O brasileiro vive cada vez mais e com mais saúde. A conquista da longevidade com uma expectativa de vida hoje 31 anos maior do que em 1940, segundo o IBGE, também impõe desafios importantes. Profissionais mais longevos ganham espaço nos ambientes acadêmicos, com foco na atualização de suas habilidades ou mesmo pensando em uma transição de carreiras. As empresas, reconhecendo o valor da mão de obra mais experiente, também buscam compor equipes intergeracionais. A sociedade vem se mobilizando para retirar algumas barreiras que ainda impedem o acesso da população com mais idade ao mercado de trabalho e ao ambiente acadêmico, seja por preconceito ou por falta de oportunidades.
No Senac São Paulo, instituição que tem centenas de cursos livres, técnicos e de especialização, além de graduação e pós-graduação, o conceito de lifelong learning – o aprendizado ao longo da vida – tem impacto transversal nas iniciativas. Além de não haver qualquer barreira etária para ingresso nos cursos, sejam presenciais ou na modalidade EAD, o Senac tem uma posição clara quanto à importância de um ambiente diverso, que inclui também públicos de diferentes gerações. “Nossos cursos são abertos a todos, não há idade para aprender. Não cabe no ambiente escolar nenhuma forma de etarismo. O Senac é reconhecido por suas iniciativas para promover diversidade, que inclui também públicos com mais idade no ambiente acadêmico”, comenta Jonas Rogério Carvalho, coordenador de Vendas Corporativas do Senac São Paulo.
O lifelong learning, um conceito hoje fundamental no campo da educação, parte de uma premissa simples: o aprendizado não tem data para acabar, o que exige dos profissionais uma postura aberta ao conhecimento, independentemente das formações já adquiridas ou da idade. Seguir aprendendo permite que as pessoas possam navegar em um ambiente complexo, em que as profissões mudam com maior velocidade e se trabalha por muito mais tempo.
Dados do Senac reforçam a ideia de que há um crescente interesse dos profissionais em seguirem aprendendo, adquirindo novas habilidades, dentro desse conceito de lifelong learning em que não cabe qualquer forma de discriminação nos bancos escolares, incluindo o etarismo. Nos cursos do Senac, as matrículas dos 50+ representaram 9% do total em 2022.
O importante, explica Jonas Rogério, é que esse público se sinta estimulado a seguir estudando ao longo da vida e que tenha um ambiente que possibilite o aprendizado. “Manter-se atualizado é importante para seguir no mercado de trabalho. Há um grupo de profissionais que volta a estudar buscando uma transição de carreiras, algo que também é importante”, comenta o coordenador, lembrando que a área de tecnologia é uma entre as que têm atraído um público diverso, de olho em novidades no setor e nas ferramentas digitais.
Recomeço em qualquer fase da vida
O coordenador do Senac acrescenta que o estímulo a uma jornada que inclua a aquisição constante de novos conhecimentos impõe o combate a qualquer forma de etarismo – que pode ser preconceito com os mais velhos ou mesmo com os mais novos – e exige que as ações reflitam na organização. Como exemplo, ele cita sua trajetória no Senac. “Eu tenho 58 anos e entrei no Senac com 45 para tocar um projeto comercial. Em alguns anos, me aposento e já estou pensando em como continuar trabalhando, talvez em outra área, adquirindo outros conhecimentos. Um ambiente produtivo, seja de trabalho ou acadêmico, é o que tem várias gerações convivendo.”, comenta.
O desejo para seguir aprendendo foi o que estimulou as alunas Ana Lucia Barros, 59 anos, e Adriana Machado, 49 anos, a voltar a estudar e iniciar uma nova carreira. “Idade nunca foi obstáculo para mim e na pandemia, aos 48 anos, decidi fazer o curso de paisagismo no Senac na unidade Taboão da Serra”, comenta Adriana, acrescentando que no curso teve a oportunidade de conhecer novas pessoas, outros profissionais e até de viajar para a Europa.
Isso ocorreu graças ao projeto O Futuro da Paisagem, criado por ela em parceria com Ana Lucia, e que foi selecionado para a 18ª edição do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, realizado em Portugal. A outra autora do projeto, Ana Lucia, tem um longo histórico de cursos no Senac.
“Fiz vários cursos no Senac, já com mais de 45 anos, dentre eles um curso livre de Design Gráfico, um curso na área de eventos, o curso técnico de Design de Interiores e, finalmente, o curso técnico de Paisagismo”, relembra Ana Lucia. “Todo aprendizado é um ganho para a vida toda. Conhecimento é poder e faz parte da caminhada. No Senac tive várias oportunidades de estudar, com professores capacitados e bolsa de estudo 100% gratuita”, comenta Ana Lucia, mencionando o Programa Senac de Gratuidade (PSG), que desde 2009 concede bolsas de estudo 100% integrais. Adriana Machado também estudou com bolsa pelo PSG.
Formação gratuita
O Programa Senac de Gratuidade oferece formação profissionalizante em diversas áreas, como Beleza e Estética, Comunicação e Marketing, Desenvolvimento Social, Design, Educação, Gastronomia e Alimentação, Gestão e Negócios, entre outras, e também ensino médio, em mais de 60 unidades no Estado de São Paulo. Para participar, é preciso comprovar renda familiar mensal por pessoa de até dois salários mínimos federais. As inscrições devem ser feitas 20 dias antes do início do curso escolhido no site do Programa Senac de Gratuidade e são por ordem de chegada, em uma fila de espera virtual.
Além do PSG, o Senac oferece políticas de descontos, que vão de 20% a 50%, abrangendo outros níveis de ensino, como ensino superior, cursos de idiomas, entre outros.
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