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Opinião|Filhos e viagem de carnaval: de 2024

Em grupo, leitor, o comportamento é direcionado mais pelo coletivo, menos pelo pessoal

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Foto do author Rosely Sayão

Todo ano, sem exceção, recebo e ouço perguntas bem semelhantes de pais nesta época. A campeã, com minhas palavras, é: meu filho quer viajar no carnaval só com a galera dele; como sei se ele está pronto? Vale a pena os pais pensarem na questão para o próximo carnaval.

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Ah, mas só para daqui a um ano? Sim, já que a formação e o desenvolvimento dos filhos, principalmente adolescentes, é processo que começa muito antes de o carnaval chegar. O primeiro ponto a ser considerado é que o carnaval tem as suas marcas sociais: liberdade maior, excessos, descompromisso, erotismo exacerbado, por exemplo. Isso significa que estrear viajar só com seus pares, desacompanhado de adultos responsáveis, é um tanto quanto arriscado. Se antes ele já fizer pequenas viagens ou mesmo passeios de um dia inteiro apenas com sua turma, os pais têm a oportunidade de constatar se o jovem administrou bem a situação. Isso permite reavaliar as orientações e fortalecer os acordos.

É preciso lembrar, também, que o sexo é muito instigante nesse período da vida, por isso, uma boa educação sexual tem papel fundamental no comportamento dos adolescentes. Vale ressaltar que essa não é realizada numa conversa, com orientações e alerta de riscos. Ouvir os valores que ele tem no momento é mais importante do que falar. Diálogo com filhos deve sempre começar com a escuta verdadeiramente interessada, não é?

Uma das marcas sociais do carnaval é a liberdade maior, por exemplo. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

O que se passa com o adolescente? Nem mesmo ele sabe muito bem, tamanha é a quantidade de pensamentos, experiências, expectativas, pressões e tudo o mais. Se ele não sabe, nós também não temos como saber. Por isso, investir muito no valor que tem o autoconhecimento é fundamental. Estimular o jovem a buscar se conhecer é um bom passo a ser dado no relacionamento.

E tem, também, a maturidade e a autonomia. Ele demonstra maturidade ao fazer escolhas, ao dar prioridades a determinados aspectos de sua vida, ao conter seus impulsos quando necessário? Quais facetas da vida ele consegue administrar por conta própria?

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Esses são alguns pontos importantes da educação de adolescentes que exigem um processo que não é tão rápido como gostaríamos que fosse. Nada disso se resolve de véspera, não é? Por fim: não considere apenas tudo o que você já ensinou a seu filho. Ele irá se comportar de acordo com as novas diretrizes que valem nesse momento em que ele troca de turma: sai da família, busca seus pares. E em grupo, leitor, o comportamento é direcionado mais pelo grupo, menos pelo pessoal.

Opinião por Rosely Sayão

É psicóloga, consultora educacional e autora do livro "Educação sem Blá-blá-blá"

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