Pisa: que lições podemos tirar dos resultados deste ano? Leia análise

Mais do que lamentar por resultados insatisfatórios, o Pisa, como qualquer outra avaliação da educação, deve ser encarado como ponto de partida para a ação e correção de rotas

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Por Ricardo Henriques

Há poucas surpresas nesta nova edição do Pisa em relação ao desempenho do Brasil na comparação com países ricos. Desde a primeira edição, em 2000, há alta correlação entre PIB per capita e a aprendizagem medida em testes. A análise entre 2018 e 2022 é ainda mais desafiadora por causa da pandemia.

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Como esperado, e já mensurado por sistemas nacionais e internacionais de avaliação, houve queda no rendimento. No Brasil, ela foi menos acentuada. Em matemática, foram cinco pontos de redução na escala do exame, ante 15 negativos na média da OCDE. Isso, contudo, não é motivo para celebração, pois parece se dever mais ao patamar já muito baixo de rendimento dos alunos brasileiros.

Posições no ranking ou variações no curto prazo atraem a atenção da opinião pública, mas, do ponto de vista da ação, importa mais olhar para lições consolidadas ao longo de oito edições do Pisa.

Relatórios da OCDE e estudos a partir do exame mostram que os sistemas educacionais de maior destaque atraem, formam e mantêm professores qualificados, aperfeiçoam a gestão escolar, entendem que o bem-estar dos alunos é tão importante quanto a nota em provas, mantêm altas expectativas de aprendizagem para todos e levam a sério o princípio da equidade, oferecendo suporte adicional aos alunos que mais precisam.

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Posições no ranking ou variações no curto prazo atraem a atenção da opinião pública, mas, do ponto de vista da ação, importa mais olhar para lições consolidadas ao longo de oito edições do Pisa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mais do que lamentar por resultados insatisfatórios, o Pisa, como qualquer outra avaliação da educação, deve ser encarado como ponto de partida para a ação e correção de rotas. Além disso, é preciso entender suas limitações e fragilidades metodológicas. Para os fins deste artigo, basta dizer que o exame se presta mais à análise de cada país e à comparação entre eles a cada edição do que à análise da evolução temporal deles ou entre eles.

Por fim, precisamos reconhecer – como a OCDE tem feito – que o modelo de avaliação precisa mudar, no conteúdo e na forma. No primeiro caso, é importante avançar para melhor diagnosticar competências e habilidades mais sofisticadas, tais como pensamento crítico, computacional, a criatividade e o preparo para o exercício da cidadania.

Na forma, a tecnologia hoje já permite superar a limitação de testes padronizados de múltipla escolha. Isso abre espaço para questões discursivas e para um modelo adaptativo, que permita um diagnóstico mais personalizado, ágil e útil para a tomada de decisões de professores e gestores, encurtando assim a distância entre grandes instrumentos de avaliação e o cotidiano da sala de aula.

*Professor Associado da Fundação Dom Cabral e Superintende executivo do Instituto Unibanco

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