Pós-graduação: em quais áreas vale a pena apostar?

Gestão e Negócios, Educação e Saúde estão entre os campos de conhecimento que atraem mais alunos, segundo pesquisa do Instituto Semesp; microcertificações ganham força como opção mais flexível

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Por Paulo Reda
Atualização:

A pesquisa periódica do Instituto Semesp, entidade que representa as faculdades particulares, aponta que as áreas do conhecimento que mais têm alunos de pós-graduação no País são as de Gestão e Negócios, Educação e Saúde, mas há uma tendência de que a área de Tecnologia da Informação, que hoje ocupa o 5º lugar no ranking, assuma rapidamente a ponta.

João Luis Barroso, diretor de Educação Executiva dos Núcleos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que as áreas mais procuradas para pós-graduação na instituição, especializada em economia e negócios e referência no País, são as de ESG (governança ambiental, social e corporativa) e Sustentabilidade Corporativa, Gerenciamento de Projetos e Gestão Financeira.

Busca por cursos que tragam visão estratégica é objetivo de quem busca a pós-graduação Foto: Gorodenkoff Productions/Adobe Stock

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Nos MBAs, dedicados ao público com mais experiência profissional, as turmas mais procuradas na FGV são Gestão Empresarial, Gestão de Negócios, Gestão com Ênfase em Liderança e Inovação, Projetos e Saúde.

A busca por pela área ESG, por uma demanda do mercado, tem sido grande, enquanto o programa de Gerenciamento de Projetos já é um clássico da escola. Normalmente para MBAs a maior busca é sempre pelos cursos que trazem visão geral de negócios, que desenvolvem competências abrangentes para a tomada de decisão nas empresas.

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No Ecossistema Ânima de Aprendizagem, a área mais procurada também é a de Gestão, seguida por Humanas e Saúde. Segundo Daniela Tessele, diretora de Lifelong Learning da Ânima, em geral as pessoas buscam a especialização para terem um diferencial no currículo.

“Elas querem algo que possa destacar a sua atuação profissional e a formação na graduação em cursos da área da Gestão é naturalmente generalista. A pós (quando procurada nessa área) é alternativa para criar expertise em uma área específica”, afirma.

Apesar do amplo avanço de pós nos últimos anos, há espaço para crescimento em diversas regiões. Mais da metade dos alunos dos cursos de especialização de nível superior era da Região Sudeste (51%) até 2021. O crescimento de matrículas nessa região chegou a 170% de 2016 a 2021.

Mesmo nas instituições públicas, programas conectados à realidade do mercado ganham força. A Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) abriu recentemente inscrições para os cursos de mestrado e doutorado, ambos em modalidade profissional, em seu programa de Pós-Graduação Ambiente, Saúde e Sustentabilidade. Trata-se do primeiro programa profissionalizante da USP.

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Outro ponto importante, segundo o coordenador do programa, Leandro Giatti, do Departamento de Saúde Ambiental, é incluir a saúde como componente transformador e pré-requisito da sustentabilidade. “Um exemplo é a questão da mobilidade urbana, que precisa ser repensada, não apenas do ponto de vista de infraestrutura, mas também como relação da pessoa com a cidade e seu ambiente.”

Microcertificações permitem atender até individualidades

Com o desenvolvimento tecnológico e a necessidade de maior dinamismo e foco dos programas de pós, uma tendência é a criação de pós personalizadas para pequenos grupos ou até mesmo individuais, as microcertificações.

Para a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Sabine Righetti, as microcertificações são uma tendência que veio para ficar, pois atendem a características e interesses variados das novas gerações, tanto relativas à grande rotatividade no mercado de trabalho quanto à busca de multidisciplinaridade.

No caso da FGV, foi criado um MBA Executivo Personalizado. Considerando reuniões periódicas individualizadas com um coach, o participante reflete sobre a sua evolução e as necessidades em termos de capacitação. Nesse processo, uma equipe de profissionais estrutura uma proposta de curso com base na vasta oferta de disciplinas disponíveis nos cursos da instituição.

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No Ecossistema Ânima de Aprendizagem, para cada um dos oito módulos de formação o aluno recebe um certificado específico, além do certificado final de conclusão. “Tudo isso é feito com muita personalização, com a participação de mentores em atendimentos individualizados”, diz Daniela Tessele, diretora de Lifelong Learning da Ânima.

Globalização de professores e turmas veio para ficar

Com a globalização e as redes sociais, outra tendência é ampliar parcerias com instituições internacionais para o intercâmbio com escolas brasileiras na pós. Trata-se de algo que cresceu com a pandemia e veio para ficar.

“Você pode trazer professores do mundo todo, e incluir alunos de todo o mundo”, afirma Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp. Outra possibilidade nasce da redução do espaço presencial. “Diminuindo a carga presencial,pode criar módulos internacionais. Se os alunos não têm aula toda segunda ou terça, ou sábado, pode ter espaço para um módulo internacional.”

Capelato observa uma “trilha” nova e diferenciada que fica possível construir na pós-graduação, unindo cursos ao longo de um período, mesmo em instituições diferentes. “Eu lembro que fui fazer um MBA na área de TI, mas no meio havia elementos obrigatórios que já tinha cursado, como micro e macroeconomia, que estavam no pacote. Hoje, você pode personalizar.”

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De acordo com João Luis Barroso, da FGV, a instituição entende que a experiência internacional é um diferencial que enriquece a carreira do aluno e complementa o conteúdo, ao possibilitar o intercâmbio de conhecimentos entre executivos brasileiros, universidades e empresas estrangeiras. “A FGV possui mais de cem universidades e escolas de negócios parceiras, distribuídas em cinco continentes”, ressalta.

“Por meio de nosso escritório de internacionalização temos parcerias com diversas universidades no mundo todo. Isso faz com que alguns módulos do nosso programa sejam ministrados por docentes dessas instituições parceiras. Esses módulos recebem uma dupla certificação. Recentemente tivemos experiências desse tipo com Munique, com a Universidade da Flórida, e os alunos enxergam isso de forma positiva, pela ampliação do contexto cultural e pela promoção de uma visão globalizada de determinados assuntos”, diz Daniela Tessele, diretora de Lifelong Learning da Ânima Ecossistema.

Para Sabine, pesquisadora da Unicamp, a escolha por um curso de pós ou MBA no exterior deve levar em conta as circunstâncias e os interesses de cada estudante. “Se a pessoa tem emprego e uma situação estabelecida no Brasil, pode valer a pena escolher um curso aqui mesmo. Depende de cada situação.”

Entre as iniciativas que demonstram essa tendência está a da Universidade Aberta, de Lisboa, que instituiu a cátedra Unesco de Estudos Globais. A iniciativa tem por objetivo desenvolver projetos de investigação pioneiros sobre os fenômenos resultantes da globalização e promover o uso científico e pedagógico da língua portuguesa no mundo, em estreita parceria com instituições de renome, nacionais e estrangeiras. /COLABOROU CLÁUDIO VIEIRA

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