SÃO PAULO — A Universidade de São Paulo (USP) se manteve como a melhor instituição de ensino superior da América Latina, mas sete universidades brasileiras caíram de posição no ranking da revista britânica Times Higher Education (THE), referência mundial na análise de educação universitária. A edição de 2022 do levantamento foi divulgada na quarta-feira, 1º, com 59 representantes brasileiras. Pelo sexto ano consecutivo, a Universidade de Oxford, do Reino Unido, ocupou o primeiro lugar da lista.
O Instituto de Tecnologia da Califórnia e a Universidade de Harvard, ambos dos Estados Unidos, ficaram empatados na segunda posição. A Universidade de Stanford e a Universidade de Cambridge, respectivamente dos EUA e do Reino Unido, completam o top 5.
A avaliação considera 13 indicadores que medem o desempenho das instituições em pesquisa, qualidade de ensino, volume de citações em artigos científicos, projeção internacional, entre outros. Para esta edição, foram analisados dados que incluem 108 milhões de citações em mais de 14 milhões de publicações científicas em todo o mundo. Também foi feita uma pesquisa com 22 mil representantes acadêmicos.
Dificuldades orçamentárias, baixa internacionalização e barreiras burocráticas são apontadas por especialistas como entraves para o Brasil alcançar melhores colocações nesses rankings. A gestão Jair Bolsonaro vem sendo criticada por cortes de verba para as universidades e para a pesquisa. Procurado para comentar os resultados do ranking, o Ministério da Educação (MEC) ainda não se manifestou.
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — caiu da faixa 601-800, no ano passado, para 801-1.000;
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) — caiu da faixa 601-800, no ano passado, para 801-1.000;
- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) — caiu da faixa 601-800, no ano passado, para 801-1.000;
- Universidade de Brasília (UnB) —caiu da faixa 801-1.000, no ano passado, para 1.001-1.200;
- Universidade Estadual Paulista (Unesp) —caiu da faixa 801-1.000, no ano passado, para 1.001-1.200;
- Universidade Federal de Pelotas (UFPel) —caiu da faixa 801-1.000, no ano passado, para 1.001-1.200;
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) —caiu da faixa 801-1.000, no ano passado, para 1.001-1.200.
Para o reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar, "o resultado demonstra que a redução drástica e sistemática nos recursos para a ciência no país impacta enormemente o desempenho das grandes instituições públicas". Balthazar afirma que o levantamento não indica que a universidade deixou de ter qualidade e reconhecimento. "Mas sofremos nos últimos anos com a negligência do financiamento e isso tem efeitos devastadores."
A Ufpel também destacou a redução de investimentos na universidade. Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Flavio Demarco, apesar de a universidade de Pelotas ter contribuído com o maior estudo epidemiológico sobre a covid-19 no Brasil, houve diminuição no orçamento nos últimos anos.
O corte de verbas, diz Demarco, traz impactos à ciência e à publicação de pesquisas em periódicos internacionais, fator que conta para a boa avaliação da universidade. "Há uma fuga de cérebros. A cada dia temos dificuldade maior de fazer pesquisa." O prolongamento da pandemia no Brasil, segundo Demarco, também atrasou a retomada de aulas e atividades em laboratórios.
A Unesp informou que sua Comissão de Rankings está analisando os detalhes dos indicadores relacionados à classificação no ranking em questão "para entender os motivos desta oscilação específica". A UnB disse que não seria possível se posicionar até as 19 horas, prazo indicado pela reportagem, mas destacou avanços em outras avaliações internacionais. Já a PUC-Rio afirmou que não comentaria os resultados do ranking THE. Também procuradas, a Unifesp e a UFRJ não se manifestaram.
Pesquisas sobre covid
Com a pandemia de covid-19 em andamento, as classificações do ranking refletiram o papel das universidades na compreensão e gerenciamento da crise sanitária. Instituições que desenvolveram pesquisas sobre a pandemia tiveram aumento significativo em suas pontuações. Saiu da Universidade de Oxford, primeira colocada da lista, a vacina contra covid da AstraZeneca, uma das mais utilizadas em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Outras universidades focadas em Saúde subiram de posição em relação ao ano passado graças a pesquisas sobre covid. Entre elas, representantes da China, onde a pandemia teve origem, do Taiwan e da Arábia Saudita. De modo geral, nunca antes tantos países entraram no ranking. Ao todo, foram 1.662 universidades de 99 países e regiões, 136 a mais que no ano passado.
Segundo Phil Baty, editor da revista, será "interessante observar como Estados Unidos, Reino Unido e outros sistemas educacionais líderes poderão responder aos desafios da covid-19, incluindo atrair talentos acadêmicos internacionais e os possíveis impactos profundos no financiamento para manter suas posições".
No Brasil, as instituições de ensino superior tiveram de restringir o uso da sua estrutura física, incluindo laboratórios e bibliotecas, para respeitar as regras de quarentena, uma das estratégias para frear o avanço do coronavírus. A maior parte das instituições de ensino superior ainda não retomou totalmente as atividades presenciais.
O destaque este ano ficou com a China, que vem subindo rapidamente de colocação nas últimas edições do levantamento. O país asiático alcançou sua melhor posição até hoje, com duas universidades empatadas em 16.º lugar e 10 entradas no top 200. Japão, Coreia do Sul, Rússia, Cingapura, Nova Zelândia e Hong Kong também tiveram seus melhores resultados da história.
Já a América Latina bateu recorde de representação no ranking, com 125 universidades. O Brasil foi o país com o maior número de estreantes da região, com nove instituições incluídas na lista pela primeira vez, todas abaixo da 1.201ª posição.
Confira, abaixo, todas as universidades brasileiras que entraram no ranking.
- Universidade de São Paulo (USP) — posição: 201-250;
- Universidade de Campinas (Unicamp) — posição: 401-500;
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — 601-800;
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) — posição: 601-800;
- Universidade Federal de Sergipe (UFS) — posição: 601-800;
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — posição: 801-1.000;
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) — posição: 801-1.000;
- Universidade de Fortaleza (Unifor) — posição: 801-1.000, subiu em relação ao ano passado;
- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) — posição: 801-1.000;
- Universidade de Brasília (UnB) — posição: 1.001-1.200;
- Universidade Estadual Paulista (Unesp) — posição: 1.001-1.200;
- Universidade Federal do ABC (UFABC) — posição: 1.001-1.200;
- Universidade Federal de Pelotas (UFPel) — posição: 1.001-1.200;
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — posição: 1.001-1.200;
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) — posição: 1.001-1.200;
- Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)— posição: 1.001-1.200;
- Universidade de Caxias do Sul — posição: 1.201+;
- Universidade Estadual do Ceará (UECE) — posição: 1.201+;
- Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) — posição: 1.201+;
- Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC) — posição: 1.201+;
- Universidade Estadual de Maringá (UEM) — posição: 1.201+;
- Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal da Bahia (UFBA) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Ceará (UFC) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Goiás (UFG) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Itajubá (Unifei) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Lavras (UFLA) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Maranhão (UFMA) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Pará (UFPA) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Paraná (UFPR) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Piauí (UFPI) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) — estreante, posição: 1.201+;
- Universidade Federal Rural do Semi-Árido ((UFERSA) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Tocantins (UFT) — estreante, posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Uberlândia (UFU) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) — estreante, posição: 1.201+;
- Universidade Federal de Viçosa (UFV) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal Fluminense (UFF) — posição: 1.201+;
- Universidade Estadual de Londrina (UEL) — posição: 1.201+;
- Universidade Presbiteriana Mackenzie — estreante, posição: 1.201+;
- Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) — estreante, posição: 1.201+;
- Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) — posição: 1.201+;
- Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) — posição: 1.201+;
- Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) — estreante, posição: 1.201+;
- Universidade Nove de Julho (Uninove) — estreante, posição: 1.201+;
- Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) — posição: 1.201+;
- Unisinos — posição: 1.201+;
- Universidade de Passo Fundo (UPF) — estreante, posição: 1.201+;
- Universidade de Pernambuco (UPE) — estreante, posição: 1.201+;
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