PUBLICIDADE

‘Podem ir para escola. Aumentamos batalhões e rondas’, diz governador sobre medo de ataques

Claudio Castro, chefe do Executivo do Rio, diz que não se deve guiar pelo pânico; MEC deve soltar diretrizes para orientar gestores locais para lidar com o problema

PUBLICIDADE

Foto do author Renata Cafardo
Atualização:

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), afirmou nesta sexta-feira, 14, que os estudantes não devem deixar de ir às aulas, diante das supostas ameaças de ataques que surgiram nas redes sociais após atentados em São Paulo e em Blumenau (SC). “Podem ir para escola”, afirmou. “A gente aumentou os batalhões e as rondas. A vida tem de continuar. O medo é o que alimenta essas pessoas que querem fazer boataria”, completou. Pais e alunos têm manifestado a preocupação nos últimos dias, mas especialistas alertam sobre o fato de grande parte das mensagens serem falsas.

A Polícia Civil do Rio instaurou inquérito para monitorar ameaças em aplicativos e redes sociais e, segundo o governador, já houve prisões. Castro não quis detalhar detalhes da operação. Questionado sobre se o Rio teria policiais nas escolas, ele disse que aguarda definições do grupo de trabalho que inclui as pastas da Segurança e da Educação para novas medidas. Estados como Santa Catarina já anunciaram planos de colocar policiais nos colégios.

Retomada das aulas na escola Thomazia Montoro, na Vila Sonia, onde um aluno de 13 anos atacou professores e colegas na semana passada. Foto: Werther Santana/Estadão

PUBLICIDADE

Castro participou de um evento sobre aprendizagem em comemoração aos 5 anos do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio. A preocupação atual com a violência nas escolas também foi comentada por outros gestores da educação presentes.

Presidente do conselho de secretários estaduais da Educação, (Consed), Vitor de Ângelo afirmou que o debate atual está muito parecido com o que acontecia mas escolas durante a pandemia, quando as pessoas queriam garantias de que não seriam infectadas ao comparecer às aulas.

“A gente respondia: é a mesma segurança que você tem de que vai sair na rua e de que nada vai acontecer. O papel do Estado é mitigar esse risco ao menor possível com polícia, controle de acesso à escola e trabalho pedagógico”, afirmou ele, que é secretário no Espírito Santo. “A dificuldade é que isso não basta num cenário em que o medo está generalizado. As pessoas querem 100% de certeza.”

Para ele, seguranças armados não são a solução. “Esse problema é multicausal e, portanto, ele não é só da educação ou só da segurança pública. Pelas evidências que temos, não é militarizando a escola (que vamos encontrar solução)”, afirmou. Estados como Santa Catarina e cidades na Grande São Paulo anunciaram planos de ter policiais armados dentro das escolas após a onda de ameaças.

De Angelo participou nesta quinta-feira, 13, de reunião no Ministério da Educação com outros secretários estaduais e municipais sobre violência nas escolas. Segundo o MEC, serão divulgadas na semana que vem recomendações às escolas brasileiras, que devem incluir formação virtual dos diretores e professores e suporte às redes para contratar equipes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também deve se reunir na semana que vem com representantes dos três poderes sobre o assunto.

Publicidade

Para Luiz Cury, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), que também estava no evento da FGV, os ataques e as ameaças precisam fazer com que cresça uma mobilização na sociedade de defesa da escola. “Não há espaço mais relevante para a consolidação da estrutura social do que a escola. Esse momento mostra mais ainda essa dimensão”, afirmou.

Para o secretário municipal do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, o momento “não é trivial” e pode ser considerado “uma ameaça à escola”.

“A escola é uma instituição tão forte que vai sair dessa situação em que está hoje”, afirmou Henrique Paim, ex-ministro da Educação e diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da FGV.

*A repórter viajou a convite do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da FGV

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.