Os novos dados do Censo Superior se somam aos resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) desse ano (divulgado em março) para reforçar o que já se sabe há um bom tempo: com raras exceções, a qualidade da formação de professores no Brasil está na UTI.
Neste cenário de calamidade, existem pelo menos três graves problemas: o aumento significativo do número de concluintes em cursos a distância (EAD), que explodiu na última década; a baixa qualidade geral dos cursos de formação inicial de professores, independente se na modalidade presencial ou a distância; e as altas taxas de evasão de alunos de Pedagogia e Licenciatura, em particular nas áreas de exatas, onde os porcentuais são muito superiores à média geral do ensino superior.
Por parte do atual MEC, por um lado, o drama não tem passado desapercebido: as lideranças máximas do ministério têm manifestado preocupação com o tópico e foi criado um Grupo de Trabalho interno que, em agosto, finalizou o seu relatório. E na versão-resumo que foi divulgada, há bons apontamentos.
Para citar alguns: repensar a forma pela qual o MEC avalia e regula os cursos de Pedagogia e Licenciaturas, dando mais ênfase à sua qualidade e enfrentando a expansão desenfreada do EAD; melhorar o processo de avaliação dos estudantes de cursos de licenciatura, a partir da reestruturação do Enade; fortalecer e aprofundar os programas que buscam a vivência prática de qualidade dos futuros docentes nas escolas, tais como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID).
Porém, passados três meses desde a conclusão dos trabalhos do GT, nada de muito concreto foi apresentado até aqui. Dada a urgência do tema, e também para afastar a leitura de que há incoerência entre o discurso e a prática, passou da hora de o MEC agir.
*Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos Pela Educação
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