A maioria das pessoas quando me contratam tem certeza que NÃO estão 100% satisfeitas com sua situação atual (trabalho, equilíbrio de vida pessoal/profissional, remuneração), mas não tem muita certeza do que SIM querem. Ou não tem certeza de como conseguir isso.
Algumas dúvidas que frequentemente escuto:
- Devo buscar outro emprego, ou continuar aqui mais um tempo para solidificar a experiência?
- Largo tudo para fazer um MBA fora do Brasil ou faço uma pós por aqui mesmo enquanto continuo me dedicando ao trabalho?
- Aceito essa oferta que ganha menos $ mas parece um trabalho mais interessante, ou tento crescer dentro da empresa?
- Tomo coragem para empreender ou continuo na carreira corporativa?
Junto a esses questionamentos, em geral, vem um cliente aflito, ansioso e/ou mentalmente exausto. Afinal, ele/ela, estão tentando resolver isso faz tempo. Isso porque, quando uma pessoa busca um coach, ela já tentou resolver a questão dela de mil outras maneiras (reflexão, terapia, prós e contras, pedindo conselhos a amigos, astrólogo, etc).E fez bem. Afinal, ninguém quer gastar dinheiro para fazer algo que ele consegue fazer sozinho. Mas, voltando ao ponto: o cliente que tem uma grande dúvida, por ele já ter dedicado muito tempo a tentar resolvê-la, sente que chegar a uma conclusão será MUITO DIFÍCIL.
E o que fazemos quando tempo que fazer uma escolha difícil? Sim, isso mesmo: nós sofreeeeeemos. Nós postergamos. Nós perdemos o sono. Nós cansamos nosso parceiro/parceira de tanto reclamar sobre a situação atual e somos repreendidos por não estar fazendo nada a respeito. (e nos sentimos ultrajados ao escutar isso pois sim, estamos fazendo algo a respeito: estamos nos preocupando horrores!).
Mas essa história não precisa ser assim.
Em seu TED "Como fazer escolhas difíceis", a Dra. Ruth Chang primeira explica o que define um escolha ser difícil.
Na visão dela se compararmos duas alternativas onde uma é claramente melhor que a outra (ex: você quer um emprego onde você vai ganhar mais/ter quantos dias de home office você quiser/ter chefe e equipe inspiradora/qualidade de vida abundante versus um emprego em que você vai ganhar pouco/se deslocar 3 horas por dia para trabalhar 12h por dia com pessoas que não admira), isso não é uma escolha. Isso é uma obviedade. Qualquer inteligência artificial (ou criança) poderia escolher a alternativa melhor.
Porém na maioria dos casos, as coisas não são tão fáceis assim. Numa alternativa você tem mais autonomia e desafio, na outra você tem creche grátis para sua filha. Em uma você tem um bônus potencialmente alto, na outra você tem horários que permitem treinar para seu triatlo. E por aí vai. Escolhas difíceis são aquelas cujos prós/contras não permitem uma comparação direta entre A e B. São aquelas onde não comparamos bananas com bananas. Comparamos bananas com sapatos.
Tá, então se o ideal não é sofrer com o dilema difícil, o que podemos fazer ao invés disso?
Dr. Chang afirma que essas escolhas são a oportunidade para nós afirmarmos o tipo de pessoas que somos, naquele momento de vida. Por exemplo: Eu sou o tipo de pessoa que prioriza levar minha filha na escola do que ter um carro da empresa. Eu sou o tipo de pessoa que prefere continuar me desenvolvendo em minha área de expertise do que tentar/me desafiar em uma área diferente. E conseguir afirmar (para você e para os outros) o tipo de pessoa que você é e, consequentemente, agir conforme a isso, traz uma sensação de paz só possível quando nossos pensamentos, palavras e ações estão alinhados.
Então, para essa semana, convido-o/a à seguinte reflexão: quais são as decisões difíceis que você está postergando? Quais as alternativas possíveis? Que tipo de pessoa você é nesse momento: a que valoriza A ou B? (e óbvio, sempre vale o questionamento: O que eu poderia fazer para buscar A e B? Estou disposto a isso?).
Espero que essas perguntas te ajudem no processo de resolução. E se ainda assim você está com dúvidas, sempre pode pedir ajuda dos universitários.
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