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Opinião | Crianças e adolescentes devem navegar sozinhos pelas redes sociais?

Temos sido bem irresponsáveis, permitindo que eles se virem sozinhos na internet; um dos requisitos para a conquista de autonomia é a maturidade

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Foto do author Rosely Sayão
Atualização:

Uma garota de 12 anos, moradora de uma cidade do interior de Minas, fugiu de casa para se encontrar, no Rio, com o “namorado virtual” de 17 anos, que conheceu em uma rede social. Ela deixou bilhetes para a mãe; escreveu que sabia que o que havia feito era errado, pediu para não enviar ninguém atrás dela e, se a mãe quisesse saber dela, que procurasse seu perfil em uma rede social.

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Dois alunos do 6.º ano de um colégio do Rio fizeram uma aposta, motivados por um desafio em rede social: dar um tapa em um professor e filmar a situação. Pois uma aluna deu o tapa na professora, seu colega julgou fraco, ela voltou e deu outros para ganhar.

Esses dois casos, tão diferentes entre si, têm um ponto em comum: adolescentes afetados por aquilo que consomem na internet e, principalmente, nas redes sociais que frequentam. Daria para levantar diversos pontos para refletirmos a respeito. O primeiro que escolhi foi sobre a “autonomia” que muitas crianças e adolescentes têm quando navegam pelos espaços virtuais.

Usei aspas porque essa palavra não se aplica a esse tipo de situação. A frase correta é: “... o abandono em que muitas crianças e adolescentes ficam quando navegam...” Um dos requisitos para a conquista de autonomia é a maturidade. Os exemplos citados apontam uma absoluta falta de maturidade dos adolescentes, tanto por questões da fase em que vivem quanto, possivelmente, por alguns aspectos pessoais.

Autonomia para uso da internet e das redes requer maturidade Foto: Andrew Kelly/Reuters

Por que deixamos que eles naveguem tão à vontade? Tutelar essa atividade dá muito trabalho? Eles não querem ser tutelados, não permitem? Temos mais o que fazer? A questão é: eles gostam, eles querem, eles conseguem. Faz bem a eles? Em muitos casos, não. Temos sido bem irresponsáveis, permitindo que se virem sozinhos.

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O segundo ponto que escolhi foi a respeito da saúde social dos jovens. Saber construir e manter relacionamentos interpessoais saudáveis nos locais de convivência tem a capacidade de produzir o bem-estar para cada um de nós. Desde o período de isolamento social que os adolescentes viveram, podemos observar prejuízos na saúde social de um grande número.

Muitos passaram da infância para a adolescência isolados, situação que retardou ou impediu a aprendizagem de como conviver bem. Ouvimos falar de estratégias para recuperar conteúdos escolares que ficaram atrasados com as escolas fechadas pela covid. Nossa questão agora é: quais providências podemos tomar para que eles aprendam a convivência respeitosa, justa e solidária?

Opinião por Rosely Sayão

É psicóloga, consultora educacional e autora do livro "Educação sem Blá-blá-blá"

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