Português deve ser maior desafio de candidatos na Fuvest

Levantamento mostra que mesmo nas carreiras mais concorridas o desempenho mais fraco na 2ª fase, que começa domingo, é no 1º dia

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Peculiar. 'A Fuvest tem formato muito específico', diz Luiz Foto: MARCIO FERNANDES/ESTADAO

SÃO PAULO - No primeiro dia da segunda fase da Fuvest, quando são feitas a prova de Português e a redação, os candidatos aos cursos mais concorridos da Universidade de São Paulo (USP) têm menor desempenho. Um levantamento do cursinho Poliedro mostrou que os estudantes têm notas maiores nos outros dois dias da etapa final do vestibular, apesar de o primeiro dia corresponder a quase um terço do peso da nota final. 

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De acordo com o levantamento, para as carreiras de Direito, Engenharia na Escola Politécnica, Medicina, Administração e Arquitetura, a prova de Português tem peso de 19% na nota final e a redação, 13%. Na segunda etapa, todas as questões são dissertativas. No primeiro dia, Português e redação. No segundo dia, caem questões de todas as disciplinas e, no terceiro dia, apenas questões ligadas à carreira escolhida. Em cada um dos dias, as provas valem 100 pontos, totalizando 300 como nota máxima no final. 

O levantamento mostrou que em Medicina, por exemplo, há 7 edições os candidatos têm menor nota no primeiro dia. No ano passado, por exemplo, a média foi de 73 pontos. Enquanto no segundo dia, a média foi de 77,8 e, no terceiro, 90,6. Para professores de cursinho, o baixo desempenho se deve, principalmente, à dificuldade dos alunos em fazer a redação e por priorizarem as demais disciplinas em detrimento de português. 

Vinicius Haidar, coordenador do cursinho Poliedro, disse que os alunos negligenciam o Português e perdem a oportunidade de se destacar e sair à frente dos demais concorrentes. "O aluno acredita que Português é só ler e interpretar, mas a prova da Fuvest é muito bem elaborada e criteriosa, cobra conteúdo e a capacidade de fazer relações e análises". Ele também disse que muitos alunos não leem todos os 9 livros obrigatórios da Fuvest e são prejudicados. 

Eduardo Valladares, gerente pedagógico e professor de português do Descomplica, plataforma de educação online, afirmou que a Fuvest traz uma prova exigente e que cobra conteúdos de diversas áreas da disciplina. "É uma prova muito completa e que tem uma cobrança que se distancia do que é estudado nas escolas medianas e fracas".

Valladares disse que uma revisão importante antes do início da segunda fase deve ser feita em três áreas: gramatical, funções sintáticas e literatura. Na primeira, para um amplo conhecimento das classes gramaticais. Na segunda, para o domínio de conteúdos como vozes verbais, tipos de discurso, funções da linguagem e fenômenos linguísticos. Já em literatura, conhecer e saber identificar as escolas literárias e relacioná-las com aparte estilística e conseguir fazer conexões com os livros obrigatórios. 

Redação. Simone Motta, professora do colégio Etapa, disse que a redação da Fuvest tem um formato clássico e cobra que o aluno faça uma dissertação argumentativa. O vestibular se distancia dos demais por, tradicionalmente, cobrar temas subjetivos na redação - na edição anterior o tema foi "utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas", um ano antes havia sido o fenômeno da "camarotização" e da desagregação social.

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"A redação nunca é muito fácil, pois demanda conhecimentos de diversos extratos da vida do aluno. Ele tem que ter repertório cultural, histórico, deve dominar os instrumentos para um bom texto e ter boa organização mental para apresentar todo seu conhecimento de forma coerente. Com um tema subjetivo é ainda mais difícil", disse Simone.

Ela disse, no entanto, que a prova tem uma preocupação em "orientar" o aluno sobre o tema da redação. "Os textos da coletânea são sempre bem explicativos e esclarecedores para o aluno. Há uma preocupação em exigir uma reflexão do aluno, não em fazer pegadinhas com ele", disse. 

Todos os professores são unânimes em dizer que a melhor forma de o aluno se preparar para essa última etapa é fazer as provas da segunda fase de ao menos 4 anos anteriores cronometrando o tempo. Segundo eles, o aluno precisa estar treinado e saber quanto tempo demora para fazer a redação e as demais provas e, assim, montar a melhor estratégia. Eles também disseram que o aluno precisa se preparar para as respostas dissertativas, que exigem não apenas o conhecimento do conteúdo, mas a habilidade de escrita.

É o que tem feito Luiz Eduardo Gomes Farias Filho, de 20 anos. Desde que soube que tinha passado para a segunda fase na disputa de uma vaga para Medicina, ele começou a fazer as provas dos anos anteriores. "A Fuvest é muito peculiar, tem um formato muito específico. Além de dominar o conteúdo, é preciso saber como ela cobra, o que ela espera do aluno e como administrar o tempo", disse o jovem que é de Recife, mas veio para São Paulo estudar no cursinho do Etapa. 

Em cada matéria. De acordo com Marcelo Dias, coordenador-geral do Curso Etapa, as provas de Geografia e História costumam exigir que o aluno contextualize assuntos atuais usando conceitos geográficos e eventos em períodos históricos. Em Química, segundo Dias, a prova tem predomínio de questões que cobram conceitos de físico-química e cálculo estequiométrico. Em Física, a prova sempre traz questões de mecânica, eletricidade, termodinâmica e eletromagnetismo.

Em Biologia, a prova utiliza gráficos e tabelas e exige interpretação de fenômenos. Já em Matemática as questões passam por geometria plana, espacial e analítica, logaritmo e exponenciais, combinatória, probabilidade e trigonometria. Dias ressalta a importância de prestar atenção aos enunciados. 

APOSTAS PARA O TEMA DA REDAÇÃO

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Superação Pessoal Pode surgir relacionado aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, com o desempenho e preparação dos atletas.

Atuação política e humanitária Pode ser relacionado à crise mundial dos refugiados e políticas adotadas por vários países.

Envelhecimento Atenta a temas atuais, a Fuvest pode aproveitar a reforma da Previdência para abordar o envelhecimento da população.