PM e estudantes entram em confronto em protesto na Dr. Arnaldo

Ato contra a reorganização do ensino bloqueou totalmente sentido da avenida e terminou com 1 detidos e 2 menores apreendidos

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Atualizado às 14h52

SÃO PAULO - Um protesto de estudantes contrários à reorganização da rede estadual de ensino, realizada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), terminou em confronto e com quatro pessoas levadas a delegacia, sendo dois menores de idade, na manhã desta quarta-feira, 2, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Os manifestantes bloquearam totalmente a Avenida Doutor Arnaldo em direção ao Sumaré, próximo ao cruzamento com a Rua Cardeal Arcoverde.

Jovem é dominado por policiais militares e encaminhado a delegacia após protesto na Avenida Doutor Arnaldo, na zona oeste da capital paulista Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press

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Segundo um dos policiais que participou da apreensão, os alunos foram retirados à força da manifestação, pois se recusavam a liberar ao menos um faixa da Doutor Arnaldo. Dois homens e dois adolescentes foram encaminhados ao 23º Distrito Policial (Perdizes).

Na delegacia, os dois adolescentes, de 16 anos, afirmaram ter sido agredidos pelos policiais . No boletim de ocorrência, foi registrado que os jovens cometeram "ato infracional". Aluno da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste, J.P.R.G. foi ferido no ombro. O outro menor de idade levado à delegacia é F.M.B., estudante de uma Escola Técnica Estadual (Etec).

Segundo a polícia, os dois maiores de idade foram detidos por desacato. Um deles, de 20 anos, que não quis se identificar, foi agredido na cabeça e estava na delegacia com a orelha sangrando. O rapaz afirmou que "apoia o movimento", mas que não é estudante.

Estudante de 16 anos foi ferido no ombro; ele diz que foi agredidos pelos PMs Foto: Luiz Fernando Toledo/Estadão

O outro detido é o estudante de Sociologia Ederson Duda, de 28 anos, que disse que não participou da manifestação. Ele foi detido suspeito de liderar o protesto e liberado no início da tarde desta quarta-feira.

Pai de um dos adolescentes que estava na manifestação,o corretor de seguros Luís Braga, de 58 anos, criticou a apreensão. "Eles estão querendo criminalizar os alunos", disse ele, que apoia o protesto do filho contra a reorganização.

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Trânsito. Por volta das 9 horas, as faixas da avenida foram desocupadas. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a manifestação que agora bloqueia a Avenida Doutor Arnaldo começou por volta das 7h45.

Às 7h25, houve outra manifestação de alunos na região do Morumbi, na zona sul da capital. Os estudantes também protestavam contra o fechamento de escolas na reorganização da rede estadual e fecharam os dois sentidos da Avenida Giovanni Gronchi. O protesto foi breve e logo a via foi liberada.

9 de Julho. Na noite desta terça-feira, 1º, a Polícia Militar dispersou com bombas de efeito moral e spray de pimenta uma manifestação de estudantes que ocorria na Avenida 9 de Julho, região central da capital. A Tropa de Choque avançou em direção ao protesto e pelo menos quatro pessoas, entre eles dois menores, foram detidas. Outras três relataram ferimentos leves. 

Reorganização. Em setembro, o secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, divulgou uma reforma para que as escolas estaduais tenham ciclo único. A medida faz com que 754 unidades ofereçam só os anos iniciais do ensino fundamental (1.º ao 5.º ano), finais (6.º ao 9.º) ou ensino médio. Com isso, mais de 300 mil alunos serão transferidos e 93 escolas, fechadas. 

O governo tem enfrentando oposição porque não dialogou com as comunidades escolares antes do anúncio do projeto. As Faculdades de Educação da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já repudiaram os argumentos pedagógicos da proposta. Pesquisadores ligados à Universidade Federal do ABC (UFABC) também apontaram fragilidades no estudo da secretaria que baseou a reforma.