Eu fui acompanhar uma das etapas: a apresentação do projeto de pesquisa e arguição sobre o memorial. Em resumo, se você quer ser professor em uma universidade pública, é esperado que você tenha um projeto de pesquisa próprio e interessante para a instituição. O memorial é um documento onde você conta um pouco sobre a sua história - um pouco da pessoal e toda a escolar - e serve para que a banca conheça um pouco o que te levou à universidade, o que te levou à pós, e por que você fez cada escolha. Você somente seguiu o rio da vida, ou tomou decisões próprias e liderou todos os seus passos?
A maior parte das perguntas que vi foram sobre a carreira científica e sobre o projeto de pesquisa. Uma pergunta específica me chamou muita atenção. Perguntaram o que o candidato achava do modelo do concurso e qual é a missão de um professor em um instituto de liderança como o IQ. É uma pergunta capciosa, por assim dizer. Como é um tema polêmico, seria esperado uma resposta criticando o sistema, mas criticar o modo de escolha do departamento para a seleção de professor pode causar problemas.
Agora sobre a missão do professor. É sempre esperado que ele desenvolva uma pesquisa de ponta, e pouco se espera da parte educacional. Isso é um faca de dois gumes: grandes pesquisadores nem sempre são bons educadores. Aí fica sempre a questão sobre o que seria melhor para evoluirmos a instituição: fortalecer a pesquisa ou fortalecer o ensino ? Algo que eu acho realmente difícil de responder.
Bruno Queliconi é doutorando no Instituto de Química da USP
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