Os funcionários técnicos-administrativos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiram nesta quinta-feira, 20, entrar em greve. Eles reivindicam o fim dos salários acima do teto constitucional (de R$ 21.631,05) e pedem que o valor economizado seja usado para o reajuste dos vencimentos dos servidores.
Em junho, a universidade divulgou os salários de todos os seus funcionários e servidores, sendo que 1.020 recebem acima do teto constitucional, de R$ 21.631,05 - mesmo salário do governador Geraldo Alckmin (PSDB). No início de agosto, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que a Unicamp respeitasse o teto e, com isso, a universidade informou que iria economizar R$ 2 milhões por mês. Desde abril do ano passado, o teto já era aplicado aos técnicos administrativos.
De acordo com Iuriatan Muniz, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), a reivindicação é de que o valor economizado seja usado para um reajuste nos salários dos servidores. "Nós encaminhamos esse pedido e até agora não tivemos nenhuma resposta da reitoria".
O Estado procurou a Unicamp, mas ninguém foi localizado para comentar sobre a greve.
Crise financeira. A Unicamp tem um orçamento previsto para este ano de R$ 2 bilhões - 95,9% desse valor está comprometido com a folha de pagamento dos servidores. Em maio, a instituição já previa terminar 2015 com um déficit de R$ 82,8 milhões, mais do que o dobro do déficit de 2014, que foi de R$ 25,1 milhões.
Imbróglio. A disputa judicial sobre a aplicação do teto salarial na Unicamp começou em abril do ano passado, quando a universidade passou a limitar os pagamentos para cumprir uma decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp) conseguiu, no ano passado, uma liminar que impediu a universidade de congelar os salários. A associação argumenta que o limite desrespeita a isonomia entre os servidores, pois os procuradores da universidade não estariam incluídos no mesmo teto, e entre docentes de universidades federais e estaduais. Também defendem que é um direito adquirido e que a legislação impede a redução de salários.
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