Pisa: por que o Brasil caiu menos que outros países? O que fazer agora para avançar? Leia análise

Queda nos resultados de aprendizagem do Brasil foi menor do que a média das demais nações; algumas políticas e mudanças na agenda educacional do País colaboraram para isso

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Por Priscila Cruz
Atualização:

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) 2022 confirmou a expectativa: com exceções em países asiáticos, a pandemia provocou queda nos resultados de aprendizagem de estudantes pelo mundo. No Brasil também, embora menor do que a média dos demais países. E é preciso reconhecer esse ponto, vindo de um país que está entre os que tiveram mais dias com escolas fechadas na pandemia e que tem investimento por aluno um pouco maior que um terço da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Duas hipóteses: os esforços coordenados das redes de ensino e organizações sociais foram intensificados pela ausência do então governo federal. Mais importante, o Brasil fez uma virada na agenda educacional nos últimos anos, olhando mais para evidências e as boas experiências do próprio País (como no Ceará e Pernambuco), e criando esse movimento de melhoria, cuja soma com o vetor contrário – a pandemia – gerou queda menor do que nos países com trajetórias mais estáveis.

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), aplicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), avalia o desempenho dos estudantes de 81 países em Matemática, Leitura e Ciências. Os dados do exame foram divulgados nesta terça-feira, 5. Foto: Werther Santana/Estadão

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Ainda que de forma heterogênea, o País vem avançando nas políticas necessárias: expansão da jornada escolar, maior foco na alfabetização, instituição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fortalecimento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e progressos na gestão em alguns estados e municípios.

Digo tudo isso não em tom de comemoração: apenas caímos menos, mas ainda estamos muito atrás, com resultados estagnados em patamares vergonhosamente baixos.

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Há muito a ser feito, começando pela efetivação de um amplo projeto educacional nacional com visão de longo prazo. A boa notícia é que parte dos seus elementos já estão postos e vinham ganhando acúmulo pré-pandemia e pré-governo Bolsonaro.

E como pilares dessa estratégia, há pelo menos duas políticas com grande efeito sistêmico e que definem quão longe podemos chegar: Política Nacional Integrada para a Primeira Infância e Formação Inicial de Professores. Eis a grande oportunidade – e missão – que as lideranças políticas deste país precisam assumir.

*Priscila Cruz é presidente executiva do Todos Pela Educação

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