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Pai de Elon Musk e cantor Leonardo admitem ter filho preferido: qual o impacto emocional disso?

Especialistas apontam que o chamado Favoritismo Emocional pode provocar angústias profundas e conflitos pessoais

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Foto do author Thaíse Ramos

Pode ser espantoso afirmar que em boa parte das famílias há um filho preferido. Costumamos agir com o pressuposto, ao menos nas aparências, de que todos ocupam o mesmo espaço no coração dos pais. O incomum nisso tudo é pais assumirem que existe um filho predileto.

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Entre os raros casos está Errol Musk, que, em entrevista a um programa de rádio na Austrália, em agosto de 2022, revelou não ter tanto orgulho das conquistas do filho mais velho, o bilionário Elon Musk, de 52 anos.

O empresário assumiu que preferia que seu primogênito continuasse trabalhando nos negócios da família do que abrir empresas nas mais diversas áreas e acumular um patrimônio gigantesco.

Ele também admitiu ter outro filho como o favorito: Kimbal, dono de restaurantes nos Estados Unidos, dois anos mais novo que Elon. “O meu orgulho e minha alegria”, disse o patriarca dos Musk.

Além de Elon e Kimbal, ele tem uma filha, Tosca, com a sua primeira mulher, Maye Musk, e mais quatro filhos. Dois deles com a segunda mulher, Heide Bezuidenhout, e mais dois com a enteada, Jana Bezuidenhout.

Elon Musk é um dos homens mais ricos do mundo Foto: Mike Blake/Reuters

O cantor brasileiro Leonardo também afirmou publicamente que tem um filho favorito entre os seus seis herdeiros, mas não foi tão direto como Errol Musk.

Questionado, em maio deste ano, se era verdade que tinha um dos filhos como preferido, o sertanejo, sempre “sincerão”, disse que sim. “Tem filho que você convive, e dizem que o amor é convivência, então, tem, sim”, declarou. Mas, o cantor não revelou o nome do predileto.

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Com a mulher, Poliana Rocha, Leonardo tem um filho chamado Zé Felipe, que também é cantor. Os outros são João Guilherme (ator e cantor), Pedro Leonardo (cantor), Jéssica Beatriz Costa (influenciadora digital), Matheus Vargas (músico) e Monyque Isabella (estudante de Agronomia).

Leonardo e os seis filhos Foto: Instagram/@leonardo

O que dizem os especialistas?

O psicólogo Alexander Bez, especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM), nos EUA, deixa claro que certas afirmações e colocações podem ter desfechos psicológicos extremamente negativos.

“Psiquicamente falando, nenhum pai pode explicar a preferência por um filho. No entanto, essa preferência em milhões de casos procede e é real, sendo as suas origens determinadas por várias questões pessoais. Mas, o correto seria não externá-las para que, assim, não haja uma avalanche de sentimentos desencadeados e, consequentemente, uma série de manifestações psiconeuróticas”, explica.

Essa ação de decretar publicamente a preferência por um dos filhos chama-se Favoritismo Emocional, segundo o especialista. “O Favoritismo Emocional também não significa que você não goste de seus outros filhos, mas, sim, que goste 101% daquele e 100% dos outros. Só que essa porcentagem de 1% não deve ser declarada e, sim, guardada e silenciada”, diz Bez.

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O Favoritismo Emocional pode provocar angústias profundas, conflitos pessoais, desavenças com o filho preferido, transtornos mentais severos, ansiedade profunda, transtornos alimentares e depressivos. “Ele precisa explicar aos outros filhos o porquê da preferência afirmada, e que isso não significa que há também não amor pelos outros filhos. Isso diminui as manifestações psicológicas e mentais provocadas pelo favoritismo”, informa o psicólogo.

Ciúme, inveja, raiva e profundo ressentimento são as manifestações sentimentais que o Favoritismo Emocional também desencadeia, de acordo com Bez. “Podendo fazer com que os outros filhos da pessoa (pai ou mãe) possam ter problemas de confiança e de relacionamento no futuro. Outra manifestação severa será o desempenho escolar, como a própria questão de qualquer crítica que possa ter no futuro, onde essa terá um peso considerável”, afirma.

‘Mais comum do que os pais gostariam de aceitar’

A psicóloga infantojuvenil Larissa Afiune diz que essa preferência costuma ser mais comum do que os pais gostariam de aceitar, e as explicações para ela estão embasadas na personalidade dos pais e dos filhos e, principalmente, nas expectativas criadas e construídas ao longo de suas vidas, que são desenvolvidas desde a primeira infância.

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“Os motivos desse comportamento são variados, e podem ser alimentados por diversos fatores: preferência física e/ou de gênero, expectativas dos pais, afinidade, qualidade do relacionamento, identificação maior com um deles, caráter dos filhos, entre outros”, explica.

Na maioria das vezes, ainda de acordo com a especialista, o favoritismo é um processo inconsciente dos pais, por isso é dificilmente reconhecido. É um comportamento que pode começar na infância.

“Os filhos que não são favorecidos pelos pais podem ser prejudicados em seu bem estar físico e mental. Eles podem internalizar crenças errôneas sobre si mesmos e podem condicionar negativamente suas vidas, pensando que não são bons o suficientes e dignos de amor. A relação com os pais pode ser trincada devido a esse favoritismo, podendo fazer com que eles se afastem, ou fiquem em busca desse amor e desse olhar ao longo da vida. A relação entre os irmãos também pode ser afetada”, destaca Larissa.

A psicóloga ainda pontua: “A tomada de consciência dos dois lados e o movimento de ressignificação do sentimento e comportamento pode trazer conforto para quem experimenta esse favoritismo e para o funcionamento da família em geral”.

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