Universidades brasileiras viram exemplo na busca de metas da ONU

USP aparece em 10º entre 1.050 instituições avaliadas no apoio aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs)

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Por Luiza Wolf
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO - Universidades brasileiras entraram no esforço para ajudar a cumprir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para serem atingidos até 2030. O tema é tão importante que já há até rankings internacionais para medir essas ações, como o UI GreenMetric World University Rankings, criado pela Universitas Indonesia em 2010, no qual já aparecem as instituições nacionais.

Em 2022, a pesquisa seguiu o tema “ações coletivas para transformar universidades sustentáveis no período pós-pandemia” e avaliou seis quesitos para classificar as instituições de ensino: Configuração e Infraestrutura, Energia e Mudanças Climáticas, Resíduos, Água, Transporte, e Educação e Pesquisa. Ao todo, contemplou 1.050 universidades – dessas, 39 são brasileiras. E uma delas surge entre as principais: a Universidade de São Paulo (USP) ocupa a 10.ª posição da lista. “É um grande orgulho estar no GreenMetric”, diz Patricia Iglesias, superintendente de Gestão Ambiental da USP. “Eu já tinha assumido o cargo de superintendente em 2016, quando estávamos na 200.ª posição. Em 2018, nós montamos a política ambiental e, de lá para cá, fomos aperfeiçoando e subindo na lista.”

Entre as iniciativas, horta comunitária na Faculdade de Medicina. Foto: Cecília Bastos/Usp Imagem

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Não se trata de uma preocupação recente. O USP Recicla, por exemplo, foi implementado na década de 1990 e virou até tradição. “Toda vez que um aluno novo chega à universidade, fazemos a distribuição de canecas reutilizáveis”, diz Patricia. Mas com a Superintendência de Gestão Ambiental, criada em 2002, os esforços cresceram em gestão de resíduos, redução de carbono, descarte correto de lixo eletrônico, eficiência energética (com criação de projetos fotovoltaicos), horta comunitária na Faculdade de Medicina e conservação de reservas ecológicas.

E todas essas iniciativas podem contribuir para educação e pesquisa. “No câmpus de Ribeirão Preto, por exemplo, a floresta foi queimada e trabalhamos para recuperá-la. Hoje, ela é um banco genético de sementes nativas”, diz Patricia.

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A Universidade Federal de Lavras (UFLA) é a segunda brasileira no ranking, na 37.ª posição, e tirou nota máxima no quesito Educação e Pesquisa, além de pontuar bem nas outras categorias. “A universidade apresenta amplo número de disciplinas nos cursos de graduação e pós-graduação relacionadas ao tema sustentabilidade”, afirma Fátima Fia, diretora de Qualidade e Meio Ambiente. “Grande parte dos recursos disponíveis para o financiamento de pesquisas é destinada ao desenvolvimento de projetos para a preservação do meio ambiente. Temos um número elevado de publicações acadêmicas.”

Atualmente, a universidade mantém ações como tratamento de esgoto – com capacidade de 800m³ por dia –, processo próprio de captação, tratamento e distribuição de água, compostagem, usina solar e gestão de resíduos, entre outras iniciativas. Além disso, a UFLA possui 83% de sua área total coberta com floresta nativa e áreas verdes plantadas, com grande variedade de espécies. Para a preservação, a universidade conta com comissão formada por docentes dos Departamentos de Engenharia Florestal e de Engenharia Ambiental.

Praça do Relógio e do Prédio da Reitoria da USP, que está em 10º no ranking. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Mas as instituições se esforçam para não manter as ações sustentáveis apenas dentro de seu território – a ideia é sempre expandir os 17 objetivos da ONU para as comunidades. Entre as atividades abertas ao público, por exemplo, a USP é palco da Mostra Ecofalante de Cinema, que promove exibições de filmes e debates com o tema da sustentabilidade. A UFLA abre suas portas para que alunos de escolas públicas e particulares possam conhecer o câmpus e suas ações de preservação do meio ambiente.

“As ações que envolvem a comunidade em geral são muito importantes, pois fazem parte do papel educador da universidade, de fomentar a mudança de hábito das pessoas com embasamento científico”, afirma Simone Pellizon, prefeita universitária da UFABC. Ali, Simone participa ativamente da administração de uma usina fotovoltaica – e defende que esse projeto pode ser adotado por mais universidades. “É uma ação que envolve dificuldade menor”, diz. “Na UFABC, conseguimos construir o projeto ao definirmos uma ação conjunta que promova a união do corpo docente, técnico-administrativo e discente em torno de um mesmo objetivo”, diz.

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Entre as demais instituições no ranking mundial da sustentabilidade também aparecem o Instituto Geral de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, a Unicamp, a Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e os Centros Universitários Facens e do Rio Grande do Norte (UNI-RN), a Federal de Itajubá, a Universidade do Vale do Taquari e a Federal do Rio Grande do Sul.

Posição no ranking geral

10º - Universidade de São Paulo (USP)

37º - Universidade Federal de Lavras (UFLA)

70º - Instituto Geral de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS)

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74º - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

139º - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

198º - Centro Universitário Facens

233º - Centro Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-RN)

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240º - Universidade Federal de Itajubá

252º - Universidade do Vale do Taquari

272º - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

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