Vencedores do Prêmio Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita de 2023, Vahan Agopyan e Viviane Senna destacaram a relação da educação com a economia e desenvolvimento nacional, na cerimônia de entrega da honraria nesta terça-feira, 10. “O professor é o gestor do futuro, que vai levar o País a atingir o seu pleno potencial”, disse a presidente do Instituto Ayrton Senna. “O Brasil tem que entender que investimento em educação é economia”, afirmou o ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O prêmio, iniciativa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em parceria com o Grupo Estado, foi criado em 1997 e presta homenagem às personalidades que auxiliam o aprimoramento da educação brasileira.
Pela primeira vez, a premiação foi dividida em duas categorias. O Prêmio Guerreiro da Educação reconhece aqueles que contribuíram significativamente para o ensino, mas não atuaram em sala de aula, enquanto o Prêmio Professor Emérito é dado a um docente.
Viviane fica marcada como a primeira a receber o recém criado Prêmio Guerreiro da Educação. Na cerimônia, ela lembrou do irmão, o piloto tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna, que faleceu em 1994, ano em que, a pedido dele, fundou com a família o Instituto Ayrton Senna, uma organização sem fins lucrativos.
“O Ayrton costumava dizer que todos nós precisamos de oportunidade e que ela precisa de uma postura sua de aproveitá-la. A maior oportunidade que a gente pode dar para alguém, depois da vida, é a possibilidade de se desenvolver”, falou.
Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica em São Paulo (PUC-SP), com especialização em Psicologia Junguiana pelo Instituto Sedes Sapientiae da universidade, ela atuou na área de Psicologia Clínica como psicoterapeuta de adultos e crianças e também como supervisora de grupos de formação e aperfeiçoamento de terapeutas.
Viviane celebrou o trabalho em equipe e destacou que o prêmio se deve a um grupo de profissionais dedicados e apaixonados. “Trabalhamos para levar o melhor da ciência para o campo da educação, de modo que a gente possa desenvolver todas as competências que as crianças precisam para darem certo na escola e na vida.”
“Educação não é o melhor caminho, é o único caminho para uma pessoa e para um país darem certo, em termos econômicos, sociais, políticos e ambientais. Uma economia competitiva, uma sociedade equânime e uma democracia estável e forte começam no mesmo lugar, na sala de aula”, completa.
Agopyan atribuiu o Prêmio Professor Emérito ao privilégio de ter feito parte de equipes “excelentes” e “vitoriosas”. “Que contribuíram para aprimoramento do ensino superior no nosso País e até influenciaram o exterior.”
Nascido na Turquia e naturalizado brasileiro, ele é engenheiro civil e mestre em Engenharia Urbana e de Construções Civis pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1974 e 1978), doutor em Engenharia Civil pelo King’s College London (1982) e livre docente pela Poli-USP. Foi diretor da Politécnica da USP (2002 a 2006) e reitor da USP entre os anos de 2018 e 2021.
O ex-reitor da USP destacou a resiliência da universidade durante a pandemia. “Alguns laboratórios funcionaram ininterruptamente 7 dias por semana e 24 horas por dia. Funcionário se desdobraram para manter as atividades essenciais.”
“A pandemia foi de fato um desastre para uma humanidade, mas também foi um catalisador de mudanças, inclusive na universidade. Acelerou-se tudo. Aí, começam os nossos novos desafios. Como nos adequarmos a essas mudanças de certa forma ainda não devidamente assimiladas? Como adequar o ensino, principalmente o ensino superior, às novas realidades?”, questionou.
Agopyan destacou que o mundo está polarizado e citou conflitos como a Guerra da Ucrânia, que se estende há dois anos, e os ataques entre Gaza e Israel. “Estamos nesse ambiente de conflitos e esses conflitos, logicamente, vão refletir também na universidade, onde um sentimento de insatisfação está presente e não se sabe o porquê. A sociedade está insatisfeita.”
Para ele, não existem soluções fáceis para adequar o ensino superior à nova realidade, mas ele elencou alguns pontos que acha importante: o número de aulas presenciais deve ser pequeno e restrito a debates, orientações e soluções de dúvidas; incentivar o estudo dirigido da teoria, com orientação do professor; e os alunos devem ter atividades orientadas em grupos.
Prêmio
Representantes das instituições organizadoras do prêmio também participaram do evento e prestigiaram os homenageados. “A figura do professor é muito importante e deveria ser muito mais valorizada no nosso País”, afirmou Humberto Casagrande, CEO do CIEE. “Essa é uma data festiva de reconhecimento ao trabalho de todos os professores”, disse José Augusto Minarelli, presidente do Conselho de Administração do CIEE.
“É uma honra estar aqui para reconhecer e celebrar pessoas que têm moldado o cenário educacional brasileiro com exemplos de dedicação, paixão e inovação”, afirmou Eurípedes Alcântara, diretor de jornalismo do Estadão. “São personalidades ímpares na educação, cada qual com seus méritos e trajetórias distintas, mas com um propósito comum: transformar a educação do Brasil em uma ponte segura para um futuro melhor. Não há maneira de chegar ao futuro sem educação.”
Atualmente o rol de homenageados do Prêmio Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita é composto por Ruth Cardoso, primeira agraciada, Miguel Reale, Esther de Figueiredo Ferraz, Luiz Décourt, José Pastore, Hélio Guerra, Antônio Candido, Paulo Vanzolini, Paulo Nogueira, Crodowaldo Pavan, Ives Gandra, Evanildo Bechara, Adib Jatene, José Cretella Júnior, Angelita Gama, Delfim Neto, William Saad Hossne, José Goldemberg, Celso Lafer, Rubens Ricupero, Roberto Rodrigues, Fernando Henrique Cardoso, Paulo Nathanael Pereira de Souza, Raul Cutait, Sônia Guimarães e Ivette Senise Ferreira.
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