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Opinião|Dia do Professor: precisamos dar reconhecimento social ao trabalho docente com mais entusiasmo

É a profissão, como diz um filósofo espanhol, mais civilizadora. Gratidão respeitosa: é isso que devemos a eles, diariamente

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Foto do author Rosely Sayão

Hoje comemoramos do Dia do Professor e a data me trouxe a lembrança de um fato que ouvi de um amigo. Ele é professor, brasileiro, mudou-se para os Estados Unidos por ter recebido um convite de trabalho e lá exerce a docência universitária.

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Ele contou que estava fazendo cadastro em uma loja e, ao informar a profissão “professor”, recebeu agradecimentos pelos serviços prestados ao país. Temos tal consideração por esses profissionais aqui em nosso país? Não! Aqui, quando alguém diz que é professor/a, pode muito bem ouvir de volta: “Mas você só dá aula, não trabalha?”

Sabemos que há uma hierarquia na profissão docente. Os professores universitários são os que desfrutam da melhor posição social; em seguida vêm os professores do ensino médio, os do fundamental 2, os do fundamental 1 e, por último, os professores da educação infantil. Estas últimas costumam ser chamadas de “tias” e costumam ouvir que elas passam o dia só brincando com as crianças.

Os salários acompanham essa hierarquia, ou seja, a remuneração dos professores tem maior relação com a idade dos alunos a quem eles lecionam do que com o trabalho realizado, não é? Ah! Não é com a titulação: há professores da Educação Infantil com títulos acadêmicos importantes.

Precisamos dar reconhecimento social ao trabalho dos professores com mais entusiasmo. É a profissão, como diz um filósofo espanhol, mais civilizadora Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Precisamos dar reconhecimento social ao trabalho dos professores com mais entusiasmo. É a profissão, como diz um filósofo espanhol, mais civilizadora: são eles que ensinam os mais novos a conviverem respeitosamente nos espaços públicos com pessoas com as quais eles não têm vínculo afetivo, a respeitar as diferenças, a honrar a justiça e demais valores sociais, a exercer a cidadania. E estamos precisando muito disso, não é?

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Nas instituições escolares, eles precisam ser bem acolhidos quando iniciam a jornada diária de trabalho, que é exaustiva. Receber os professores, no início do dia, com um bom café da manhã faz enorme diferença na realização do trabalho que os aguarda. Oferecer um bom lanche à tarde também.

As escolas e o Estado precisam ouvir mais os professores, principalmente - mas não apenas - no que diz respeito ao próprio exercício profissional. Eles não costumam ser ouvidos.

Quando pais me perguntam como escolher uma escola para os filhos, costumo dizer que eles devem conversar com os professores que dão aula na instituição que eles gostaram: a escola oferece formação continuada, eles são ouvidos pela gestão escolar, são respeitados, recebem seus salários e benefícios correta e pontualmente? Ouvindo os professores, dá para se ter uma boa ideia de como a escola é.

E por falar em pais, muitos desses grupos em aplicativos de mensagens instantâneas formados por pais de alunos de uma classe de uma escola, muitas vezes são desrespeitosos em demasia com os professores. E com alunos também. Poderíamos acabar com esses grupos para evitar tantos problemas extraclasse aos professores. Afinal, ser professor significa enfrentar várias batalhas por dia em seu trabalho com os alunos.

Gratidão respeitosa: é isso que devemos a eles, diariamente. Professor/a: grata pelos serviços prestados ao nosso País.

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Opinião por Rosely Sayão

É psicóloga, consultora educacional e autora do livro "Educação sem Blá-blá-blá"

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