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Mensalidade das escolas particulares de SP: qual deve ser a média de reajuste? Veja previsão

Aumento dos valores deverá ficar acima da inflação, conforme pesquisa que consultou 345 escolas no Estado

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Foto do author Isabela Moya
Atualização:

As escolas particulares do Estado de São Paulo devem aplicar reajuste de, em média, 9,5% nas mensalidades do próximo ano letivo, segundo pesquisa feita pela Explora Pesquisas Educacionais, empresa do Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições de ensino. Foram consultadas 345 colégios paulistas.

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O porcentual de reajuste deve ser mais do que o dobro da inflação esperada para todo 2024 (o IPCA deve encerrar o ano em 4,3%, segundo previsão do Banco Central).

O aumento superior à inflação ainda é uma forma de recuperar parte das perdas que ocorreram após a covid-19, com redução de alunos e aumento da inadimplência e dos descontos, segundo o presidente do Grupo Rabbit, Christian Coelho. “Na pandemia, as escolas deram desconto médio de 25%. Vão demorar anos para recuperar isso.”

No Rio de Janeiro, a previsão é de reajuste de 9% e, em Minas Gerais, 10%. No Espírito Santo, não houve respostas suficientes para prever o porcentual.

Em todo o País, a pesquisa consultou 680 escolas e foram calculadas as seguintes médias para as demais regiões:

  • 9% no Centro-oeste;
  • 9% no Nordeste;
  • 9% no Norte;
  • 8% no Sul.

Esses valores são a média das escolas consultadas na pesquisa, mas não representam um parâmetro obrigatório. O Estadão entrou em contato com diversas escolas particulares de São Paulo, como Bandeirantes, Porto Seguro e Santa Cruz. As instituições afirmam que ainda não fecharam o valor do reajuste para 2025.

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A única a informar um porcentual foi a Escola Internacional St. Paul’s, que aplicou reajuste de 9,9%, em junho, uma vez que a instituição segue o calendário acadêmico britânico.

Não há porcentual máximo de reajuste fixado por lei, mas o aumento não pode ocorrer em período inferior a 12 meses e precisa ser divulgado até 45 dias antes da data final da matrícula para que os pais se organizem financeiramente ou procurem a transferência para outra instituição.

Escolas devem demonstrar despesas para justificar o aumento da mensalidade. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O aumento no valor das mensalidades reflete a inflação do ano anterior, o reajuste do salário de professores e investimentos feitos pela escola, diz a pesquisa.

São considerados também custos adicionais que a escola teve no ano anterior, como conservação e manutenção, despesas administrativas e contratação de funcionários. Todos os investimentos e a variação de custos precisam ser demonstrados em uma planilha para justificar o aumento, explica a assessora do Procon-SP, Patrícia Dias.

“As escolas precisam ter coerência (no reajuste). Primeiro, ela pode perdero aluno se o valor foi muito alto. E ela tem de demonstrar os custos”, acrescenta Patrícia.

Caso os pais não consigam arcar, é possível negociar com a direção. Em alguns casos, como quando há irmãos matriculados, abatimentos são comuns. Outra opção é um desconto ou isenção de mensalidade para alunos com bom desempenho nos boletins ou em um concurso de bolsas.

Com marido desempregado, alta de preço preocupa mãe

Mãe de três filhos, Renata Silveira recebeu assustada a notícia de aumento da mensalidade e das taxas de materiais de seus dois filhos mais novos, que estudam em um colégio particular em São José do Rio Preto, no interior paulista.

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Com a inclusão de duas disciplinas obrigatórias - uma nova modalidade de Inglês e Robótica - a mensalidade do caçula, que têm 65% de desconto por bolsa, passa de R$ 560 para R$ 720, alta de 28,5%. Há ainda a taxa de material didático, que saltou de R$ 230 para R$ 311 (mais 35%).

“O aumento é muito alto”, diz a servidora pública técnica do Judiciário, que se queixa da defasagem do seu salário frente aos custos elevados.

Ela relata dificuldades financeiras desde que o marido perdeu o emprego, o que afeta sua saúde mental. “Eu me viro para manter as contas em dias, pagar a escola das crianças. Não sobra dinheiro para lazer. Fazemos isso para ter qualidade no ensino das crianças”, diz.

A filha mais velha estuda em uma escola particular militar, que ainda não divulgou o reajuste. Mas Renata já antecipa que o valor será alto, pois a filha entrará no ensino médio, etapa em que os preços costumam subir.

A reforma do ensino médio - com a reestruturação dos currículos e a inclusão de disciplinas optativas - também ajudou a pressionar o caixa das escolas nos últimos anos.

Renata inscreveu a filha na prova para entrar no instituto federal da cidade. Além de aliviar as contas, é uma saída para ajudar no sonho da adolescente de cursar Medicina. “Eu não teria condições de pagar faculdade particular”, diz a mãe, que mira a possibilidade de a filha entrar na universidade pública pelas cotas.

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Inadimplência

Presidente do Rabbit, Christian Coelho tem notado tendência de maior demora das famílias para fazer a rematrícula desde a pandemia. Um dos motivos é a maior inadimplência, pois não é possível a rematrícula para o ano seguinte quando há mensalidades em atraso.

“Cada vez mais os pais demoram para realizar as renovações, resultado que aumenta o número de alunos que se matriculam em março e abril”, ele diz.

  • A inadimplência constatada nas 680 escolas consultadas foi de 9,3% em agosto - maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando 8,9% dos alunos estavam em atraso.
  • Ainda em 2023, a taxa caiu para 5,4% em dezembro, com a regularização dos débitos de parte das famílias. A previsão para o final deste ano é de 5,8%.
  • A proporção de rematrículas antecipadas para 2025 também caiu. Em 1.250 escolas consultadas, só 27% dos alunos já efetuaram a rematrícula. Em setembro do ano passado, 32% dos alunos já tinham adiantado a rematrícula.

Em casos de inadimplência da mensalidade, a escola não pode impedir o aluno de ter acesso aos seus direitos acadêmicos no ano vigente, como frequentar aulas, atividades pedagógicas e provas ou emitir certificado de conclusão, boletins e documentos.

Procurada, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) reforçou que as instituições particulares de ensino têm autonomia para elaborar e definir os valores da planilha de custos conforme a diversidade de atividades.

Tendências da educação

Outra análise do Grupo Rabbit é de que o setor educacional privado passa por uma fase de “rápidas e profundas mudanças”. Um dos motivos é a entrada de grandes investidores no mercado, que já ocorre há cerca de 15 anos e “se dá em ondas”. São três grandes nichos que crescem nesse mercado:

  • Escolas premium, voltadas para uma camada de alto poder aquisitivo;
  • Escolas low cost, de grandes redes de ensino com valores de mensalidade muito competitivos e grande oferta de atividades extracurriculares;
  • Franquias ou licenciamento de marcas.

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Como negociar a mensalidade?

Algumas dicas para negociar os valores das mensalidades e custos adicionais, segundo Dias:

  • em caso de irmãos ou primos matriculados, peça descontos (quanto mais alunos, mais descontos);
  • solicite a isenção ou parcelamento da taxa de matrícula;
  • negocie a isenção da taxa de material didático ou veja se é possível usar o material doado por alunos dos anos anteriores;
  • veja a possibilidade de bolsa de estudos pelo histórico de desempenho acadêmico ou por meio de concurso;

É importante que os pais façam pesquisa entre escolas similares e tragam valores da concorrência para a negociação.

Caso haja a possibilidade financeira, pode-se negociar desconto na anuidade para adiantamento das mensalidades do trimestre, semestre ou até de todo o ano.

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