O jornalista Aron Pilhofer, editor de notícias interativas do jornal "New York Times", anunciou neste sábado em São Paulo: está contratando jornalistas que também saibam programar, mão-de-obra difícil de achar até nos Estados Unidos.
Há cada vez mais informação disponível. "Alguém aqui já falou: 'Poxa, não há coisa suficiente para ler na web'?", brincou Pilhofer. O trabalho do jornalismo será cada vez mais coletar, selecionar e editar dados "que numa reportagem devem ser úteis, contar alguma coisa, serem verificáveis, e responderem à pergunta: 'E daí?'", enumerou.
Um exemplo: o infográfico que diz se é melhor comprar ou alugar uma casa. O Obâmetro, que mede o cumprimento de promessas de campanha pelo presidente. Ou o musical olímpico, que usa o som para mostrar a diferença entre o primeiro e o último lugar nos jogos de inverno de 2010.
Coletar dados e extrair sentido exige saber programar e dominar ferramentas como o Excel. Como poucos jornalistas têm essa qualificação, Pilhofer procura nas faculdades de Computação alunos que gostem de Jornalismo. A boa notícia é que tanto as ferramentas quanto as bases de dados estão cada vez mais acessíveis. "Hoje, mesmo redação de jornal pequeno pode mexer com dados", garante.
Recomendações finais
A última palestra do 6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, evento coberto pelo Estadão.edu, teve várias recomendações práticas. Eis as melhores:
1) Nunca houve melhor época para ser jornalista. O surgimento de novas ferramentas permite aos profissionais jovens dar forma ao jornalismo do futuro.
2) "Jornalismo investigativo" é algo que qualquer profissional pode fazer. E não um título no seu cartão de visitas.
3) Editores são mais necessários do que nunca. Um mundo de superabundância de informação demanda profissionais que digam o que é importante e o porquê.
4) "Estatísticos são sexy". Quem domina o assunto está mais preparado para lidar com as montanhas de dados do futuro.
5) Toda faculdade de Jornalismo precisa de um jornal online. E, além desse laboratório, deve desenvolver parcerias com os departamentos de Ciência da Informação e de Geografia da universidade, dentre outros, para que os estudantes dominem as ferramentas que o mercado usa.
6) Com redações mais enxutas, o jornalismo investigativo será cada vez mais exercido por organizações sem fins de lucro. E as redações vão comprar o material dessas organizações.
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