequências, que conhecemos e não conhecemos. Faço voto que essa proposta de negociação seja bem sucedido”, disse Esperidião Amin (PP-SC).
Durante a audiência, Camilo fez comentários sobre outros impasses no ministério. Ele voltou a atribuir a um problema interno da equipe a divulgação antecipada do resultado provisório do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) no final de janeiro, sem nomear responsáveis. O Sisu é a principal porta de entrada para o ensino superior público brasileiro.
“A decisão como ministro foi primeiro afastarmos algumas pessoas por isso”, afirma. Segundo o ministro, o MEC adotou novos protocolos de segurança para impedir que o episódio se repita e procurou fazer correções, “para não causar nenhuma injustiça em qualquer aluno que fosse prejudicado com o resultado do Sisu”.
Em tramitação agora no Senado após aprovação na Câmara, Camilo também pediu para que o Senado aprovasse “o mais rápido possível” as mudanças no ensino médio.
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