SÃO PAULO - Em poucos momentos a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP, esteve tão atuante na universidade. Apesar de ser dona da universidade, a fundação nunca teve com a PUC um ambiente tranquilo de correlação de forças sobre os rumos da instituição.
Por muitos anos, reitoria e fundação se confundiam. Como a fundação não dispunha de quadros que dessem conta da complexidade acadêmica, a universidade era levada pela influência de alguns professores e dirigentes. O processo resultou em desequilíbrio nas contas, exemplificado em casos de docentes que praticamente não davam aulas. “A democracia não soube condizer com a meritocracia”, disse um professor.
Com a crise financeira de 2006, a mantenedora nomeou interventores – o que marcou o início da reestruturação ainda em andamento. Há dois anos, porém, a fundação forçou uma situação para manter as rédeas: a nomeação como reitora de Anna Cintra, embora ela tenha ficado em último na eleição interna. Com a quebra da tradição de escolher o primeiro, a reitora perdeu parte do apoio que tinha. Para gerir, lançou mão de um “temperamento autoritário”, na visão de alunos e professores, o que não colaborou na conciliação com eles.
Entre os docentes demitidos recentemente, comenta-se que critérios de qualidade nem sempre foram levados em conta. Em departamentos em que o sindicato tem mais força, gente mais afinada com a fundação foi limada. E o inverso também aconteceu.
A ocupação da reitoria neste mês evidenciou a sensação dos alunos. A postura da reitora tem sido vista como pouco democrática e até mesmo em choque com o pensamento tradicional de esquerda da PUC-SP. Agravante para uma escola intimamente ligada ao PT, mas que não se viu beneficiada pelas políticas do partido na medida de outras particulares, e que também não foi capaz de renovar o pensamento de esquerda no País nos últimos anos.
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