Metodologias ativas promovem ‘self study’ e desenvolvem protagonismo do aluno

Antes de ouvir sobre conceitos, alunos desenvolvem em apps ou em espaços escolares aplicações práticas do estudo

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Por Ocimara Balmant e Vanessa Fajardo
Atualização:

Antes de conhecer as nomenclaturas que definem a interação dos seres vivos em seu hábitat – como se a presença em maior quantidade de um animal prejudica ou favorece a permanência do outro –, os alunos do Colégio Bandeirantes fazem simulações com um software para ver como essas relações funcionam na prática. Depois de “brincarem” como ficaria um oceano com muitos peixes ou pouco tubarões, ou vice-versa, por exemplo, eles vão para a sala de aula aprender conceitos como parasitismo e comensalismo. Este é um exemplo de uma aula chamada “self study” (auto estudo, na tradução) desenvolvida pelo Bandeirantes para os estudantes do 7º ano por meio de metodologias ativas – a ideia é que o estudante aprenda de forma autônoma, participativa e criativa, respondendo desafios e problemas reais.

Mayra Ivanoff Lora, diretora pedagógica no Colégio Bandeirantes, conta que os professores estão sendo estimulados a desenvolverem atividades no modelo “self study” sem abrir mão dos conteúdos, mas de modo que tenham mais autonomia na construção do conhecimento. “Neste exemplo, os alunos já conhecem como funcionam essas interações, como a presença de um ser vivo faz o outro aumentar ou diminuir, porque já fez as simulações no software, o que é mais interessante do que na aula tradicional. O mais importante é saber identificar essas relações. Às vezes o aluno pergunta se a atividade que está fazendo é ‘self study’, o que para nós é um ótimo sinal, já que ele nem está percebendo a diferença.”

No Colégio Bandeirantes, os conceitos das disciplinas são ensinados também em atividades fora da sala de aula. Foto: Colégio Santana/Divulgação

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A diretora afirma que as metodologias ativas já faziam parte do projeto pedagógico da escola, mas depois da pandemia sua aplicação se tornou ainda mais necessária pelo fato de os alunos terem passado muito tempo em casa, “aprendendo sozinhos”. “Sempre teremos as boas aulas ‘tradicionais’, daquele professor apaixonado, que conta histórias. O problema é só trabalhar com a mesma estratégia sempre. É necessário ter uma diversidade de ações, porque os alunos aprendem de formas diferentes. Porém, os desafios precisam ocorrer na medida certa para que não sejam nem muito fáceis nem difíceis. As duas pontas são muito contraproducentes”, diz Mayra.

Outra forma utilizada pelo colégio para fazer os estudantes absorverem os conteúdos de maneira mais ativa, e neste caso lúdica, é aprender conceitos de Física por meio de um equipamento montado no pátio chamado “Polias”, que é uma máquina capaz de elevar os corpos verticalmente. Nele os estudantes podem se pendurar, medir força, entender os ângulos e a sustentação. “Quando voltam para a aula e para o professor formalizar os conceitos, há um outro tipo de engajamento, o aluno vai com outro olhar. O Polias causa um impacto até nos estudantes de outras séries.”

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O problema é só trabalhar com a mesma estratégia sempre. É necessário ter uma diversidade de ações, porque os alunos aprendem de formas diferentes

Mayra Ivanoff Lora, diretora pedagógica no Colégio Bandeirantes

Desafios

Angela de Cillo Martins, diretora pedagógica de Educação Infantil e Ensino Fundamental 1 do Colégio Dante Alighieri, também adere às metodologias ativas. Angela diz que “todo professor deseja que seus alunos se engajem e participem das aulas, mas se ela for desenvolvida de forma passiva, não haverá engajamento”. “É preciso reconhecer a potencialidade de aulas e sequências didáticas que considerem as metodologias ativas nas aulas, pois apresentam criatividade e criticidade. Nossos alunos são ativos, conectados a um mundo multimodal e precisamos de metodologias que ressignifiquem a aprendizagem”, afirma a diretora.

Sendo assim, Angela conta que para planejar suas aulas tem em mente questões como: “O que meu aluno vai produzir na minha aula? Quanto tempo eu vou falar e quanto tempo ele vai produzir? Só eu falo ou ele fala também? Esta proposta desafiará os meus alunos? Se eu fosse aluno, eu gostaria dessa aula?”,

No Dante os alunos do 2º ano do ensino fundamental foram motivados a criar ou recriar brinquedos para o pátio do colégio. A princípio tiveram contato com imagens dos parques da capital, depois planejaram, divididos em duplas, o que gostariam de mudar ou inovar. Os protótipos tinham de seguir as regras de segurança e funcionalidade apresentadas pela professora.

No Dante Alighieri,os alunos do 2º ano do ensino fundamental foram motivados a criar ou recriar brinquedos para o pátio do colégio Foto: Dante Alighieri/Divulgação

Na etapa de planejamento, os alunos compartilharam ideias e dicas de materiais que poderiam ser utilizados. Para a construção, trabalharam com tecnologias digitais e analógicas, e fizeram testes com bonecos em miniatura. Ao término da aula, os alunos apresentaram seus protótipos, que também serão expostos na instituição.

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No ensino fundamental 2 e ensino médio, as metodologias ativas também norteiam as atividades. Sandra Tonidandel, diretora pedagógica desses ciclos de ensino, lembra que em todas as séries do Dante se trabalha com projetos interdisciplinares que envolvem todos os componentes curriculares (tudo iniciado com uma “grande questão desafiadora”). Entres os exemplos, Sandra cita as rodas de leitura coletivas em que os alunos apresentam suas resenhas críticas construídas em grupo na área de Língua Portuguesa; em Matemática, há a construção de elementos de economia criativa e sustentável; em línguas estrangeiras, há a produção de podcasts, curtas-metragens, e documentários com recursos digitais.

“A criança é um ser pensante e potente. Quando encorajada a fazer perguntas, a levantar e a testar hipóteses, se torna mais autônoma na apropriação do conhecimento. Quando entende que é potencialmente transformadora da própria jornada escolar, a criança participa com mais entusiasmo e envolvimento”, afirma a diretora Angela.

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