A necessidade de formação e requalificação profissional contínua entrou definitivamente no cotidiano das empresas, o que as leva a investir cada vez mais em programas de pós-graduação para seus colaboradores, muitas vezes até dentro das próprias instalações, no modelo In Company.
Isabela Teixeira, coordenadora dos cursos de pós-graduação In Company da Harven Agribusiness School, especializada no setor do agronegócio, afirma que geralmente são procurados pelas empresas, que relatam problemas específicos, o que permite a elaboração de um programa próprio para cada caso, que chama de “design educacional”.
“De acordo com os resultados esperados, preparamos cursos mais rápidos ou mais longos. Atualmente não existem prazos de duração In Company em lei. E eles podem ser presenciais ou híbridos. Para cada cliente, um modelo. E já temos mais de 15 mil treinados.”
Para Isabela, uma das grandes vantagens dos cursos In Company, apesar de serem em média um pouco mais caros, é a possibilidade de abranger termas mais específicos de cada empresa e customizar todos os conteúdos, além da flexibilidade de horário. “Quando iniciamos nossos programas, havia pouca procura do agronegócio por educação continuada. Hoje temos mais de cem clientes do setor”, afirma.
João Luis Barroso, diretor de Educação Executiva dos Núcleos da FGV, destaca que a procura pelos mestrados profissionais vem muito das demandas das empresas por profissionais com sólida formação técnica, mais maduros, e que estão pensando em uma transição ou uma segunda carreira.
“Hoje a educação continuada é uma pauta rotineira nas empresas. Com essa finalidade, nós criamos inclusive uma plataforma de cursos livres, chamada One Learnig, onde podem ser adquiridos por assinatura mensal. As empresas estão percebendo que têm papel fundamental no incentivo aos colaboradores a se manterem atualizados, reciclando ao longo da vida”, diz Daniela Tessele, diretora de Lifelong Learning da Ânima.
De acordo com Daniela, o lifelong learnig (educação continuada) precisa estar na cultura das empresas, para que se conquiste até engajamento de colaboradores. “Muitas vezes a empresa quer capacitar seus colaboradores sem comprometer o tempo de jornada de trabalho. A opção por essa plataforma de cursos livres, que já tem mais de 250 módulos, visa justamente a permitir que essa iniciativa ocorra com maior dinâmica e flexibilidade”.
Geração Z e inteligência artificial
Para Joaquin Santini, pesquisador e consultor internacional em temas relativos ao mundo corporativo, atualmente o nível de engajamento dos trabalhadores com suas empresas é muito baixo, o que poderia ser melhorado com investimentos na formação continuada de seus colaboradores.
“Segundo pesquisa Gallup, no Brasil apenas 20% dos trabalhadores se declaram engajados com a política da empresa na qual atuam. Com a Geração Z chegando ao mercado, se não usar multimídia, realidade virtual, tecnologia mais avançada, não chama a atenção. Se não se adaptar à inteligência artificial fica para trás.”
Gabriel Campos, sócio da Pró Vendas Consultoria Empresarial e professor de Gestão de Produtos e Serviços no MBA da PUC Campinas, diz que atualmente boa parte das empresas de porte maior tem programas. “As empresas de fato estão valorizando cada vez mais a educação continuada.
Em especial para seus colaboradores que exercem cargos de liderança, quando a pós-graduação se torna praticamente um pré-requisito.” Para o diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, “o futuro da indústria está na inovação, a partir do conhecimento produzido pelas universidades, que precisa chegar ao mercado”. “Educação é, mais do que nunca, protagonismo.”
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