Cientista de dados e analista de segurança cibernética são profissões com alta demanda

Uso da inteligência artificial e da programação estão entre os pilares de trabalhos do futuro

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Por Ocimara Balmant e Vanessa Fajardo

Transformar dados em negócios. Esse é o desafio dos profissionais do campo das Ciências Exatas – cada vez mais exigidos a lidar com tecnologias como big data e inteligência artificial (IA), que relacionam dados a comportamento e geram informações. Cientista de dados, programador, analista de segurança cibernética e especialista em inteligência artificial são alguns dos profissionais que serão mais e mais demandados no setor de software e tecnologia da informação, conforme estudo sobre profissões emergentes na era digital realizado por Senai, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Agência Alemã de Cooperação Internacional.

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HUMANIZAÇÃO

Atualmente o grande desafio desses profissionais é humanizar tanta quantidade de informação que ficou disponível. “Várias pesquisas com executivos do mundo inteiro têm identificado que uma das maiores preocupações dos CEOs hoje é em como transformar a enorme massa de dados disponível em estratégias de negócio. Segundo essas pesquisas, há dados e tecnologia, mas existe um gargalo de profissionais capazes de transformar dados em valor para o negócio”, afirma Edilene Santana Santos, coordenadora da graduação em Contabilidade, Finanças e Analytics da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV).

A coordenadora reforça o novo papel do uso de dados. “É necessário agregar essa nova massa aos dados contábeis tradicionais para melhorar a tomada de decisões de negócios”, diz Edilene, ao lembrar que a FGV lançou a graduação em Contabilidade, Finanças & Analytics para formar profissionais capazes de ocupar essa lacuna do mercado.

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PROGRAMAÇÃO E IA

O Fórum Econômico Mundial mapeou as oportunidades da nova economia e apontou inteligência artificial e dados, assim como engenharia e computação na nuvem, como alguns dos setores emergentes entre os anos de 2020 a 2022. Juntas, essas áreas seriam responsáveis por 28% das vagas de emprego em profissões em ascensão. Segundo o relatório, habilidades de tecnologia disruptivas serão fundamentais para o futuro do trabalho. Em outra publicação, as ocupações STEM (sigla em inglês para ações em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), em geral, aparecem como mais demandadas do que antes da pandemia. É o que aponta o relatório “O futuro do trabalho pós-covid” produzido pelo McKinsey Global Institute (MGI). Segundo a publicação, haverá mais foco nesta área conforme a população envelhece e a renda aumenta. Outra justificativa é a necessidade cada vez maior de pessoas com habilidades de criar, implementar e manter novas tecnologias. Nesse quesito, os programadores ganham foco. Para o professor Wagner Sanchez, pró-reitor do Centro Universitário Fiap, a programação será uma habilidade necessária nos próximos anos, independentemente da área de atuação profissional. “Todas as carreiras do futuro irão necessitar de tecnologia para serem exercidas. Ter conhecimentos em tecnologia é uma habilidade essencial em um mundo digital. Hoje, não basta saber usar computadores, criar textos, planilhas, usar internet. Aprender a programar não é útil apenas se você quiser ser um programador no futuro. Programar ajuda em outras habilidades, como resolver problemas, desenvolve o raciocínio lógico e contribui em outras disciplinas, como Ciências e Matemática. Além disso, programar é muito divertido”, afirma Sanchez.

Aula na Fiap: programação será uma habilidade necessária nos próximos anos, independentemente da área de atuação Foto: FIAP

DEFESA CIBERNÉTICA

Depois de estudar Engenharia de Minas, Engenharia Química e trabalhar com Medicina Chinesa, foi o universo da tecnologia que encantou Filipe Grahl, de 31 anos. Ele cursa Defesa Cibernética na Fiap e trabalha na área de threat intelligence (inteligência de ameaças) de uma empresa multinacional. “Entrei no curso e me apaixono cada vez mais pelas disciplinas, porque te desafia o tempo todo, você está sempre aprendendo algo novo. É como se tivesse um enigma em que se está sempre solucionando mistérios”, comenta Grahl. O estudante diz que a área com a qual se identifica mais é a de inteligência de ameaças “porque faz coleta de dados e transforma em inteligência”. “Dessa forma, colabora para complementar a defesa ou o entendimento sobre algum tipo de ataque ou vulnerabilidade de algum grupo cibercriminoso”, afirma. As outras áreas de atuação para o profissional formado em Defesa Cibernética são infraestrutura, teste de invasão, monitoramento de rede, além de inteligência à ameaça. Todas bem aquecidas no mundo do trabalho, de acordo com Grahl, que se impressionou quando foi buscar sua primeira oportunidade de estágio. “Surgiram quatro ofertas, basta ter conhecimento para entrar no mercado, saber o que está falando e entender o que está fazendo. Diferentes tecnologias são desenvolvidas a cada dia, e é necessário ter alguém para fazer as configurações desses ambientes de forma segura, mantendo as informações em sigilo.” “O analista de cibersegurança faz as defesas da empresa e providencia o que precisa configurar ou desenvolver para que os dados permaneçam resguardados e para que nenhum produto ou serviço seja comprometido por uma ameaça externa”, completa ele.

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Filipe Grahl observa que Defesa Cibernética cria cada vez mais oportunidades, com avanço em exigências de sigilo e segurança Foto: FIAP

EDUCAÇÃO

Além de criar tendências e afetar o mundo do trabalho, Wagner Sanchez acredita que a tecnologia pode ajudar a transformar o ensino. “É possível reinventar a educação e levá-la a outro patamar com o uso das tecnologias exponenciais já disponíveis e novos conceitos pedagógicos. Mas é claro que isto irá exigir uma profunda mudança de mindset (mentalidade). A educação deve fazer sentido para a vida do aluno, para que ele seja mais feliz, para que realize seus sonhos e se torne um cidadão atuante para a construção de um mundo melhor para todos”, afirma.