Novo ensino médio: projeto de lei prevê Inglês e Espanhol obrigatórios

Texto também determina que itinerários articulem pelo menos três áreas do conhecimento e proíbe EAD para formação básica; Proposta foi enviada para análise da Casa Civil nesta sexta-feira

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Foto do author Renata Cafardo
Atualização:

O projeto de lei elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) para alterar o novo ensino médio, obtido pelo Estadão, determina que o Inglês e o Espanhol sejam ofertados obrigatoriamente na etapa. Além disso, o PL estabelece que os itinerários formativos (parte flexível do currículo, escolhida pelos alunos) devem devem articular, obrigatoriamente, pelo menos três áreas do conhecimento ou serem dados junto com a educação profissional.

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Esses percursos deverão seguir diretrizes nacionais, que ainda serão elaboradas. O projeto também proíbe a educação à distância (EAD) para a formação geral básica. A minuta do projeto de lei foi enviada à Casa Civil e a entidades da área nesta sexta.

Em agosto, na primeira proposta apresentada pelo MEC, a ideia era de que as escolas de ensino médio deveriam oferecer Inglês ou Espanhol. Na apresentação feita pela pasta foi dito que as redes passariam a ter Inglês ou Espanhol “alternativamente”. Fontes ouvidas pelo Estadão à época confirmaram a intenção.

Segundo a lei atual, podem haver aulas de Espanhol optativas, mas o Inglês é a língua obrigatória estrangeira. A possibilidade de escolha de uma ou outra língua foi muito criticada por especialistas, que viram o risco de escolas deixarem de oferecer o Inglês.

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A defesa da volta do Espanhol, segundo o Estadão apurou, atende grupos de esquerda, ligados a entidades de professores da língua e também atrela-se à política do governo Lula de aproximação do Brasil a países do Mercosul.

“Os sistemas de ensino deverão garantir a oferta obrigatória da língua espanhola no currículo do ensino médio em todas as escolas no prazo máximo de 3 (três) anos a contar da data de promulgação desta Lei”, diz o texto.

O projeto de lei afirma ainda que o Conselho Nacional de Educação (CNE) deverá produzir um anexo específico para Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que trate das competências e habilidades relativas ao componente curricular de língua espanhola no ensino médio.

Cada escola será obrigada a ofertar até 2025 pelo menos dois itinerários, que agora passam a se chamar passam a se chamar “percursos de aprofundamento e integração de estudos” . De acordo com o PL, para definir os percursos os sistemas de ensino deverão levar em consideração parâmetros nacionais para organização curricular, o que significa que o MEC dará mais direcionamento ao que será ensinado nos percursos.

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As redes poderão articular pelo menos cinco itinerários, desde que eles misturem pelo menos três áreas do conhecimento ou educação profissional.

I- Linguagens, Matemática e Ciências da Natureza;

II - Linguagens, Matemática e Ciências Humanas e Sociais;

III - Linguagens, Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Natureza;

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IV - Matemática, Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Natureza;

V- Educação profissional e outras duas áreas à escolha.

Atualmente, os itienários são organizados sem que haja obrigatoriedade de Linguagens e Matemática em dois deles.

O Estadão apurou que a configuração dos percursos de aprofundamento foi feita levando em consideração a necessidade ter maior controle sobre os conteúdos oferecidos e evitar que os estudantes fiquem sem aprender temas importantes.

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Por isso, foi incluída a determinação de que o modelo articule pelo menos três áreas do conhecimento e siga diretrizes nacionais.

O texto foi elaborado pelo MEC, mas ainda passará pelo crivo da Casa Civil e poderá sofrer alterações antes de ser enviado ao Congresso Nacional. A expectativa do ministro Camilo Santanta é que a mudança do novo ensino médio seja votada ainda este ano.

EAD vetada

Outro ponto trazido pelo projeto de lei do MEC determina que a formação geral básica dos estudantes deverá ser feita de forma presencial. A crítica ao uso da educação à distância nas aulas básicas foi uma das tônicas da consulta pública feita pelo MEC junto a estudantes e professores.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não faz parte do PL e não será mudado até 2024, segundo o ministro Camilo Santana. A prova continuará a avaliar apenas a formação básica e não os itinerários. De acordo com Camilo, o modelo da prova a partir de 2025 será discutido novamente com a sociedade.

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O PL também volta a mencionar disciplinas como História, Geografia, Sociologia, Filosofia, Física, Química, Biologia, Artes. Essas áreas não apareciam claramente como obrigatórias no currículo do ensino médio. Na lei anterior sobre o novo ensino médio, apenas Português e Matemática estavam expressadas como compulsórias.

Carga horária

Como o Estadão adiantou, a carga horária prevista também deve ser modificada. O projeto de lei do MEC prevê 2400 horas para formação geral básica e 600 horas para formação específica.

A exceção ocorre no percurso relacionado à formação técnica, cuja carga horária mínima para a parte básica poderá ser reduzida a 2.100 horas, ficando o restante destinado ao aprendizado específico. Na proposta anterior do MEC, o ensino propedêutico e o técnico ficavam ambos com 2.400 horas. Como mostrou o Estadão, essa era uma preocupação de instituções e redes de ensino porque a formação técnica ficaria comprometida com uma carga horária que não é usual no País.

O projeto também incentiva o ensino em tempo integral, especialmente em cursos cuja área técnica tenha 1.200 horas, que é a maioria no País. “A partir do início do ano letivo de 2026, a oferta de cursos técnicos com duração de 1.200 (mil e duzentas) horas deverá ocorrer em jornada escolar que supere a de tempo parcial de turno único”, diz o texto.

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