A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) se tornou a instituição de ensino privada brasileira com melhor colocação em rankings internacionais. Na lista da revista britânica Times Higher Education, ficou empatada com a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Já no QS World University Rankings 2024, outra classificação de referência no setor, a PUC-RJ também aparece como a melhor instituição privada do País e quinta melhor brasileira.
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O reitor da instituição, padre Anderson Antônio Pedroso, tem sido chamado de CEO. “Não sou CEO de uma empresa de lucro, mas, sim, sou de uma universidade sem fins lucrativos com função social fundamental e lutando contra a pobreza”, afirmou.
“Alcançar a sustentabilidade é nosso objetivo. Para isso, tomamos decisões que não são fáceis, mas estratégicas”, acrescentou ele, que está há menos de dois anos no cargo.
Veja quatro caminhos que a PUC-RJ afirma ter seguido para alcançar esse resultado:
1- Investimento em pesquisa
“Investir na pesquisa é nosso carro-chefe, mas sem esquecer do todo e com função social específica de trazer igualdade social”, afirma o reitor, que voltou recentemente da China, onde fechou novas parcerias no valor de US$ 95 milhões (R$ 540 milhões). Muitas das pesquisas da PUC-RJ são patrocinadas.
De acordo com a reitoria, o objetivo não é ter lucro, mas garantir que sejam feitos novos investimentos no câmpus e na tecnologia.
2- Parceria com o mercado
Com o objetivo de superar um dos grandes desafios das universidades, de conectarem o conhecimento acadêmico com a indústria, a PUC-RJ mantém 120 parcerias com empresas dos mais diversos setores da economia, que financiam mais de 200 projetos.
Entre os órgãos públicos e empresas que contribuem, estão Tribunal de Justiça do Rio, Petrobras, Shell, Eneva, Petrogal Brasil, Equinor, Furnas Centrais Elétricas, Repsol Sinopec, CNODC, Petronas Petróleo, Total E&P do Brasil e Embraer.
3- Fomento à inovação e tecnologia
Tais parcerias são uma via de mão dupla, claro. A instituição fomenta à inovação e o uso de tecnologia, que são usadas tanto para produção de conhecimento como para as parcerias com o mercado.
No caso da parceria com a Eneva, por exemplo, a PUC-RJ conseguiu aumentar a assertividade na definição do local da perfuração de poços de exploração de gás natural - uma das atividades mais caras da indústria de óleo e gás. Essa precisão saltou de 62,5% em 2022 para 70% no ano passado.
As parcerias da PUC com empresas já renderam 94 patentes, 180 marcas registradas, 102 softwares, 4 desenhos industriais registrados e 2 casos de transferência de tecnologia. Para o futuro, a direção prevê um investimento pesado em inteligência artificial.
4- Endowments
A PUC-RJ estimula doações - os chamados endowments - para o seu fundo patrimonial, inclusive com contribuições de ex-alunos famosos, como os econimistas Sergio Besserman, Armínio Fraga, Pedro Malan.
Fundos de doações de universidades (endowments) são muito incentivados em diversos países. Nos Estados Unidos, eles são responsáveis por grande parte do financiamento de algumas das maiores instituições de ensino, entre elas Harvard, Princeton, Stanford e Yale.
No Brasil, uma lei de 2019 deu diretrizes para criar endowments e cada vez mais universidades têm investido no modelo. Em julho, chamou a atenção a doação feita por um professor da USP à instituição no valor de R$ 25 milhões - neste caso, a verba foi para o USP Diversa, um fundo que dá bolsas para alunos em vulnerabilidade socioeconômica.
A expectativa da PUC-Rio é de atingir R$ 500 milhões em doações em dez anos, para financiar os seus gastos. Com essa verba, a PUC oferece a 40% de seus 12 mil alunos algum tipo de bolsa. Financia também programas sociais, como o curso pré-vestibular destinado aos jovens da Rocinha, uma das maiores favelas cariocas.
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