Educação e tecnologia juntas: como inserir o ChatGPT no planejamento das aulas

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Por Jaqueline Marson

Educação eficaz e efetiva, professor, alunos e inteligência artificial (IA) combinam? O professor de Geografia, Luis Felipe Valle, nos mostra que sim. No Colégio e Curso Oficina do Estudante, a ferramenta foi utilizada em uma aula de Atualidades, da turma do 3º ano do Ensino Médio, para testar a capacidade da inteligência artificial diante de problemas relacionados à Economia.

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"Como o ChatGPT estava aparecendo com frequência nos canais de notícias, resolvi colocá-lo 'à prova', para ver se era capaz de responder perguntas complexas e, talvez, indicar soluções para problemas como desemprego estrutural, concentração de renda, precarização do trabalho e aumento da fome e da pobreza nos últimos anos", explicou o professor.

Segundo Luis Felipe, a turma gostou bastante, principalmente pela sensação de que a IA parecia outra 'pessoa' participante no diálogo entre nós - professor e estudantes. "Embora já esteja presente em sites de buscas ou assistentes virtuais, a tecnologia ainda é apresentada como novidade, vista por alguns como 'sobre-humana' ou 'onisciente', completou.

O planejamento de aula mudou?

Luis Felipe afirma que não, todavia, perguntas que, geralmente, são feitas aos estudantes para provocar e estimular o pensamento crítico, foram direcionadas ao ChatGPT. "Como esperávamos, não houve 'resposta mágica' ou 'fórmula milagrosa' revelada, uma vez que o próprio simulador destacou, em suas respostas, que debater temas relacionados a economia, política e sociedade exigem uma análise interdisciplinar, considerando diversos contextos, a partir de diferentes perspectivas."

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"A IA pode produzir interpretações subjetivas, que precisam ser analisadas considerando princípios democráticos, como: proteção à vida e garantia de direitos básicos como dignidade, liberdade e justiça social", explicou o professor Luis Felipe Valle. Ele é formado em Geografia, mestre em Linguagens, Mídia e Arte e está fazendo pós-graduação em Neuropsicologia.

Dicas do professor

O ChatGPT não é uma ferramenta não nova, mas começou a fazer sucesso recentemente  

O professor alerta para um ponto fundamental: o uso excessivo do ChatGPT (ou de qualquer outra ferramenta de IA) pode fazer com que a capacidade de interpretação, análise crítico-reflexiva e criatividade não sejam estimuladas e desenvolvidas pelo usuário.

E dá a dica: é preciso ter atenção porque, quando a ferramenta não sabe a resposta para uma pergunta, ela pode produzir respostas aleatórias, sem correspondência com fatos científicos, ou se tornar um 'gerador de lero-lero' ao escrever respostas que dizem nada.

"Embora não devamos ter medo ou criar tabus diante da utilização de novas tecnologias, seu uso deve ser feito de forma consciente e responsável", adverte o professor.

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Sobre o ChatGPT

Nos últimos meses, com certeza ouviu falar em ChatGPT. Apesar de ter sido lançado em novembro de 2022, se tornou assunto recentemente. É um chatbot online de inteligência artificial, desenvolvido pela OpenAI, e utilizado para auxiliar em processos como: pesquisa, revisão de textos, correções gramaticais, compilar dados sobre datas e eventos históricos, mostrar localizações e acontecimentos geográficos, características de elementos químicos, teorias científicas, obras clássicas da literatura e muito mais.

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