As histórias de Luciana, Maria Helena, Patrícia Linares, Patrícia Yokoyama, Pedro Luiz, Tania Cristina e Raquel têm como ponto em comum a escolha ou a possibilidade de ingressar numa graduação depois dos 40 anos. Os números contam que não são casos isolados: dos 8,9 milhões de matriculados no ensino superior, 1,2 milhão tem 40 anos ou mais de idade, de acordo com o último Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Falta de condições financeiras, ingresso precoce no mercado de trabalho e desafios pessoais são apenas alguns dos fatores que afastam a maioria das pessoas de uma faculdade. Mas a busca por realização de sonhos, atualização, recolocação profissional e uma mente mais ativa está mudando esse cenário: a porcentagem de universitários nessa faixa etária cresceu 93,84% desde 2011. Entre os que seguem nessa direção, há uma certeza: ainda é preciso vencer muitos preconceitos para alcançar o diploma.
ESPAÇO PARA CRESCER
Apesar de crescente, a turma que está se qualificando na maturidade ainda representa uma porcentagem pequena perto do potencial oferecido pelos 83,3 milhões de pessoas 40+ no País. Enquanto isso, deixamos de crescer, pois dados provam que quem tem ensino superior se emprega com maior facilidade, ganha o dobro da média e faz o Produto Interno Bruto (PIB) do País subir.
O que reforça que, como todo preconceito, o etarismo, que ganhou relevância depois de um vídeo viralizar nas redes sociais com Patrícia Linares, 44 anos, sendo vítima de preconceito por parte de três colegas de turma mais novas, não traz somente danos pessoais, mas também sociais e econômicos.
E não só no Brasil. Artigo do LinkedIn, a maior rede social profissional do mundo, mostra que, embora o interesse e o engajamento em torno dos tópicos de diversidade etária continuem aumentando, esse conteúdo representa apenas 7% de toda a discussão sobre diversidade na plataforma.
A porcentagem se choca com a projeção da própria rede: entre agora e 2030, o segmento entre 18 e 49 anos deverá crescer 12%, enquanto o 50+ crescerá 34% no mercado de trabalho. Isso porque a população mundial, assim como por aqui, está vivendo mais. E está envelhecendo.
MAIS COMPETÊNCIAS
Enquanto isso, neste mesmo universo corporativo, as palavras de ordem são, entre outras, transformação digital, inovação, liderança, tecnologia, ESG e soft skills, o que exige que os profissionais, além de resolver os problemas do dia a dia no trabalho, ainda sejam inovadores, empáticos, comprometidos com responsabilidade ambiental, social e de gerenciamento e lidem com questões complexas trazidas pelo avanço da Inteligência Artificial e pela chegada do metaverso.
Nesta série de reportagens especiais, vamos aprofundar essa conversa sobre as transformações no mercado de trabalho e a importância que os profissionais maduros, qualificados e atualizados têm por lá. Vamos falar mais também de quanto o Brasil tem a crescer com a coragem e o esforço destas pessoas com mais de 40 anos que vão em frente nos estudos. Além de contar os sonhos e as histórias recheadas de vontade e superação desses bravos jovens senhores das cartas acima, que estão, sim, no jogo. E para ganhar.
Leia as reportagens do caderno:
Em cinco histórias, conheça os desafios, superações e conquistas dos estudantes 40+
Ex-faxineira de 56 anos é aluna de biologia na UNESP
Mercado Maduro:41,4% dos trabalhadores já passaram dos 40 anos
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