Nove em cada dez pais querem que filhos sigam carreiras tradicionais

Média dos brasileiros que preferem Medicina, Engenharia e Direito é superior à mundial (83%), aponta pesquisa do HSBC em 16 países 

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SÃO PAULO - Nove em cada dez pais brasileiros gostariam que os filhos seguissem carreiras tradicionais, como Medicina, Engenharia e Direito. A preferência por essas áreas é maior no Brasil do que a média mundial, que foi de 83% dos pais entrevistados, segundo pesquisa realizada em 16 países pelo banco HSBC, nos meses de março e abril deste ano. 

Dentre os pais que disseram ter preferência para as carreiras tradicionais, 23% disseram que gostariam que os filhos cursassem Medicina, 18% disseram preferir Engenharia e 12%, Direito. Além disso, 83% dos pais disseram querer que os filhos tenham uma profissão diferente da sua.

23% dos pais brasileirosdisseram que gostariam que os filhos cursassem Medicina Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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De acordo com Augusto Miranda, diretor de Gestão e Patrimônio do HSBC, a preferência está ligada à falta de organização financeira dos brasileiros. "As carreiras mais populares entre os pais são as mais conservadoras, aquelas com mercado de trabalho já consolidado e com menos riscos. No Brasil, ainda não temos uma cultura de organização financeira, por isso, eles querem que os filhos sigam essas profissões para ter mais segurança."

A pesquisa também apontou que para 89% dos pais brasileiros considera que ter um diploma universitário é "essencial" para atingir "metas importantes na vida", sendo que 88% dos pais no Brasil também disseram estar dispostos a contribuir financeiramente para a graduação dos filhos. A média global é de 95% dos pais. "Os pais, realmente, desejam que os filhos sejam bem sucedidos em suas carreiras, mas poucos executam um plano financeiro para que a criança possa estudar no país ou fora", disse Miranda.

Poupança para a educação. Levantamento realizado pelo banco no ano passado apontou que os pais brasileiros são os que menos poupam para a educação dos filhos. Apenas 42% dos entrevistados economizava para os estudos dos filhos, enquanto a média global era de 64%. Em países asiáticos, onde a cultura da poupança é maior, a economia chegava a 85% dos pais na Malásia e 81% na China. 

A pesquisa atual mostrou que grande parte reconhece que uma educação de nível superior significa altos investimentos. Sete em cada 10 (70%) brasileiros consideram a universidade inacessível para a maioria das pessoas. Um estudo feito pelo banco estimou entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão (levando em consideração mensalidades, transporte, alimentação, cursos de idiomas, uniformes, material didático, entre outros) o investimento em educação para uma criança, do ensino infantil ao superior. 

Larissa Albuquerque de Oliveira, 19 anos, estava cursando o terceiro ano no curso preparatório do Anglo para o vestibular de Medicina, quando decidiu mudar e cursar História. "Eu tive muito medo da reação dos meus pais. Ficou claro que eles ficaram um pouco decepcionados com a mudança, mas disseram que me apoiariam."

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Ela contou ainda que a remuneração mais alta para médicos e a oferta de vagas no mercado de trabalho foram os motivos apontados pelos pais para justificar a preferência. "Mas eu sei que tem também a questão do status da profissão", disse a estudante.

Arles Maisa Silva, 18 anos, disse que os pais nunca a pressionaram para escolher a carreira, mas que ficaram "aliviados" quando ela decidiu que prestaria o vestibular para Medicina. A jovem, que veio da Bahia para estudar no Cursinho da Poli, em São Paulo, disse que os pais a incentivaram financeira e emocionalmente por ser uma profissão com maior estabilidade. 

Felicidade. Ainda de acordo com a pesquisa, para 62% dos pais brasileiros a felicidade deve ser a meta de vida dos filhos. O número está abaixo da média mundial, que foi de 64% dos pais. Ter dinheiro o suficiente para ter uma vida confortável foi apontada como a principal meta para 35% e ter uma carreira de sucesso foi apontada por 32%. 

A pesquisa O Valor da Educação entrevistou 5.500 pais, com filhos com menos de 23 anos, em 16 países. 

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