Quem são os professores ‘tiktokers’ que dão dicas para vestibulandos?

Com milhares de seguidores no TikTok, eles se uniram ao ‘Estadão’ na série POV da Lousa para ensinar aos estudantes estratégias para as provas

PUBLICIDADE

Foto do author Isabela Moya

O TikTok é uma rede social que abriu ainda mais espaço para diferentes nichos de produção de conteúdo - desde pessoas “comuns”, mostrando seu dia a dia, até profissionais das mais diversas áreas fazendo divulgação científica e desmistificando mitos. Por ser uma rede voltada especialmente ao público jovem, conteúdos relacionados à educação têm se tornado mais frequentes, com alunos mostrando suas rotinas de estudos e professores ensinando de forma descontraída.

Carol Jesper, Victor Polillo e Lucas Moreno são alguns desses docentes que ensinam não só em sala de aula, mas nas telas dos celulares. Com milhares de seguidores no TikTok, eles se uniram ao Estadão na série POV da Lousa para dar dicas aos vestibulandos nessa época “tensa” de muitas provas e decisões importantes.

Série do Estadão 'Pov da Lousa' dá dicas aos vestibulandos para terem um bom desempenho das provas Foto: Reprodução/Redes sociais

Mas quem são os professores tiktokers?

Carol Jesper

PUBLICIDADE

Carol Jeser (@portugueselegal) é professora de língua portuguesa e autora de livros didáticos, como o Não foi isso que eu quis dizer (Maquinaria, 2024), sobre interpretação de texto. Ela também é Mestre em Educação pela USP.

Em seu perfil, explica sobre gramática e interpretação de texto em contextos cotidianos. “O TikTok carrega um pouco daquele estigma de rede de dancinha, ou rede de vídeo curto, e eu levei para o TikTok vídeos de 10 minutos de análise de erros de interpretação de texto, e foram vídeos muito bem recebidos, com um engajamento muito grande”, conta, comemorando a exposição a um público grande.

Mas o TikTok não foi a primeira plataforma que Carol adotou. Muito antes da rede existir, em 2021, a professora criou, junto com um amigo, o “Português é Legal”, inicialmente no Facebook e, com o tempo, migrando para outros aplicativos.

“Eu queria muito um espaço em que eu pudesse falar um pouco da língua portuguesa de um ponto de vista mais realista, tratar da língua real, da língua que a gente fala, e ao mesmo tempo, também ensinar um pouco das normas. Tem normas que são simples de ensinar, simples de aprender, e que muita gente não teve acesso, e muitas vezes as pessoas têm uma escrita ou uma fala estigmatizada por falta de acesso”, explica.

Ela também tinha a intenção de ter uma abordagem diferente do que via na internet: “eu achava meio nocivo o jeito que eu via a língua portuguesa sendo apresentada na internet, sempre com regra descontextualizada, com muito terrorismo educacional, fazendo as pessoas que não dominam as regras se sentirem menos inteligentes, menos dignas de serem ouvidas, então eu queria também passar a ideia de que ninguém deve ser silenciado, porque não domina as convenções formais”.

Publicidade

“Eu amo ser professora na internet”, declara.

Mineira, ela se mudou para São Paulo para cursar Letras na USP. Antes mesmo da faculdade, já era apaixonada por língua portuguesa. “Foi na escola mesmo que eu percebi essa afinidade, então foi um caminho muito natural ir para a faculdade de Letras, e lá eu descobri que a gramática da língua portuguesa não era o que eu pensava, não era só a gramática, que foi uma ideia equivocada que a escola me passou e que costuma colocar na cabeça de muita gente”, conta.

Já durante a faculdade, virou professora e, então, passou a trabalhar em uma editora de livros didáticos de português. Ela saiu das salas de aula, mas não se desconectou dos alunos nem dos professores, conta, já que prepara os materiais didáticos usados em aula, hoje atuando também na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

Lucas Moreno

Lucas Moreno (@moleculando) ensina química por meio de situações cotidianas - desde como tirar cheiro de alho da mão e por que a cebola nos faz chorar até como evitar de o pão ficar duro no dia seguinte.

Publicidade

Formado na Universidade Federal do ABC (UFABC), ele escolheu a profissão porque além do bom desempenho que tinha nas provas da disciplina no colégio, ele também tinha uma boa didática para ensinar seus colegas. Ele conta que ter tido ótimos professores de química influenciou sua decisão, e que eles acabaram se tornando uma referência.

“Eu tive professores muito bons de química que me fizeram entender bem a matéria e isso me deu uma facilidade. E, consequentemente, eu comecei a ir bem nas provas, isso foi me dando um ânimo para seguir gostando de química. Eu sempre achei interessante também os experimentos, como a química está presente no nosso dia a dia. Comecei a explicar química para um monte de amigo meu, comecei a fazer alguns amigos entenderem”, conta.

A decisão de começar a fazer vídeos no TikTok aconteceu durante a pandemia, quando Lucas percebeu a necessidade de algumas profissões de se digitalizar. Lá, ele se encontrou, e afirma ter recebido muito apoio da rede social: “é uma plataforma que investe bastante em educação”. Hoje, ele também trabalha nas outras redes sociais.

“O que eu mais gosto na minha profissão é conseguir fazer pessoas realizarem os sonhos dela. Um aluno que te encontra na rua e fala ‘vi aquela sua sequência de aulas’ ou ‘fiz parte da sua turma de química e consegui passar na universidade que eu queria, ou no curso que eu queria’”, diz o professor.

Publicidade

Victor Polillo

O professor de matemática Victor Polillo (@professorvictorpolillo) posta, em seu perfil do TikTok, vídeos em que reproduz gravações de outros criadores de conteúdo, que questionam o público na rua sobre contas básicas de matemática, explicando como fazer as contas propostas e como chegar no resultado correto. Já no YouTube, ele faz vídeos ensinando a resolver exercícios de vestibular.

Ele conta que escolheu a docência antes mesmo de escolher a matemática. Na verdade, até tentou ser engenheiro, mas não gostou da carreira, e acabou mudando a rota e se formando em matemática pela USP.

“Eu sempre me identifiquei primeiro com a licenciatura, e depois eu me identifiquei com a matemática. Eu dava aula particular e também ajudava meus amigos na época de escola, porque eu sempre gostei muito de exatas”, conta.

Victor entrou no mundo da internet também durante a pandemia, quando começou a fazer vídeos para auxiliar seus alunos do cursinho pré-vestibular onde leciona. “E aí, entrei no TikTok, começando a dar dicas rápidas e tudo mais, e funcionou”, diz.

Publicidade

“O que eu mais gosto é a troca com os alunos, a sensação de estar fazendo um bem. Tem muitos alunos que falam, ‘professor, você me ajudou muito, você me fez gostar mais de matemática’, que é uma matéria que geralmente o pessoal não gosta tanto”, relata o professor.

Já sobre fazer vídeos, ele diz que a satisfação vem em poder chegar em pessoas que não chegaria presencialmente. “Isso me possibilitou, por exemplo, fechar aulas particulares e aprovar alunos em processos seletivos em Portugal, na Suíça e tudo mais”, diz.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.