Universidade estrangeira vira opção de ensino de qualidade, com preço menor

Antes de fazer as malas, é preciso pesquisar bastante para encontrar uma opção que seja realmente vantajosa

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Vagas menos concorridas, modelos acadêmicos mais flexíveis e a possibilidade de conhecer outras culturas levam jovens brasileiros a sair do País para fazer faculdade. Em alguns casos, até mesmo os custos – da mensalidade e de vida – são atrativos no exterior. Mas, antes de fazer as malas, é preciso pesquisar bastante para encontrar uma opção que seja realmente vantajosa. 

Portugal tem sido um dos principais destinos dos universitários brasileiros por causa do idioma, pelo preço relativamente baixo dos cursos (entre 3 mil e 7 mil euros ao ano) e pela facilidade do processo de admissão. Em 2014, um acordo permitiu que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) fosse adotado como critério de seleção e, depois disso, cerca de 40 universidades e outros institutos superiores já aceitam a nota da prova. No primeiro semestre deste ano, dados oficiais mostram que 13.295 brasileiros estavam inscritos em cursos superiores do país. Além desses, havia outros 3.282 estudantes com nacionalidade portuguesa que concluíram o ensino médio no estrangeiro – muitos deles brasileiros com dupla cidadania.

EF Academy, nos Estados Unidos Foto: Divulgação/EF Academy

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Depois de vários anos sonhando em fazer algum intercâmbio para ter uma experiência com outras culturas, Giovanna Sá, de 19 anos, conseguiu realizar o desejo: há um ano ela estuda Artes Visuais no Instituto Universitário de Maia (Ismai), no norte de Portugal. “Pensei em fazer cinema na USP (Universidade de São Paulo), mas não conseguiria passar no vestibular. A mensalidade de uma faculdade privada em São Paulo sairia mais do que o dobro do que eu pago aqui. E o custo de vida em São Paulo também seria maior do que em Maia”, conta ela, que é de Santos, no litoral paulista. “Por tudo isso, quando acabei o colégio, percebi que tinha chegado a hora de sair.” 

Pela Europa. A mudança da casa dos pais para o outro lado do Atlântico não tem sido sempre fácil, mas Giovanna diz que foi a escolha certa. “Falo muito com minha mãe para matar a saudade e sempre lembro a mim mesma do porquê vim, do aprendizado que viver em outra cultura proporciona”, afirma a estudante. Giovanna vai aproveitar o programa Erasmus, que permite intercâmbio entre instituições de ensino da Europa com o aproveitamento de todos os créditos, para fazer um semestre na Croácia.

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Para o diretor-geral da unidade Pueri Domus Verbo Divino, Deivis Pothin, a vontade de sair do Brasil é natural porque o adolescente de hoje é “globalizado”. “Ele já é um cidadão global, conectado com o mundo, conhece youtuber de Cingapura, discute sobre o que está acontecendo em Barcelona”, diz. Pothin também defende que as boas escolas do País preparam para a faculdade tão bem quanto as internacionais. “Nossos alunos podem competir de igual para igual com alunos de qualquer outro país do mundo.” 

Embora estudar no exterior tenha vantagens, não é a melhor opção para todo mundo. “Tem de pensar se realmente vale a pena, por exemplo, fazer Publicidade em Portugal, sendo que o Brasil é um país premiado na área, com ótimas faculdades. Em carreiras que exigem validação de diploma, é ainda mais complicado. Quem faz Medicina, para atuar no Brasil, precisa fazer o Revalida (exame para validar o diploma), o que nem de longe é simples”, alerta Daniel Perry, coordenador do cursinho pré-vestibular Anglo. “Mas se o projeto é mesmo mudar de país, aí vale a pena em qualquer curso.”

Ao lado. Ainda que exista o desafio da validação do diploma, muito brasileiros decidem cursar Medicina na Argentina por não haver vestibular, nem mensalidade nas instituições públicas, como a Universidade de Buenos Aires. As únicas exigências são o certificado de ensino médio e uma prova de espanhol. O governo argentino não divulga o número de brasileiros matriculados nas faculdades locais, mas quem trabalha com o setor garante que o número vem crescendo. 

Thaís Fuertes, da assessoria Universitários Buenos Aires, conta que a saudade é a maior dificuldade dos jovens. “Quase sempre é a primeira vez em que estão saindo da casa dos pais e já vêm para uma cultura diferente, um clima mais frio. Quando têm a primeira reprovação, alguns desanimam, acham que não está valendo tanto esforço”, relata Thaís. Apesar dos desafios, ela garante que a maioria conclui o curso e, em geral, fica pela Argentina ou se muda para a Espanha, que aceita o diploma argentino. 

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Nos Estados Unidos, fluência no inglês e seleção desafiam

Ter portas – e vagas – abertas a estudantes estrangeiros é uma prática comum também em grandes universidades dos Estados Unidos. Em Yale, por exemplo, uma das mais bem conceituadas, os alunos de outros países são 22% do total do corpo discente. O processo de seleção e o domínio do inglês, contudo, costumam ser entraves para se matricular em uma delas, explica Natalia Nomura, diretora de Admissões da EF Academy. “Sair do País é uma decisão difícil, mas vemos que muita gente nem tenta por falta de informação mesmo.” 

João Pedro Pinto, de 22 anos, que acabou de se formar em Relações Públicas na Universidade do Sul da Flórida, conseguiu certa facilidade para o ingresso universitário porque, junto com o ensino médio brasileiro, sua escola, o Pueri Domus Verbo Divino, ofereceu o programa International Baccalaureate (IB), reconhecido por universidades de 140 países do mundo. Para ele, o principal atrativo foi o modelo diferente do ensino superior. “Não sabia o que queria fazer de faculdade, cheguei a prestar Direito mais porque meus pais são formados em Direito. Então comecei a procurar outras saídas”, conta. Nos Estados Unidos, as faculdades costumam oferecer um ciclo básico de disciplinas e, só mais tarde, o estudante decide no que vai se graduar. 

A decisão de sair do País, a princípio, assustou a família. “Quando falei em estudar fora, minha mãe entrou em pânico. Mas ela e meu pai viram como eu poderia ficar feliz e me apoiaram”, diz. Já nos Estados Unidos, para ajudar na adaptação, ele se envolveu nas atividades universitárias. “Eles fazem uma semana de orientação em que você conhece todo mundo que está chegando de fora. No primeiro ano, morei no câmpus. E trabalhei em duas instituições ligadas à universidade”, conta ele, que está empregado em uma dessas instituições até hoje. 

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